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Política
Operação da PF

Bolsonaro enviou R$ 2 milhões ao filho Eduardo para ataques contra o Brasil, diz investigação

Ex-presidente Jair Bolsonaro é alvo de operação da PF e vai usar tornozeleira eletrônica

Felipe Resk

Publicado: 18/07/2025 às 10:23

Eduardo Bolsonaro (dir.) é deputado federal pelo PSL de São Paulo (Foto: Agência Câmara)/

Eduardo Bolsonaro (dir.) é deputado federal pelo PSL de São Paulo (Foto: Agência Câmara) ()

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria enviado R$ 2 milhões para financiar a operação liderada pelo filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), nos Estados Unidos, contra o Brasil e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo investigação da Polícia Federal (PF). Alvo de operação nesta sexta-feira (18), o ex-presidente vai usar tornozeleira eletrônica por ordem do ministro Alexandre de Moraes, da Suprema Corte.

A suspeita da PF é que os atos da família Bolsonaro tenham resultado em sanções concretas dos Estados Unidos contra o país – a exemplo do tarifaço, de 50%, imposto por Donald Trump a importações brasileiras. Segundo o inquérito, as ações da família Bolsonaro teriam como objetivo pressionar pela anistia da trama golpista, em julgamento no STF, na qual o ex-presidente é acusado de liderar a organização criminosa.

Moraes cita, na decisão, uma manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que foi favorável às medidas cautelares contra Bolsonaro. Nesta semana, o órgão também pediu a condenação do ex-presidente pela tentativa de golpe.

“A convergência de propósitos para obstruir o curso do processo, enfim, é reforçada pelo depoimento prestado por JAIR MESSIAS BOLSONARO nos autos do Inquérito n. 4995, em que admitiu que, aproximadamente dois meses antes, mais precisamente no dia 13.5.2025, repassou ao investigado Eduardo Bolsonaro a quantia de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), via transferência bancária, quando ele já se encontrava no exterior, em plena ação das atividades ilícitas”, diz o órgão.

Na operação, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do ex-presidente, em Brasília, e em endereços ligados ao PL. Os policiais apreenderam dinheiro vivo, em dólar e em real, além do celular do ex-presidente.

Cautelares

Bolsonaro é investigado pelos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e atentado à soberania nacional.

Ao aplicar as cautelares contra o ex-presidente, Moraes afirmou que a conduta dele seria "tão grave e despudorada" que o ex-presidente "confessou sua consciente e voluntária atuação criminosa na extorsão que se pretende contra a Justiça brasileira, condicionando o fim da 'taxação/sanção' à sua própria anistia".

Por ordem do ministro do STF, Bolsonaro passa a ser obrigado a usar tornozeleira eletrônica. Bolsonaro está proibido, ainda, de usar as redes sociais, não pode manter contato com embaixadores e diplomatas estrangeiros e deve ficar em casa entre 19h e 7h. As medidas teriam como objetivo evitar fuga do ex-presidente.

Em nota, a defesa de Bolsonaro classificou as medidas como “severas” e afirmou que as recebeu com “surpresa e indignação”.

“A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário”, diz o texto, assinado pelo advogado Celso Vilardi.

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