Gilson Filho critica Anderson e expõe racha no PL: "Alimenta conflito interno"
Anderson Ferreira e Gilson Machado divergem sobre o direcionamento do Partido Liberal desde o início do ano, mas briga perdeu sutileza nos últimos dias
Publicado: 15/07/2025 às 16:35

Vereador recifense Gilson Filho saiu em defesa do seu pai, ex-ministro Gilson Machado, após críticas do presidente estadual do PL, Anderson Ferreira (Fotos: Julianne Guimarães/Divulgação; Comunicação PL/Divulgação)
O vereador do Recife Gilson Filho expôs o racha no diretório pernambucano do PL ao responder às críticas feitas pelo presidente estadual do partido, Anderson Ferreira, ao seu pai, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, na última segunda-feira (14). Ele acusou o dirigente do partido de “alimentar conflito interno” diante da disputa eleitoral de 2026 e de não oferecer apoio enquanto a família Machado “atravessa um processo de perseguição”.
No texto, o vereador faz referência ao episódio em que Gilson Machado foi preso pela Polícia Federal (PF), em junho, por supostamente ajudar o tenente-coronel Mauro Cid, réu pela trama golpista, a obter passaporte português. Ele não chegou a dormir na cadeia.
"Em um momento tão delicado para minha família, com meu pai enfrentando dificuldades pessoais e políticas, ficamos surpresos e entristecidos com as palavras de Anderson Ferreira. Todos sabem que estamos atravessando um processo de perseguição, como muitos outros membros da direita, e a falta de apoio nesse momento só aumenta a sensação de injustiça”, escreveu, em nota.
Gilson Machado se coloca como pré-candidato ao Senado Federal desde o início deste ano, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem é amigo pessoal. A movimentação desagradou Ferreira – também cotado para a vaga de senador – que defende a unidade em torno de um único nome do Partido Liberal à Casa Alta.
“Um projeto pessoal não pode se sobrepor a um projeto partidário e de direita. Você se autointitular candidato é um equívoco”, disparou Anderson, em entrevista à Rádio Folha, na segunda-feira (14).
Ao rebater a fala, Gilson Filho citou “ataques internos” na legenda. “Meu pai sempre defendeu a unidade no partido e tem buscado a paz. No entanto, vale deixar claro que o partido tem duas vagas para o Senado, e não há problema algum em haver mais de um nome disputando esse espaço”, diz. “Devemos trabalhar juntos para que a direita se fortaleça, em vez de nos atacarmos internamente”.
Palanques em 2026
Além das divergências quanto ao Senado, os líderes do PL em Pernambuco discordam sobre as alianças costuradas por seus grupos políticos.
Anderson Ferreira já coleciona aparições em eventos partidários da governadora Raquel Lyra (PSD), e chegou a “ceder” a primeira-dama de Jaboatão dos Guararapes, Andrea Medeiros, ao PSD. Ela é cunhada do deputado federal André Ferreira (PL), irmão de Anderson.
O discurso do presidente estadual do PL em tom de aliança no ato de filiação de Raquel ao Partido Social Democrata gerou críticas de Gilson Machado. “Não havia representante da direita com Raquel, mas tinha dois ministros de Lula. E eu notei Anderson Ferreira muito confortável ao lado deles. O DNA dele é de centro-esquerda”, disparou o ex-ministro, à época.
A ausência de Anderson e seu grupo político na passagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Pernambuco no início deste ano também foi criticada por Machado, que apontou a presença de políticos de outros partidos da direita, reforçando o caráter pluripartidário do bolsonarismo.
Desde então, o discurso de Anderson Ferreira sobre suas alianças para 2026 não mudou: ele estará do lado contrário do presidente Lula (PT), e não subirá em palanques associados ao petista.
Anderson disse que Gilson é “egocêntrico”
O Diario de Pernambuco procurou a assessoria de Anderson Ferreira, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.
Na entrevista em que criticou os Machado, Ferreira relembrou que a dissonância entre a família e o planejamento do PL em Pernambuco já era observada no pleito municipal do ano passado.
Segundo o dirigente, Gilson teria “lutado para ser candidato” a prefeito do Recife apesar de reconhecer a alta possibilidade de derrota. “Sabia que não teria chance, mas é um egocêntrico”, afirmou.
Também incomodou o presidente do PL o fato de Gilson ter lançado seu filho à Câmara Municipal do Recife apesar de haver uma estratégia no partido de investir em vereadores que já tinham mandato. À época, o ex-ministro chegou a vir a público para criticar a falta de apoio financeiro da legenda para Gilson Filho.
“Recebeu R$ 6 milhões do fundo partidário e alegou que não teve ajuda do partido. Queria os R$ 9 milhões e agrediu o presidente nacional [Valdemar Costa Neto], dizendo que não cumpria a palavra. Tive que fazer papel de bombeiro”, acrescentou Anderson.

