Televisão Cineasta João Jardim aborda questões de gênero em série exibida no GNT Série é transmitida às quartas-feiras, com reprise aos sábados

Por: Fernanda Guerra - Diario de Pernambuco

Por: Marina Simões - Diario de Pernambuco

Publicado em: 12/11/2016 10:30 Atualizado em: 11/11/2016 18:14

A youtuber Mandy (à direita) é uma das entrevistadas do programa. Foto: GNT/Divulgação
A youtuber Mandy (à direita) é uma das entrevistadas do programa. Foto: GNT/Divulgação
Duas séries do GNT abordam, em especial, a liberdade do ser humano. Amores livres e Liberdade de gênero retratam temáticas distintas, mas com algo em comum: João Jardim. O diretor de filmes como Lixo extraordinário, Janela da alma e Getúlio assina as duas. A primeira, exibida em 2015, está disponível no catálogo do Now - serviço sob demanda da Net. A segunda, com dez episódios, é transmitida às quartas-feiras, às 20h30 (horário do Recife), no canal pago. A produção é reprisada aos sábados, às 21h45.

"A ideia da série veio do canal. Eles me deram uma demanda para produzir algo sobre questão de gênero. O programa conta a história de pessoas que passaram do ponto de vista da afirmação e identidade", conta João Jardim, em entrevista ao Viver. A atração narra histórias de mulher e homem trans e pessoas não binárias - que não se identificam com nenhum dos dois gêneros.

O primeiro episódio, por exemplo, fakou sobre a transição de Amanda, mulher trans e youtuber, conhecida como Mandy Candy e dona de um canal de vídeos com mais de 300 mil inscritos.
No próximo episódio, que será exibido na quarta-feira (16), o programa apresenta Wallace, de 30 anos, mulher trans não binária.

>>Entrevista João Jardim

As dificuldades do programa espelham as vividas por pessoas trans?
Tem as duas coisas. A questão mais difícil é a da empregabilidade. Até pouco tempo, não havia. É uma dificuldade grande, mas está mudando. Quando começamos a pesquisar, encontramos várias histórias complicadas, mas tem história boa também. Basta estar interessado em ouvir. Pessoas com autoestima e que firmaram a opção delas. Foi difícil, mas elas conviveram e conseguiram se firmar, construir relação com parceiro, pai, mãe e irmãos. Contamos como se dá uma relação familiar boa com pessoas trans. Incluímos famílias, amigos e parceiros. Fomos variando para retirar o estigma.

Alguma pessoa transexual fez parte da produção?

Com certeza. Essa foi questão que vimos logo de saída. Bárbara Aires esteve na consultoria. Teve na equipe, técnico de som, assistente de câmera. Vários dos personagens, falei com eles sobre qual seria a melhor maneira, dando espaço para criarem. Como se o roteiro fosse feito por eles. O que seria interessante ser abordado, que situação poderia criar? Se queriam ir para algum lugar ou evento com os amigos, quem determinava eram os personagens. Nada era imposto. A série foi feita com os personagens.

O tema foi explorado em produções televisivas, como Transparent (Amazon) e I am Caitlyn (E!). As abordagens influenciaram?

A gente se pautou mais pela intuição, pelo original e relevante, a partir do que fomos ouvindo na pesquisa. Vamos falar sobre outras questões também. Seguimos essa ideia de falar dos relacionamentos e das trajetórias, a partir do que fomos descobrindo.

Como foi a participação de Liniker?

A série aborda também as pessoas não binárias, ou seja, que não se identificam com nenhum dos gêneros, mas não querem fazer transformação no corpo. Não querem tomar hormônio, se vestir, assumir uma identidade diferente. Isso é muito novo. Algumas têm a bissexualidade. Liniker se diz não binário e se interessa por homens. A série toda vai além da questão do homem e mulher operada ou não operada. Dentro da temática, lida com outro aspecto da transexualidade.

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