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Revolta de aliados e cautela do Governo Lula: veja repercussão da ação contra Bolsonaro

Ex-presidente foi alvo de operação da Polícia Federal e está utilizando tornozeleira eletrônica por determinação de Alexandre de Moraes

Guilherme Anjos

Publicado: 18/07/2025 às 17:18

Jair Bolsonaro/EVARISTO SA / AFP

Jair Bolsonaro (EVARISTO SA / AFP)

As ações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) e obrigado a usar tornozeleira eletrônica, têm gerado revolta dos aliados do ex-mandatário nas redes sociais. O Governo Lula, no entanto, aborda o caso com cautela. As medidas foram impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Por determinação de Moraes, Bolsonaro também não pode deixar sua residência entre as 19h e 7h; não pode entrar em contato com o seu filho Eduardo Bolsonaro, que pediu licença do mandato de deputado federal e está morando nos Estados Unidos; e está proibido de contatar embaixadores e diplomatas estrangeiros.

Filhos de Bolsonaro

Os quatro filhos de Jair Bolsonaro se manifestaram em apoio ao pai através da rede social X, o antigo Twitter. Para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho ‘01’, o ministro Moraes faz “inquisição” contra o ex-presidente.

“Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes para tomar medidas totalmente desnecessárias e covardes. Típico de uma inquisição, que já tem a sentença final pronta antes mesmo de começar”, publicou.

Vereador pelo Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL-RJ), ‘02’, frisou que seu pai é um “homem honesto”, e que o sistema brasileiro pune injustamente quem o apoia.

“É impossível não se revoltar com tudo o que está acontecendo no Brasil, onde milhares de brasileiros são injustamente censurados, presos, condenados com penas desproporcionais, exilados e em alguns casos até mesmo mortos, simplesmente por apoiar meu pai e discordar desse sistema podre”, escreveu Carlos. “O autoritarismo não irá prosperar”, completou.

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ‘03’, acusou Moraes de “censura e coerção”.

“Não bastasse ordenar censura e medidas de coerção contra o maior líder político do Brasil – alguém que nunca se furtou a cumprir decisões judiciais e sempre participou do processo legal – a decisão desta vez se apoia num delírio ainda mais grave: acusações construídas com base em ações legítimas do governo dos Estados Unidos, iniciadas logo após o anúncio das tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil”, declarou.

Vereador por Balneário Camboriú, Jair Renan (PL-SC), ‘04’, expressou orgulho do pai.

“Hoje mais do que nunca, quero te dizer que tenho orgulho da tua coragem, da tua trajetória e da forma como enfrenta cada injustiça com fé e firmeza. Muita gente pode tentar apagar tua história, mas o Brasil sabe quem és: um homem que sempre lutou pela liberdade, pela verdade e pelo povo brasileiro”, escreveu.

Aliados

O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou, na rede social X, que não conhece “ninguém que ame mais este país, que tenha se sacrificado mais por uma causa, quanto Jair Bolsonaro”.

“Não imagino a dor de não poder falar com um filho. Mas se as humilhações trazem tristeza, o tempo trará a justiça. Não haverá pacificação enquanto não encontrarmos o caminho do equilíbrio. Não haverá paz social sem paz política, sem visão de longo prazo, sem eleições livres, justas e competitivas”, completou.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL) comparou o sistema brasileiro com o venezuelano ao repudiar as medidas cautelares determinadas por Moraes. “Busca e apreensão, tornozeleira, proibição de falar com embaixadores, diplomatas e até com o próprio filho Eduardo. Isso tudo um dia após Bolsonaro receber uma carta de apoio de Trump. Venezuela está com inveja”, escreveu no X.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, considerou a ação da PF “desproporcional”. “O PL considera a medida determinada pelo Supremo Tribunal Federal desproporcional, sobretudo pela ausência de qualquer resistência ou negativa por parte do presidente Bolsonaro em colaborar com todos os órgãos de investigação”, disse, em nota.

Já o senador Sergio Moro (União Brasil) – que foi ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro, mas deixou o governo após atritos – também defendeu o ex-mandatário nas redes sociais ao afirmar que “Lula não sofreu restrições em sua liberdade de se comunicar ou se manifestar publicamente antes do seu julgamento”.

“É um precedente perigoso fazer isso com o ex-Presidente Bolsonaro ou contra qualquer acusado. Ressalvo que sou absolutamente contrário às tarifas impostas ao Brasil por serem injustas e arbitrárias”, complementou.

Governo Lula

Segundo informações da Folha de S. Paulo, os ministros Sidônio Pereira (Secretaria de Comunicação) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) têm orientado o Governo a ter cautela ao se manifestar sobre as ações contra Bolsonaro.

A própria Hoffmann havia ironizado o caso nas redes sociais, mas a publicação foi apagada. Ela disse que foi erro da sua equipe de comunicação, e que o assunto não deveria ser motivo de piada. A ministra, no entanto, fez um novo post criticando a fala de Tarcísio de Freitas.

“Não tem autoridade para falar em pacificação quem, como o governador Tarcísio, defendeu a guerra tarifária, as sanções e ataques de Donald Trump contra o Brasil, resultantes da conspiração de Bolsonaro, seu filho Eduardo Bolsonaro e seus cúmplices nos EUA”, disparou.

Em nota, os senadores pernambucanos Humberto Costa e Teresa Leitão também defenderam a decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes.

“Era esperado que medidas cautelares fossem adotadas para impedir novas tentativas de obstrução da justiça, coação processual e articulações que colocam em risco a soberania nacional”, disse Leitão.

“A ação da Polícia Federal escancara o nível de envolvimento do ex-presidente em tramas antidemocráticas”, afirmou Costa.

Líder do PT na Câmara, o deputado federal Lindbergh Farias celebrou a imposição da tornozeleira eletrônica para Bolsonaro.

“Essa é uma medida fundamental para impedir que ele fuja do Brasil, como já vínhamos defendendo em diversas representações à Procuradoria-Geral da República e ao STF. Bolsonaro vai pagar por todos os seus crimes. Grande dia”, publicou, nas redes sociais.

O presidente Lula (PT) passou a manhã desta sexta em evento no município de Missão Velha, no Ceará. Ele não citou o caso de Bolsonaro no discurso, mas reforçou que será candidato nas eleições de 2026, e que não vai “entregar este país de volta para aquele bando de malucos, que quase destrói esse país nos últimos anos".

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