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Ex-presidente

Áudios mostram Bolsonaro articulando CPI contra o Supremo

Nas gravações, o ex-presidente e agora réu no STF pressiona aliados a assinarem pedido de CPI; também critica a imprensa, comenta apoio do agro e trata de viagem oferecida por ex-embaixador de Israel

Correio Braziliense

Publicado: 28/07/2025 às 12:35

As mensagens foram encontradas em um dos celulares apreendidos pela PF em 2023. Mais recentemente, uma nova operação resultou na apreensão de outro aparelho de Bolsonaro, que permanece sob análise da corporação/Foto: AFP

As mensagens foram encontradas em um dos celulares apreendidos pela PF em 2023. Mais recentemente, uma nova operação resultou na apreensão de outro aparelho de Bolsonaro, que permanece sob análise da corporação (Foto: AFP)

Na manhã desta segunda-feira (28/7) vieram a público áudios do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em que ele orienta aliados políticos a assinarem um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o Supremo Tribunal Federal (STF). As conversas, localizadas pela Polícia Federal em 2023 durante uma das operações que apreenderam o celular do ex-presidente, lançam luz sobre bastidores de articulações políticas conduzidas por Bolsonaro mesmo após deixar o cargo.

 

Em um dos trechos, o ex-presidente, dialoga com o deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), incentivando o parlamentar a assinar a CPI de abuso de autoridade que tinha como alvo os ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No áudio, Hélio expressa receio em aderir ao movimento, temendo consequências jurídicas para o próprio Bolsonaro:

“Boa noite, presidente. A galera está me pressionando aí porque Eduardo, todo mundo, assinou essa CPI de abuso da autoridade do TSE e do STF. E eu não assinei até agora porque não queria entrar nessa bola dividida, com medo de prejudicar até o senhor mesmo nas decisões lá. O que você acha aí, mais ou menos?”, diz Hélio Lopes, segundo divulgou o Estadão. Apesar da hesitação, o deputado acabou aderindo à iniciativa.

Os áudios também registram reclamações de Bolsonaro sobre reportagens que o acusam de envolvimento no caso das joias e de corrupção, além do incômodo por ser frequentemente rotulado como “extrema direita”.

Outro ponto curioso dos diálogos é o convite feito ao ex-presidente pelo ex-embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, para uma viagem com tudo pago ao país do Oriente Médio. A oferta seria para passar 14 dias em Israel, mas não há confirmação de que Bolsonaro tenha aceitado.

Em outro momento, Bolsonaro demonstra preocupação em manter o apoio do agronegócio, setor-chave de sua base política, especialmente no início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As mensagens foram encontradas em um dos celulares apreendidos pela PF em 2023. Mais recentemente, uma nova operação resultou na apreensão de outro aparelho de Bolsonaro, que permanece sob análise da corporação.

Réu no STF, Bolsonaro está atualmente sob medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes. O ex-presidente usa tornozeleira eletrônica, tem restrições de horários e deslocamentos, está proibido de acessar redes sociais e não pode manter contato com o filho Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos licenciado do mandato de deputado federal.

As informações são do Correio Braziliense.

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