Televisão Apresentadora de TV defende morte de índio por 'tétano, malária e sem remédio' Afirmações foram feitas em programa sobre agronegócios, durante crítica ao samba-enredo da escola carioca Imperatriz Leopoldinense

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 10/01/2017 16:23 Atualizado em:

Jornalista defendeu que indígenas renunciassem as tecnologias e vivessem apenas do campo. Foto: Youtube/Reprodução
Jornalista defendeu que indígenas renunciassem as tecnologias e vivessem apenas do campo. Foto: Youtube/Reprodução


No programa Sucesso do Campo, da TV Record Goiás, do último domingo (8), a jornalista Fabélia Oliveira indignou-se com o samba-enredo da escola carioca Imperatriz Leopoldinense. O tema, intitulado Xingu, o clamor que vem da floresta! faz críticas ao agronegócio e à usina de Belo Monte, chamando-a de "belo monstro".

Em seu discurso, Fabélia diz que o enredo erra ao chamar de "heróis" os indígenas. "Heróismo é o produtor agrícola que trabalha de sol a sol, de dia a dia". A apresentadora garantiu não ser contra a preservação de terras indígenas, desde que os índios permaneçam "originais".

"Eles querem preservar a cultura e estão corretos, sou em favor disso. Eles querem a mata para preservar a cultura deles? Então eles vão viver da cultura deles", disse ela. "Deixar a mata reservada para comer de geladeira não é cultura indígena, não. Eu sinto muito. Se ele quer preservar a cultura ele não pode ter acesso à tecnologia que nós temos. Ele não pode comer de geladeira, tomar banho de chuveiro e tomar remédios químicos. Porque há um controle populacional natural. Ele vai ter que morrer de malária, de tétano, do parto. É a natureza. Vai tratar da medicina do pajé, do cacique, que eles tinham. Aí justifica", completa.


Confira a letra do samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense:

Brilhou... a coroa na luz do luar!
nos troncos a eternidade... a reza e a magia do pajé!
na aldeia com flautas e maracás
Kuarup é festa, louvor em rituais
na floresta... harmonia, a vida a brotar
sinfonia de cores e cantos no ar
o paraíso fez aqui o seu lugar
jardim sagrado o caraíba descobriu
sangra o coração do meu Brasil
o belo monstro rouba as terras dos seus filhos
devora as matas e seca os rios
tanta riqueza que a cobiça destruiu

Sou o filho esquecido do mundo
minha cor é vermelha de dor
o meu canto é bravo e forte
mas é hino de paz e amor

Sou guerreiro imortal derradeiro
deste chão o senhor verdadeiro
semente eu sou a primeira
da pura alma brasileira

Jamais se curvar, lutar e aprender
escuta menino, Raoni ensinou
liberdade é o nosso destino
memória sagrada, razão de viver
"andar aonde ninguém andou"
"chegar aonde ninguém chegou"
lembrar a coragem e o amor dos irmãos
e outros heróis guardiões
aventuras de fé e paixão
o sonho de integrar uma nação
kararaô... kararaô... o índio luta pela sua terra
da Imperatriz vem o seu grito de guerra!

Salve o verde do Xingu... a esperança
a semente do amanhã... herança
o clamor da natureza
a nossa voz vai ecoar... preservar!

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