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Cinema Walter Carvalho discute mistérios da sétima arte em documentário poético Diretor conversou com cineastas nacionais e internacionais ao longo de 14 anos que envolveram a produção do filme

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 24/08/2017 19:50 Atualizado em: 24/08/2017 17:50

Carvalho aborda aspectos técnicos do ofício com diversos realizadores. Foto: ArtHouse/Divulgação
Carvalho aborda aspectos técnicos do ofício com diversos realizadores. Foto: ArtHouse/Divulgação

Um dos grandes nomes do audiovisual brasileiro, o diretor e fotógrafo Walter Carvalho se dedica, em seu novo documentário à discutir a sétima arte. Um filme de cinema, em exibição no Cinema da Fundação/Museu, é nas palavras do realizador, uma "reflexão sobre a construção e linguagem cinematográfica".

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O ponto de partida para o longa são as ruínas do Cine Continental, espaço abandonado no Sertão da Paraíba, terra natal do cineasta. Retratado nas cenas iniciais com a bela fotografia que costumam ter os trabalhos de Carvalho, o local suscita questionamentos sobre a finalidade do cinema e resgata memórias sobre filmes.

No diálogo a respeito do ofício, Carvalho conversou com dezenas de realizadores, nacionais e internacionais, processo feito ao longo de 14 anos. "Entrevistei os diretores com os quais estava trabalhando e depois parti para os que admiro e que tive oportunidade de encontrar", explica. A lista de nomes inclui José Padilha, Hector Babenco, Julio Bressane, Lucrécia Martel, Gus Van Sant, Ken Loach e outros. Outra figura célebre presente é o ator italiano Salvatore Cascio, que revisita as locações de Cinema paradiso (1988). O único entrevistado de fora do meio cinematográfico, é o escritor Ariano Suassuna, que comenta a paixão por filmes surgida ainda na infância.

Belo na fotografia, assinada por Lula Carvalho, o filme adota diferentes estéticas para cada um dos entrevistados, segundo o estilo recorrente na filmografia deles. Muito eficiente e orgânica, a transição entre texturas e tons na tela enriquece os discursos dos cineastas. 


Com alguns questionamentos bastante filosóficos e pessoais, o filme deve interessar, de fato, os cinéfilos. Estranhamente, o diretor opta por não incluir qualquer legenda para identificar quem presta os depoimentos durante a projeção. O mesmo vale para os trechos de filmes exibidos, igualmente sem identificação. Carvalho parece pressupor ou esperar que os espectadores estejam familiarizados com todos os rostos vistos em tela. Não chega a atrapalhar a experiência, mas é uma opção questionável.

A despeito de eventuais obstáculos para os não iniciados, Um filme de cinema é uma interessante incursão no pensamento de alguns grandes realizadores das últimas décadas, de diferentes épocas e estilos. Enquanto é, indiscutivelmente, uma obra destinada aos apaixonados pelo cinema, é também um trabalho bastante analítico e sóbrio. Pela vastidão e tecnicalidade dos temas abordados, acaba impossibilitado de oferecer grandes aprofundamentos sobre cada tópico. Mas funciona no propósito de construir um panorama diverso sobre cinematográfico. 

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