GUERRA

Evacuação em Rafah causa mais caos na região

Tropas de Israel ocuparam o lado palestino da passagem de Rafah, que constitui um dos principais pontos de entrada da ajuda humanitária na região

Publicado em: 08/05/2024 17:21 | Atualizado em: 08/05/2024 19:12

Pessoas e socorristas carregam uma vítima resgatada do local de um edifício que foi atingido pelo bombardeio israelense em Rafah (Foto: AFP)
Pessoas e socorristas carregam uma vítima resgatada do local de um edifício que foi atingido pelo bombardeio israelense em Rafah (Foto: AFP)

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA) informou hoje que, em média, cerca de 200 palestinos abandonam a cada hora a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Após dois dias da ordem de evacuação por parte das Forças de Defesa de Israel (FDI), a estimativa é de que já saíram de Rafah cerca de 50 mil pessoas. A cidade de Rafah abriga aproximadamente 1,4 milhões de refugiados.
 
As tropas de Israel ocuparam o lado palestino da passagem de Rafah, que liga o enclave palestino ao Egito, e constitui um dos principais pontos de entrada da ajuda humanitária na região.
 
O comissário geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, destacou que é essencial chegar a um acordo entre as partes para alcançar um cessar-fogo na zona e alertou para a “ansiedade” causada pelos últimos avanços do exército israelita na área, que estão obrigando a população a continuar a se deslocar diante do aumento da violência e dos ataques. Lazzarini explicou que a maioria dos palestinos que abandonam a zona se dirige para a cidade de Khan Younis, que já foi intensamente atingida por bombardeios pelas forças israelitas, e ainda para outras zonas do centro da Faixa de Gaza, locais que estão praticamente destruídos. “A ausência de um cessar-fogo significa mais perda, dor e luto, e afasta as pessoas da paz de que tanto necessitam”, disse Lazzarini.
 
 
Bloqueio da passagem de Rafah
 
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para a situação precária vivida pelos hospitais do sul de Gaza. "O fechamento do posto fronteiriço de Rafah continua a impedir a ONU de trazer combustível. Sem combustível, todas as operações humanitárias serão interrompidas. O encerramento da fronteira também está impedindo a entrega de ajuda humanitária em Gaza. Os hospitais do sul só dispõem de três dias de combustível, o que significa que os serviços poderão em breve ser suspensos", advertiu.
 
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) defendeu hoje a necessidade urgente de proteger civis em Gaza e reabrir rapidamente a passagem de fronteira em Rafah. “As pessoas encurraladas em Gaza cairão ainda mais nas profundezas de um enorme desastre humanitário com a tomada de controle da passagem de fronteira. O encerramento desse importante ponto de entrada está comprometendo a resposta humanitária, deixando provisões em níveis perigosamente baixos, incluindo combustível, alimentos, medicamentos e água, e deixando as pessoas com ainda menos
alternativas até para fugir dos combates”, diz o comunicado da MSF.
 
A MSF ainda afirmou que a ordem de evacuação na região reduziu drasticamente o acesso a cuidados médicos essenciais num sistema de saúde já dizimado. “A equipe médica e os doentes do hospital Abu Youssef al-Najjar, que recebia inúmeras pessoas feridas, também precisou ser evacuado devido ao avanço do exercito de Israel no território e tivemos de abandonar a unidade de saúde, além do Hospital Europeu estar inativo. Apesar do MSF realizar atividades no hospital de campanha indonésio, as nossas equipes começaram a dar alta a alguns pacientes que cumpriam os critérios mínimos necessários” , indicou a ONG internacional.

Além disso, o Hospital do Kuwait notificou que, nesta quarta-feira, 35 pessoas entre mortos e feridos, das quais nove são crianças, foram levadas para a instalação hospitalar em Rafah, que ainda mantém um precário funcionamento. “Uma criança de quatro meses está entre os mortos trazidos. Nosso espaço é muito pequeno e com capacidades limitadas, não conseguimos dar apoio a tantas vítimas”, avançou a administração do hospital.
 
Já o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) comunicou que a maternidade mais importante de Rafah não admite mais pacientes. O Hospital registrava, aproximadamente, 85 nascimentos por dia, de 180 nascimentos diários em Gaza, antes da escalada do conflito nas proximidades de Rafah.
 
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que um aumento dos ataques levará a incontáveis vítimas civis, num momento em que numerosas famílias, doentes, tiveram novamente que ser forçadas a fugir, sem ter para onde ir. “Um ataque em grande escala a Rafah será uma catástrofe humana”, anunciou Guterres.
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