Arte Exposição resgata pesquisas do artista Carybé sobre a cultura africana Em mostra aberta na Caixa Cultural, exposição ressalta aspectos importantes do candomblé

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 08/06/2015 09:50 Atualizado em: 08/06/2015 11:10

 

Carybé pintou obras a partir de observações entre os anos 1950 e 1970 em terreiros. Crédito: Aquarelas de Carybe/Divulgação
Carybé pintou obras a partir de observações entre os anos 1950 e 1970 em terreiros. Crédito: Aquarelas de Carybe/Divulgação

O argentino Hector Julio Paride Bernabó (1911-1997) correu o mundo para, no fim das contas, se tornar um dos maiores admiradores e divulgadores do Brasil, e, por fim, da Bahia, lugar que o acolheu como se fosse a terra natal. Com seu talento, esse artista plástico, conhecido como Carybé, trouxe à tona aspectos plásticos importantes do candomblé. O resultado de anos de pesquisa e de mergulho na herança africana pode ser visto na mostra As cores do sagrado, em cartaz a partir desta terça-feira (09) na Caixa Cultural Recife, que traz a obra dele pelo recorte do candomblé.

Essa matriz cultural milenar está minuciosamente posta em 50 aquarelas, pinçadas de um universo de 120 trabalhos pela curadora Solange Bernabó, filha de Carybé. O acervo da mostra foi publicado inicialmente em 1981, na primeira edição do livro Iconografia dos deuses africanos no candomblé da Bahia, hoje esgotado e encontrado apenas em sebos. “Os originais já não são vistos há muito tempo e esse acervo se tornou muito pouco conhecido”, afirma Solange, também secretária do Instituto Carybé.

A vivência pessoal dos artistas nos terreiros que frequentava motivaram a realização das obras, feitas a partir de observações realizadas entre os anos 1950, e 1970.

Obras do artista foram inspiradas na cultura do candomblé. Crédito: Aquarela de Carybé/Divulgação
Obras do artista foram inspiradas na cultura do candomblé. Crédito: Aquarela de Carybé/Divulgação
A importância de divulgar o trabalho de Carybé está entre os motivos elso quais a mostra veio ao Recife, segundo Solange Bernabó. A seleção das imagens, por sua vez, contemplaria várias etapas que envolvem o candomblé. Roupas, apetrechos, pinturas corporais e movimentos estão entre os pontos descritos na obra. “Há desde a representação do momento da iniciação, passando pelas festividades e a incorporação dos orixás até os rituais fúnebres. Ele registrou tudo isso de memória, já que não se pode entrar de qualquer jeito nas cerimônias para filmar ou fotografar”.

A importância do acervo que vem à capital pernambucana também está, segundo a curadora, no significado que as aquarelas têm na trajetória artística de Carybé, que lidou, em vida, com todo tipo de materiais e suportes: pintura, desenho, escultura, gravura, cerâmica, ferro, baixo-revelo e alto-relevo. “Ele era mais conhecido pelo movimento dado às figuras do que em fazer um retrato fiel da realidade. No entanto, nesse trabalho específico, seu objetivo era mostrar fielmente o candomblé. Carybé fez isso pelas gerações futuras, pois, quando ele chegou à Bahia, ninguém fazia esses registros. Até hoje o livro onde estão esses trabalhos é procurado não apenas como obra de arte, mas tambeém como fonte de informação para pessoas interessadas na religião”.

SERVIÇO

Exposição Aquarelas de Carybé
Onde: Caixa Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Recife Antigo)
Quando: De 10 de junho a 26 de julho
Entrada Gratuita
Informações: 3425-1900

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