Cinema Blade Runner 2049 se equipara ao original. Confira a crítica e entrevista com Jared Leto Ator revelou ao Viver que novas sequências poderão ser feitas, a depender do sucesso do revival

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 05/10/2017 21:40 Atualizado em: 05/10/2017 22:22

Expressão contida na atuação de Ryan Gosling casa bem com o papel do sisudo policial K. Foto: Sony Pictures/Divulgação
Expressão contida na atuação de Ryan Gosling casa bem com o papel do sisudo policial K. Foto: Sony Pictures/Divulgação

Rio de Janeiro – A árdua tarefa de dar continuidade ou revisitar um filme ou franquia consagrada não raro se mostra algo dispensável. Blade runner 2049, sequência da obra cult de Ridley Scott lançada em 1982, parecia tanto dispensável quanto arriscada. Dirigida por Denis Villeneuve, a continuação, em cartaz nos cinemas a partir de hoje, mostra-se ótima exceção e honra muito bem o material original.

Denis Villeneuve já se provou hábil com ficção científica no ótimo A chegada (2016) e reafirma a vocação em seu novo trabalho. O cineasta, aliás, tem mais uma incursão pelo gênero programada: no início do ano, foi anunciado como diretor da nova versão cinematográfica de Duna, baseada na série de livros de Frank Herbert e adaptada anteriormente por David Lynch.

Situada três décadas após os acontecimentos do primeiro filme, a história escrita por Hampton Fancher, roteirista do longa anterior, tem como protagonista um novo personagem, o policial K (Ryan Gosling). O agente, um blade runner, profissional responsável por dar cabo dos replicantes, criaturas idênticas a humanos criadas a partir de engenharia genética. Concebidos como mão de obra a ser explorada em tarefas árduas, os seres são uma espécie de escravos modernos e parte deles acabou se rebelando, o que motivou a ordem de extermínio desses androides.

A premissa é praticamente a mesma da produção original, com a diferença de que o caçador de replicantes era Deckard (Harrison Ford). O longa dirigido por Villeneuve, no entanto, não se limita a reprisar o mote do filme oitentista, por sua vez inspirado no romance Androides sonham com ovelhas elétricas? (Aleph, 336 páginas, R$ 79,90), de Philip K. Dick (1928 -1982). Em uma missão aparentemente corriqueira, o novo personagem central esbarra em um segredo relacionado a Deckard e sai em busca do antigo caçador de androides, desaparecido há três décadas.
Para ficar mais convincente no papel, Leto usou lentes de contato opacas no set e ficou sem enxergar. Foto: Sony Pictures/Divulgação
Para ficar mais convincente no papel, Leto usou lentes de contato opacas no set e ficou sem enxergar. Foto: Sony Pictures/Divulgação

Outro elemento novo, e importante, da continuação é o cientista/empresário Niander Wallace (Jared Leto). Figura à frente da Tyrell Corporation, companhia que idealizou os primeiros replicantes, o personagem de Leto é o responsável pela nova geração dos seres e sinaliza motivações pouco nobres na empreitada. Sendo o próprio K um replicante moderno e, aparentemente, aperfeiçoado para não ser capaz de rebelar-se, a nova trama volta a questionar definições sobre humanidade e livre-arbítrio.
 
Blade runner passou longe de ser sucesso de bilheteria ou unanimidade de crítica à época do lançamento, em 1982, mas alçou status de clássico moderno. Com o universo e nome muito bem-estabelecidos, a nova produção deve se sair melhor comercialmente e tem potencial para adquirir o mesmo tipo de áurea mítica.

Visualmente impecável, Blade runner 2049 recria com apuro a estética estabelecida no primeiro filme, mas com os recursos digitais de hoje. Sombria e tecnológica, a Los Angeles futurista é mais vívida e impressionante nesta versão, embora igualmente familiar. A nova trilha sonora, de Benjamin Wallfisch e Hans Zimmer, remete bem ao clima soturno dos temas instrumentais originais, de Vangelis. Ryan Gosling entrega um protagonista diferente o bastante de Deckard. A falta de expressão do ator, às vezes problemática em certos papéis, casa bem com o personagem. Sylvia Hoeks, como a replicante Luv, se sai uma interessante antagonista ao lado de Leto, também ótimo no papel de vilão. Destaque também para Ana de Armas como Joi, inteligência artificial e interesse amoroso de K.

Injusta mas difícil de evitar, a comparação entre os filmes é, de fato, infrutífera. No entanto, Blade runner 2049 está, no mínimo, no mesmo patamar do filme original. E isso é um tremendo elogio. 

*O repórter viajou a convite da Sony Pictures

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