O Regresso, de Alejandro G. Iñárritu, é o principal favorito deste ano. Foto: Fox Filmes/Divulgação

Na noite de domingo (28), o mundo conhecerá os vencedores do 88ª edição do Oscar, premiação conferida pela Academy of Motion Picture Arts and Sciences, da Califórnia, a filmes que se destacaram em 24 categorias no ano passado. Para esquentar a espera pela festa, o Viver preparou uma lista com os trunfos e as chances de cada um dos oito indicados à categoria principal, de melhor filme. Confira:

Oscar 2016: Confira a lista completa de indicados

O Regresso (Alejandro G. Iñárritu) - 12 indicações
Leonardo DiCaprio não deveria ter precisado fazer O regresso para ganhar um Oscar. O ator poderia, no pior dos casos, já ser dono de duas estatuetas por Gilbert Grape e Django Livre. Mais que um filme, O regresso é uma súplica. Quem vê Hugh Glass rastejando pela neve durante as excessivas duas horas e meia do filme quase consegue escutar seu intérprete implorando “pelo amor de Deus, não aguento mais ser piada de Oscar”. Numa análise isolada, o filme não é um primor de roteiro, mas tem boa direção, atuação e fotografia. Está longe de ser ruim.

Chances: Feito sob medida para a Academia, é o favorito aos prêmios principal e de melhor ator. Sua vitória seria histórica, pois, primeira vez nos 87 anos da premiação, o Oscar de melhor filme ficaria com obras do mesmo diretor por dois anos seguidos.

Mad Max: Estrada da Fúria (George Miller) - 10 indicações
Dos muitos méritos que cabem a Miller, o maior foi transformar um filme com todas as ferramentas de um Velozes e Furiosos em uma obra cinematográfica de alta relevância. Aqui, a criatividade e a ousadia do diretor dos dois primeiros Mad Max, Happy Feet e até Babe, o porquinho, garantem a mágica, além das excepcionais atuações de Charlize Theron e Nicholas Hoult. Diversão e valor artístico juntos. Quem poderia exigir mais?

Chances: É maluco demais para levar o prêmio principal. Sua vitória seria uma das maiores surpresas da história do Oscar. Mas deve ganhar prêmios técnicos como edição, edição de som, cinematografia e efeitos especiais. Também tem lá suas chances, embora pequenas, na categoria de diretor.

Mad Max, Perdido em Marte e Ponte dos Espiões. Fotos: Divulgação

Perdido em Marte (Ridley Scott) - 7 indicações
O filme sobre as aventuras do astronauta Mark Watney após ser abandonado no planeta vermelho é a legítima “Tela Quente” da lista de indicados deste ano. Também carrega outro traço recente, mas já marcante na indústria: o estilo “ficção científica fofinha”, que aos poucos vem invadindo o nicho antes monopolizado pelas comédias românticas. Ideal para recém-namorados de 20 e poucos anos rirem e se emocionarem no escurinho do cinema.

Chances: Em termos de relevância cinematográfica, é um dos mais fracos da lista (ao lado de Brooklyn), mas pode surpreender na disputa de melhor ator (Matt Damon) e é sério candidato a prêmios técnicos.

Ponte dos Espiões (Steven Spielberg) - 6 indicações
Um evento histórico da importância da crise do avião U2, no auge da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, merecia uma versão cinematográfica assinada por esse timaço formado por Spielberg (direção), irmãos Coen e Matt Charman (roteiro) e Tom Hanks (papel principal). Mas Ponte dos espiões, surpreendentemente, não empolga. Morno do início ao fim, “sequer” rendeu a Hanks uma indicação por melhor ator.

Chances: Corre por fora, mas ainda assim é um Steven Spielberg.

Spotlight (Tom McCarthy) - 6 indicações
Você já viu esse filme antes, ou, pelo menos, deveria ter visto. Muito bem amarrado, usa uma estrutura parecida com a de Todos os homens do presidente para contar a história de um outro escândalo de alcance mundial descortinado pela imprensa: a pedofilia na Igreja Católica. Boas atuações e grande relevância histórica são as maiores qualidades.

Chances: O prêmio principal ficaria em boas mãos com Spotlight e o filme é um dos favoritos.  Também merece outras categorias às quais foi indicado - direção, melhor ator coadjuvante (Mark Ruffalo) e roteiro original.

A Grande Aposta (Adam McKay) - 5 indicações
Muito bom em quase tudo, sobretudo direção, atuações e edição. Um de seus grandes trunfos, que o diferencia de filmes como Wall Street e Margin Call, é explicar o mercado financeiro de forma didática.

Chances: Começou com chances pequenas, mas tem crescido na reta final. É um dos merecedores dos prêmios principal e de direção.

Spotlight, A grande aposta e O quarto de Jack. Fotos: Divulgação

O Quarto de Jack (Lenny Abrahamson) - 4 indicações
Filmes de duas fases são especialmente difíceis de realizar, como Kubrick bem sabia. O segundo momento de O quarto de Jack não repete a intensidade da porção inicial, o que não é novidade nesses casos. Mas isso não chega a ser um problema, porque as atuações da Brie Larson e do menino Jacob Tremblay, aliadas à sensibilidade de Abrahamson e à força da história - adaptação do romance de Emma Donoghue - fazem desse o filme mais interessante da lista. O único ponto fraco é a fotografia, que fica abaixo dos demais elementos.

Chances: Seria enorme coragem da Academia dar o Oscar a esse filme, que custou 10 vezes menos que O regresso, mas tem valores artísticos mais elevados que a película de Iñárritú. É favorito a duas estatuetas - atriz e roteiro adaptado.

Brooklyn (John Crowley) - 3 indicações
Por baixo da água com açúcar, se esconde um registro histórico poderoso da dinâmica social e de gênero, palavra tão atual, na onda migratória Europa-Estados Unidos na primeira metade do século 20. O filme também retrata um dilema pessoal muito interessante, vivido pela imigrante irlandesa nos EUA Eilis (Saoirse Ronan), pelo qual qualquer pessoa poderia passar.

Chances: Não merece e não vai ganhar o Oscar de melhor filme. Poderia ter cedido seu lugar na lista a Sicario, por exemplo. Mas vale a pena ser visto.