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Política
ANÁLISE

Analistas indicam condenação dos réus do núcleo 1 da trama golpista

Os dois primeiros dias do julgamento colocaram os advogados de defesa em papéis muito difíceis. E dias ainda mais complexos estão por vir

Com informações de Mariana de Sousa

Publicado: 04/09/2025 às 22:57

Dia 1 do julgamento da Trama Golpista/Foto: Gustavo Moreno/STF

Dia 1 do julgamento da Trama Golpista (Foto: Gustavo Moreno/STF)

A conclusão da primeira semana do julgamento dos oito acusados do “núcleo crucial” da trama golpista pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se resume a dois dias “recheados de provas muito fortes”, na avaliação da cientista política Hely Ferreira. Análise corroborada pela também cientista política, Priscila Lapa:“Não houve surpresas ou fatos novos, o que leva a crer que o resultado será a condenação de todos”.

Os dois primeiros dias do julgamento colocaram os advogados de defesa em papéis muito difíceis. E dias ainda mais complexos estão por vir, na continuidade das sessões, nos dias 9, 10 e 12 - este último, quando deve ser proferida a sentença dos oito réus, inclusive do ex-presidente Jair Bolsonaro, que respondem por crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

No lado da acusação, o procurador geral da república, Paulo Gonet, teve o cuidado de contextualizar a denúncia. “Fez questão de apontar os elementos contextuais para evidenciar que não se trata de fatos isolados, mas de uma "trama", com fatos encadeados”. Para Hely Ferreira, a dificuldade da acusação esteve em destacar a participação de cada um dos réus, “porque a pena tem que ser atribuída a partir da participação de cada um, em o que cada um contribuiu para o fato”.

Sobre a atuação incisiva do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, Priscila Lapa descreveu que ele demonstrou “não esta intimidado por qualquer tipo de pressão” e que os ministros do Supremo se mantiveram com uma postura afirmativa, “sem parecer que estavam intimidados”. Uma fala sem novidades, mas firme.

Para Fabio Andrade, cientista político e professor do curso de Relações Internacionais da ESPM, após os dois primeiros dias, chama a atenção sobretudo o comportamento das defesas dos réus que circulam Bolsonaro, que “acabam assumindo que havia uma demanda presidencial para uma articulação que não reconhecesse o resultado das eleições que tivesse um cenário alternativo”. Na base destas defesas, Andrade aponta que todos os advogados acabaram “se afiançando e entrelaçando” nos argumentos de que “não houve efetivação ou não houve resultado de forma prática” das movimentações golpistas, além da tentativa de reforçar perante a opinião pública a imagem de que o julgamento não é isento.

Andrade também enfatiza que todos os advogados reclamaram de aspectos do processo durante suas sustentações orais, tentando “mostrar falhas do sistema judiciário”. “Pode parecer uma tecnicidade, mas acho que tem aspectos mais severos por trás, como a dificuldade de fazer defesa, seja pela desorganização dos documentos, seja pela quantidade de documentos”, avalia. “Ainda que já estejamos diante do Supremo Tribunal Federal, acredito que essa validação tenta buscar ou preparar o terreno para possíveis avaliações futuras como embargos declaratórios”, destaca.

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