"A Justiça é cega, mas não é tola", repete Alexandre de Moraes ao decretar prisão domiciliar de Bolsonaro
Ministro Alexandre de Moraes decretou prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após desrespeito a cautelares impostas pelo STF
Publicado: 04/08/2025 às 18:55

AFPEx-presidente Jair Bolsonaro (SERGIO LIMA/AFP)
Ao decretar a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira (4), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que o ex-presidente desrespeitou as medidas cautelares impostas pela Justiça, como a proibição de se manifestar pelas redes sociais.
Na decisão, à qual o Diario de Pernambuco teve acesso, Moraes afirma que Bolsonaro “produziu material para publicação nas redes sociais de seus três filhos e todos os seus apoiadores políticos” já após começar a usar tornozeleira eletrônica. Para o ministro, a ação teria teria “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques” contra o STF.
“A Justiça é cega, mas não é tola”, escreveu o ministro, na decisão. “A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico”, disse. “A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares – pela segunda vez – deve sofrer as consequências legais”.
No documento, o ministro afirma que Bolsonaro fez discurso a apoiadores, postado na rede do filho 01, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Também cita que o ex-presidente realizou ligação telefônica, por chamada de vídeo, com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), durante os atos de seus apoiadores no domingo (3).
“O flagrante desrespeito às medidas cautelares foi tão óbvio que, repita-se, o próprio filho do réu, o Senador Flávio Nantes Bolsonaro, decidiu remover a postagem realizada em seu perfil, na rede social Instagram, com finalidade de omitir a transgressão legal”, registrou.
Novas medidas
Além da prisão preventiva, Moraes proibiu que Bolsonaro use celular – “diretamente ou por intermédio de terceiros” – e vetou visitas ao ex-presidente, exceto por advogados regularmente constituídos ou de pessoas autorizadas pelo STF.
Os visitantes autorizados também ficam “expressamente proibidos de utilizar celulares, tirar fotos ou gravar imagens”. O ministro determinou, ainda, nova busca e apreensão no endereço de Bolsonaro.
“O descumprimento das regras da prisão domiciliar ou de qualquer uma das medidas cautelares implicará na sua revogação e na decretação imediata da prisão preventiva”, escreveu.
A decisão ocorre no âmbito do inquérito que investiga supostas ações da família Bolsonaro para incentivar sanções dos Estados Unidos para chantagear o STF, responsável por julgar a trama golpista.

