Cinema Açúcar, filme de Renata Pinheiro e Sergio Oliveira, tem boa recepção no Festival do Rio Aplaudido após a sessão, longa dos diretores pernambucanos está na mostra competitiva Première Brasil

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 10/10/2017 21:26 Atualizado em: 10/10/2017 21:16

Protagonista, Jinkins fez provavelmente a melhor atuação da carreira. Foto: Aroma Filmes/Divulgação
Protagonista, Jinkins fez provavelmente a melhor atuação da carreira. Foto: Aroma Filmes/Divulgação

Rio de Janeiro - O passado escravocrata do Brasil é evocado em Açúcar, novo filme do casal pernambucano Renata Pinheiro e Sergio Oliveira (Amor, plástico e barulho), exibido pela primeira vez no Festival do Rio, que segue até domingo na capital carioca. O título ainda não tem data de estreia nacional ou exibição no circuito do Recife.

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Exibido dentro da mostra competitiva Première Brasil, Açúcar teve boa recepção e foi bastante aplaudido ao fim da sessão de estreia no Festival. A trama é estrelada por Maeve Jinkins, no papel de Maria Bethânia Wanderley, herdeira de um engenho de cana decadente próximo ao desaparecimento. Ao se mudar para o local, ele tem um choque ao perceber que trabalhadores locais não mostram subserviência a ela e que eles têm conseguido prosperar econômica e socialmente.

Racista, Bethânia vê como afronta o fato de trabalhadores que, no passado serviram aos seus familiares, estejam se organizando de forma independente do engenho, por ora cheio de dívidas e quase em ruínas. "O Brasil precisa pensar sobre os resquícios da escravidão, algo que de certa forma modelou a nossa sociedade", diz a diretora sobre uma das questões centrais do longa.
Casal divide a direção e roteiro do filme. Foto: Aroma Filmes/Divulgação
Casal divide a direção e roteiro do filme. Foto: Aroma Filmes/Divulgação

"A Zona da Mata tem um passado forte, área de muitos conflitos sociais", ressalta Pinheiro. O mal-estar de Bethânia, representado com excelência por Maeve, ganha contornos mais intensos com a chegada de sua madrinha, interpretada por Magali Biff, que oferece com maestria um personagem ainda mais detestável e racista, que mostra dissimulada cordialidade para com os trabalhadores locais. Além dessa dupla, merece destaque a atuação de Dandara de Morais como uma das trabalhadoras.  

Incisivo, o longa de Renata e Sérgio fala sobre a permanência do racismo através de um comentário à respeito da aristocracia rural do país. Simbolicamente poderoso, o filme traz um tema urgente e necessário. Porque embora a casa grande esteja em ruínas, o preconceito ainda parece longe de ter fim.

*O repórter viajou a convite da organização do evento


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