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Streaming O streaming é um bom negócio? Empresas como Spotify amargam prejuízo Serviços são o principal modo de se consumir música e conteúdo audiovisual hoje. No entanto, empresas como o Spotify ainda amargam prejuízos

Por: Alexandre de Paula

Publicado em: 05/08/2017 11:00 Atualizado em:

Apesar do prejuízo, Daniel EK, do Spotify, mantém prestígio na indústria entretenimento. Foto: Getty Images/Reprodução
Apesar do prejuízo, Daniel EK, do Spotify, mantém prestígio na indústria entretenimento. Foto: Getty Images/Reprodução

Os serviços de streaming revolucionaram a indústria do entretenimento. A comodidade de ter milhares de músicas, filmes e séries a um clique convenceu milhões de usuários mundo afora (e os números, nesse aspecto, não param de crescer). No entanto, para quem está do outro lado da tela, o panorama não é tão positivo: a maioria das empresas do gênero ainda dão prejuízo.

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Ao mesmo tempo em que batem recordes no número de usuários, serviços como o Spotify permanecem no vermelho. O poder conquistado pelas empresas ainda não se converteu em lucro. Um exemplo: o CEO da empresa, Daniel EK, foi eleito pela Billboard como a personalidade mais poderosa da indústria da música neste ano. No entanto, o Spotify amargou perdas de aproximadamente US$ 1,27 bilhão em 2016.

O músico Jay-Z é dono do Tidal, um outro serviço de streaming. A plataforma, que está longe de ter a popularidade de empresas como Spotify, Deezer e Netflix, também só registrou prejuízos até agora. Segundo a imprensa americana, Jay-Z já teria perdido cerca de US$ 28 milhões com o serviço. Especialista na indústria musical e em streaming, a professora da Universidade de Toronto Catherine Moore elucida algumas razões da consolidação do serviço e outras que podem explicar a dificuldade das empresas de streaming para obter lucros. “Os consumidores gostam da conveniência de não ter que comprar música, por exemplo. Em vez disso, compram um serviço que lhes traz música”, explica ao Correio.

Uma das razões para os problemas é o fato de as plataformas de streaming dependerem quase que unicamente da renda de seu conteúdo, enquanto outras empresas ganham dinheiro em vários setores. “Quando uma empresa, como Spotify ou Deezer (em muitos países), depende do conteúdo para sustentar a empresa, ela precisa de muitas fontes de receitas externas para apoiar o negócio. Outras empresas, como Amazon, Apple ou Google, fazem o dinheiro de muitas maneiras”, aponta. Por essa razão, os serviços de streaming precisam buscar investimento em várias fontes e se tornam dependentes disso. “Essas fontes incluem o investimento direto por empresas de música gravada; financiamento de bancos e investidores; assinaturas; propaganda; parcerias de marca”, explica. 

A professora destaca que, para muitos, esse tipo de empresa só conseguirá sucesso ao se tornar parte de outras corporações. “Há muita especulação de que as empresas de streaming só vão sobreviver se forem adquiridos por uma corporação importante que pode se dar ao luxo de ter perdas”, menciona.

Crítico e analista do mercado musical, Bob Lefsetz discorda dessa visão. Para ele, esse modelo de consumir música é consistente. “O streaming já se consolidou, fim da história”, diz ao Correio. Ele acredita que o cenário, em relação ao dinheiro, vai mudar e as empresas conseguirão reverter o quadro. “As empresas estão investindo no futuro deles como típicos negócios do Vale do Silício”, acredita.

Paradoxo comercial

Assim como o Spotify, a Netflix (principal serviço de streaming de vídeo atualmente) bate recordes no número de assinantes. O serviço já superou a marca de 100 milhões de usuários e o número só cresce. O aumento, no entanto, não se reflete em ganhos. No segundo trimestre deste ano, a empresa registrou prejuízo de US$ 608 milhões. A previsão é que, até o fim de 2017, o número fique entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões.

A Netflix tem histórico de investir pesado em produções originais. Em 2017, o orçamento dessas produções é de US$ 6 bilhões. Economizar era um verbo que parecia não fazer parte do vocabulário da empresa, mas as coisas mudaram. O cancelamento de séries, por exemplo, causou rebuliço entre os fãs. Produções como Sense 8 e Marco Polo foram cortadas e outras não ganharam renovação. O público era grande, mas o custo dessas produções, maior ainda, o que fez com que a empresa começasse a declinar de projetos.

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