Música
Maria Bethânia lamenta ausência no carnaval do Recife e promete homenagem a Naná
Cantora baiana apresenta repertório com sucessos da carreira neste sábado, no Classic Hall
Por: Luiza Maia - Diario de Pernambuco
Publicado em: 18/03/2017 11:46 Atualizado em: 17/03/2017 21:52
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| Cantora participou da abertura do carnaval com Naná Vasconcelos em 2007. Foto: Gil Vicente/DP |
Maria Bethânia quis homenagear o saudoso amigo Naná Vasconcelos na abertura do carnaval recifense. Animou-se com o convite feito pela prefeitura da capital pernambucana, respondido com demandas instrumentais, estruturais e o cachê da artista. "Acho que eles não gostaram, não sei o que esperavam, mas não responderam. Fiquei sabendo que não haveria por alguém que enviou a minha foto com um xis em cima de cancelado", revela.
Confira o roteiro de shows no Divirta-se
"Eu senti muito, pela alegria de ser convidada para o carnaval do Recife e para homenagear Naná. É tão grande quanto ser enredo. Mas Naná é homenageado no meu coração sempre", declara. A celebração ao percussionista, um dos principais nomes da música instrumental brasileira e mundial, foi postergada para este sábado, quando se apresenta no Classic Hall. Do primeiro encontro com o artista, ela não se lembra. Garante ter sido nos bastidores do show Opinião, espetáculo no qual estreou profissionalmente, sob direção de Augusto Boal, como substituta de Nara Leão, em 1965.
O abraço de despedida foi durante a turnê do Prêmio da Música Brasileira, em dezembro de 2015. Ao fim da noite, cantada por Zélia Duncan, Arlindo Cruz, João Bosco, Chico César, Camila Pitanga, Lenine e ela, Naná foi reverenciado por todos, nas coxias. "Estava lindo, de turquesa, ótimo, mas Deus o quis, estava precisando de gente boa lá no céu. Era um ser extraordinário, um amigo de confiança. Um grande presente que me deu foi meu disco da água, o Mar de Sophia e o Pirata. Todo aquele trabalho e ele ficou 15 dias trancado, sempre dedicado ao trabalho, nada na correria, nada só por dinheiro. Quando fiz o carnaval, a última coisa que ele me disse foi 'está vendo tanto instrumento?' E me levou à piscina, mergulhou e disse 'é aqui na água que vou deixar pronto para você ritmos da água, e você faz o que quiser'", recorda, sobre as relíquias guardadas até hoje. "Se meu canto chamar, precisar, eu tenho isso", aplaude.
Para o amigo Naná, serão dedicadas duas músicas, em meio a clássicos de Chico Buarque, Gonzaguinha, Roberto e Erasmo Carlos, o irmão Caetano Veloso, Dorival Caymmi, Roque Ferreira, Chico César, Paulo César Pinheiro e os pernambucanos Luiz Gonzaga e Dominguinhos.
Os dois últimos anos da filha de Yansã foram preenchidos com festejos pelos 50 anos de trajetória artística: o desfile na Sapucaí em um dos carros alegóricos do enredo A menina dos olhos de Oyá, da Mangueira, campeã em 2016, a homenagem no 25º Prêmio da Música Brasileira, a exposição Maria de todos nós e a turnê Abraçar e agradecer, coroada com lançamento de DVD que inclui trechos das homenagens, foram os principais.
A Abelha Rainha resgatará projetos cujos lançamentos foram atrasados em meio à sequência de eventos, "para não passar batido". Ela pretende reunir dez dos mais de 30 sambas concorrentes ao enredo da Mangueira em um disco para a escola do coração e priorizar um novo disco de estúdio, a ser lançado provavelmente em 2018. O ano promete ainda uma parceria com um amigo - tudo mantido em sigilo, "porque não está fechado"
Apesar da quantidade de iniciativas musicais e poéticas, Bethânia não tem pressa. "Há coisas muito esporádicas, que estou resolvendo quando e como fazer. Os projetos de disco me interessam mais imediatamente e isso toma o tempo de silêncio. Depois, é ver o que vai acontecer. Fim e começo de ano é tempo de jogar tudo fora pra preencher com o novo. O que está querendo começar em mim?", questiona.
Audiovisual
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| Chico Buarque e Wander Melo Miranda participaram da primeira temporada de Poesia e Prosa, e Bethânia viajou pela primeira vez para Moçambique para o filme. Foto: Arte1/Divulgação |
Poesia e prosa
A segunda temporada da série, exibida pelo Arte 1, está confirmada, mas ainda sem data de estreia. Os convidados não foram definidos. "Não conversei com o professor nem a produtora", confessa ela, sobre o programa idealizado pela pernambucana Mônica Monteiro. "Ela me convidou e eu disse 'olha, não sou estudiosa, então tem que ter alguém fazendo o eixo. E sou cantora, então tem que ter música'", recorda. O "eixo" é o historiador Alberto da Costa e Silva - definido como o "homem mais bonito e desejável do mundo" por ela.
Karingana
No Festival do Rio, no segundo semestre, será lançado o documentário Karingana, também em parceria com Mônica Monteiro. Maria Bethânia foi a Moçambique, onde encontrou os escritores Mia Couto e José Eduardo Agualusa e recebeu homenagem em uma escola pública, feita por alunos e profissionais. "Foi muito lindo. Tem uma coisa parecida com a gente do Recôncavo Baiano. São pobres, nobres, alegres dentro da pobreza, chiquérrimos, inteligentes, estudiosos, guerreiros, têm coragem". O filme será transmitido na televisão.
SERVIÇO
Show de Maria Bethânia em Pernambuco
Onde: Classic Hall (Avenida Governador Agamenon Magalhães, s/n, Complexo Salgadinho, Olinda)
Quando: sábado, às 22h30
Quanto: R$ 120 e R$ 60 (meia), R$ 1 mil (mesa VIP para quatro pessoas), R$ 1,2 mil (mesa premium) e de R$ 1,2 mil a R$ 1,8 mil (camarotes para dez pessoas)
Informações: 3207-7500
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| Chico Buarque e Wander Melo Miranda participaram da primeira temporada de Poesia e Prosa, e Bethânia viajou pela primeira vez para Moçambique para o filme. Foto: Arte1/Divulgação |
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