GUERRA

ONU é impedida de acessar a cidade de Rafah, em Gaza

Segundo o porta-voz do OCHA, medida tem um impacto considerável na população, uma vez que a ajuda também não pode entrar pela passagem de Kerem Shalom

Publicado em: 07/05/2024 13:32 | Atualizado em: 07/05/2024 14:03

Ondas de fumaça dos ataques israelenses no leste de Rafah, no sul da Faixa de Gaza (Foto: AFP)
Ondas de fumaça dos ataques israelenses no leste de Rafah, no sul da Faixa de Gaza (Foto: AFP)
O porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da Organização das Nações Unidas, (OCHA), Jens Laerke, anunciou hoje que Israel negou o acesso das Nações Unidas ao ponto de passagem de Rafah, na Faixa de Gaza. "Atualmente, não temos qualquer presença física no ponto de passagem de Rafah", afirmou Laerke.
 
Laerke destacou que a medida tem um impacto considerável na população, uma vez que a ajuda também não pode entrar pela passagem de Kerem Shalom, que tem sido alvo de  foguetes. “Quanto à passagem de Erez, recentemente reaberta por Israel, qualquer ajuda que possa passar deve ser controlada pelas autoridades israelenses”, acrescentou James Elder, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
 
Segundo o porta-voz, o acesso da ONU a Rafah foi negado pelo Cogat, instituição israelense responsável pela coordenação da política de Israel nos territórios palestinos ocupados. “Disseram-nos que, por enquanto, não haveria passagem de pessoal ou de mercadorias em nenhuma das direções. Durante quanto tempo? Não sei. Mas é essa a situação atual", explicou.
 
A ONU disse estar bastante preocupada porque não existem grandes reservas em Gaza, uma vez que toda a ajuda que entrou até agora foi imediatamente distribuída à população.  O porta-voz do OCHA garantiu ainda que a reserva de combustível é muito, muito curta, cerca de um dia. “O combustível só chega através de Rafah, à reserva existente é para toda a operação humanitária em Gaza. Se trata, sobretudo, de gasóleo, para fazer funcionar os caminhões e os geradores. Se o combustível for bloqueado, seria uma forma muito eficaz de enterrar de vez a operação humanitária", apontou.
 
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a Israel e ao Hamas para que mostrem coragem política e não se poupem esforços para chegar a um acordo. Guterres afirmou que o fechamento das passagens é especialmente prejudicial para uma situação humanitária já catastrófica e exigiu a sua reabertura imediata. “Será um erro estratégico, uma calamidade política e um pesadelo humanitário”, avaliou, pedindo a todos os que tenham influência sobre Israel para fazerem tudo que possam para evitar mais uma tragédia.
 
Segundo o último balanço, os ataques do exercito israelense em Rafah já fizeram 23 mortos, sendo que seis são crianças. Por sua vez, o Hamas apelou à “intervenção internacional” para um cessar-fogo e o fim do conflito, assinalando que a culpa da continuação da guerra é da administração do presidente dos EUA, Joe Biden, e da comunidade internacional. “Ao decidir fechar a passagem fronteiriça de Rafah e Kerem Shalom, Israel conduz a região para um desastre e continua a sua política de fome e perseguição”, diz a nota do grupo.
 
Rafah, que faz fronteira com o Egito, é o principal ponto de passagem de entrada para ajuda humanitária a Faixa de Gaza e onde estão refugiados mais de um milhão de deslocados palestinos de outras zonas do enclave. As Forças de Defesa de Israel (FDI) também já entraram com tanques na cidade e assumiram o controle da parte de passagem com o território egípcio. Os militares israelenses comunicaram que estão realizando uma operação antiterrorista em áreas específicas a leste da cidade.
 
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, declarou durante sua visita às tropas na parte sul de Gaza, que a operação em Rafah vai continuar até a eliminação do Hamas no terreno ou até o primeiro refém ser libertado. "A entrada em Rafah serve os dois objetivos principais de guerra: o regresso dos nossos raptados e a eliminação do Hamas", reiterou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
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