DESLIZAMENTO

Moradores cobram obras de contenção de barreiras, em Dois Unidos e Nova Descoberta

Entre as medidas tomadas pelo órgão estão a colocação de lonas nas barreiras e, há um ano, também foi prometido projetos para obras de contenção de encostas, que ainda não foram iniciados

Publicado em: 06/06/2024 16:10 | Atualizado em: 06/06/2024 16:54

Moradores relatam que desde as fortes chuvas de maio de 2022 estão aguardando ações eficientes para que o deslizamento não ocorra novamente no período chuvoso. (Foto: Arquivo pessoal)
Moradores relatam que desde as fortes chuvas de maio de 2022 estão aguardando ações eficientes para que o deslizamento não ocorra novamente no período chuvoso. (Foto: Arquivo pessoal)
Moradores que tem casas próximos de barreiras, na Rua Engenheiro Célio de Carli, no bairro de Dois Unidos, e da rua Maurilândia, no bairro de Nova descoberta, Zona Norte do Recife, relatam que desde as fortes chuvas de maio de 2022 estão aguardando ações eficientes para que o deslizamento não ocorra novamente no período chuvoso. De acordo com os residentes dos locais, a Defesa Civil do Recife realizou vistorias e afirmou que as localidades não apresentam perigo. Entre as medidas tomadas pelo órgão estão a colocação de lonas nas barreiras e, há um ano, também foi prometido projetos para obras de contenção de encostas, que ainda não foram iniciados.

A vendedora Liliane da Silva reside há 21 anos na região. Na sua casa mora ela, seu esposo e um filho com autismo. No mesmo terreno da sua residência tem mais duas casas, a de sua mãe, onde vivem sete pessoas, e a da sua irmã, com três pessoas. Liliane fala que a barreira perto da sua casa caiu após dois dias da tragédia de Jardim Monte Verde, que ocorreu no dia 28 de maio de 2022, também em decorrência das fortes chuvas. Ela destaca que no momento que a barreira deslizou não tinha ninguém em sua casa e não resultou em nenhuma morte e acredita que por isso o ocorrido não repercutiu da mesma forma como do caso de Jardim Monte Verde. A vendedora perdeu tudo o que tinha e questiona por quê não tem chegado investimentos para obras de contenção de encostas na localidade onde mora.
 
Na época, o deslizamento fechou a rua de canto a canto e nenhum morador das 18 casas conseguiram passar.  (Foto: Arquivo pessoal )
Na época, o deslizamento fechou a rua de canto a canto e nenhum morador das 18 casas conseguiram passar. (Foto: Arquivo pessoal )
 
 
Liliane conta, que na época, quando a barreira caiu atingiu a sua casa, de sua mãe, de sua irmã e a do vizinho, além de prejudicar diretamente 18 famílias, porque a rua não tem saída. Assim, o deslizamento fechou a rua de canto a canto e nenhum morador das 18 casas conseguiram passar. Ficaram presos e tiveram que quebrar o muro de outras residências para poder sair, porque as pessoas não tinham acesso. De acordo com ela, a Prefeitura do Recife removeu o barro depois de 65 dias, porque foi alegado que tinha perigo e durante todo esse período as pessoas não tiveram acesso as suas casas.

Assim como a família de Liliane outras, também passaram a ganhar o auxílio-moradia de R$ 300,00, porém elas pagavam cerca de R$ 600,00, R$ 650,00 de aluguel e não tiveram mais condições de complementar a quantia para custear essa despesa mensal. Os moradores retornaram as suas antigas residências e informaram a Defesa Civil do Recife, que o auxílio poderia ser cortado, porque o valor não era suficiente para pagar aluguel em lugar nenhum. Nós estamos em contato constante com a Defesa Civil do Recife, eles vem fazendo inúmeros relatórios, inclusive, para Diretoria Executiva de Controle Urbano do Recife (DIRCON), tentando nos tirar de nossas casas. Nós passamos um ano e nove meses fora de nossas residências, porque quando a barreira caiu, destruiu tudo, destruiu a parte inteira da minha casa, foi desastre total e a gente não conseguiu mais pagar aluguel, então a gente consertou algumas coisas nas casas e voltamos. Nós formos intimados pela DIRCON para prestar esclarecimento do motivo de nós voltarmos para casa.Depois, nós recebemos um ato de infração e uma ameaça de multa da prefeitura de R$ 700,00. A gente não tem dinheiro para pagar um aluguel fora, vai pagar multa de R$ 700,00 à Prefeitura”, ressaltou a vendedora.

A empregada doméstica, Eugênia de Mello, mora na rua Maurilândia, no bairro de Nova descoberta, perto de barreiras e também aguarda ações mais eficazes dos órgão responsáveis. Ela mora há dois anos no local, com seus filhos, e conta que a Defesa Civil do Recife fez vistoria no local e colocou lonas. Mesmo com essa medida, ela se preocupa com as fortes chuvas que se se aproximam. “Fico muito apreensiva quando chove, por menor que seja uma barreira mais dá medo. Neste inverno, espero da Defesa Civil mais proteção nas barreiras, mais atenção ao povo. Tem gente que mora em barreiras por grande necessidade, ninguém quer morar próximo de barreiras para morrer. Não teve outra ação além da colocação de lona, ontem (3), eles colocaram a lona na minha casa, fazia três anos desde a última”, disse Eugênia.


Veja a nota da Prefeitura do Recife enviada ao Diariode Pernambuco sobre o caso:

“A Autarquia de Urbanização do Recife (URB) esclarece que já concluiu o projeto de contenção definitiva de encosta da rua Engenheiro Célio de Carli, em Dois Unidos, e que a licitação para o início das obras deve ser lançada em breve.

Para garantir a segurança dos moradores da área, a Defesa Civil do Recife incluiu 19 moradores da Rua Engenheiro Célio de Carlie e outras 29 famílias de ruas próximas no Auxílio Moradia após a interdição das casas devido às fortes chuvas de maio de 2022. Na época, a população afetada também recebeu toda a assistência necessária, com oferta de cestas básicas e colchões. A área é monitorada e não teve registro de deslizamentos recentes. As interdições durarão até que a área seja liberada para reocupação pela Defesa Civil, que monitora o local constantemente. Os moradores que retornaram para as casas interditadas foram notificados para desocupá-las, pois trata-se de uma área de risco.

As obras de prevenção da Prefeitura do Recife já beneficiaram 100 mil pessoas, com uma média diária de 3 obras entregues nas áreas de morros, entre encostas, muros de arrimo e escadarias. Apenas em encostas de grande porte, foram realizadas 96 obras desde 2021, com impacto direto na proteção de cerca de 48 mil pessoas e investimentos da ordem de R$ 113 milhões. Atualmente, há mais 56 intervenções em execução, que irão garantir a proteção direta de mais outras 28outra mil pessoas, com aportes da ordem de R$ 135 milhões.

Desde 2021, o Programa Parceria, por sua vez, já concluiu 2.966 obras, beneficiando 7.267 famílias com impacto direto para a segurança de mais de 29 mil pessoas. Há outras 345 obras em andamento, beneficiando 736 famílias, ou seja, cerca de outras três mil pessoas”.
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