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Luto Naná Vasconcelos: música, poesia e homenagens marcam velório do percussionista Músico faleceu na manhã de quarta-feira após complicações de câncer no pulmão

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 10/03/2016 09:00 Atualizado em: 10/03/2016 13:56


O sepultamento está previsto para as 10h, na quinta-feira (10), no Cemitério de Santo Amaro. Foto: Marina Simões/DP
O sepultamento está previsto para as 10h, na quinta-feira (10), no Cemitério de Santo Amaro. Foto: Marina Simões/DP

O corpo do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos, que faleceu nesta quarta-feira, aos 71 anos, continua sendo velado na Assembléia Legislativa, no Centro do Recife. Amigos, parentes e músicos estão presentes para prestar o último adeus ao mestre. Na manhã desta quinta-feira (10), as homenagens começaram com o Grupo Batucafro, criado por Naná.

Música de luto: morre o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos

O poeta Israel Batista recitou poema intitulado Louvor a Naná. Enquanto isso, o grupo de batuque entoou música que diz: "Você partiu para outro lugar. Eu sei que um dia vou te encontrar".

Artistas como Otto, Belo Xis, Cristina Amaral e Canibal (Devotos). Amigo de longa data, Otto afirmou: "Naná é nosso mestre. Sempre nos iluminou e a partir de agora vai iluminar mais ainda. Era um homem que sempre amou Pernambuco. A perda é grande".

Uma celebração ecumênica tomou o lugar da tradicional "missa de corpo presente", celebrada pelo Pai Raminho de Oxossi. O ato de fé começou por volta das 9h. O corpo de Naná Vasconcelos seguirá em cortejo até o cemitério de Santo Amaro, onde será sepultado, às 10h. Onze nações de maracatu devem acompanhar o percurso.

 (Foto: Marina Simões/DP)
Naná Vasconcelos faleceu na manhã desta quarta-feira (9), dev ido a complicações de um câncer de pulmão. O músico tratava a doença desde 2015, quando chegou a se submeter a sessões de quimioterapia. Ele estava internado desde a semana passada, quando teria passado mal após show em Salvador (BA).

Naná Vasconcelos: o autodidata que virou doutor honoris causa

Trajetória
Aos 12 anos Naná já tocava profissionalmente em bares e clubes noturnos (onde lhe exigiam até autorização judicial), ao lado do pai, aprendeu a tocar sozinho, usando os penicos e as panelas de casa, ainda na infância. Não frequentou aulas de música, não ingressou na faculdade. Em entrevista concedida ao Viver, ele afirmou: "Quando você aprende teoria musical por livros, precisa sempre consultar os textos. Quando você aprende com o corpo, é como andar de bicicleta. Seu corpo se lembra."

Detentor de oito Grammys, o percussionista costumava quebrar protocolos e substituía, sempre que permitido nas cerimônias, os discursos por apresentações musicais.

Em dezembro de 2015, Naná recebeu título de doutor honoris causa pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Autodidata, nunca frequentou escola de música, nem se graduou, mas logo se firmou como um dos mais respeitados instrumentistas do país, tendo colaborado com nomes como Egberto Gismonti, Pat Metheny, além de ter produzido o primeiro álbum do Cordel do Fogo Encantado.


* Com informações da repórter Marina Simões



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