Saúde

Transmissão de sarampo pode ter ocorrido durante festival de café em Taquaritinga

Publicado em: 03/09/2019 07:00 | Atualizado em: 02/09/2019 21:49

Foto: Bruna Costa / Esp. DP FOTO

Pernambuco confirmou a primeira morte por sarampo em 2019. O caso é de um bebê de 7 meses, morador da cidade de Taquaritinga do Norte, no Agreste. A criança faleceu no último dia 17 de agosto e faz parte do grupo de 13 casos da doença confirmados no estado. Além das confirmações associadas a uma viagem de um grupo de estudantes para Porto Seguro, na Bahia, os novos casos comprovados revelam um possível novo episódio de transmissão do vírus no estado, que pode ter ocorrido durante o Festival Café Cultural de Taquaritinga do Norte. O evento ocorreu entre os dias 11 e 14 de julho e levou turistas e visitantes à Taquaritinga, que agora é a cidade com mais confirmações de sarampo no estado.

O município agrestino tem cinco casos confirmados, sendo um do bebê de sete meses, outros dois de bebês de 10 meses, um de um homem de 18 anos e outro de um homem de 31 anos. Outros dois casos, um de um homem de 21 anos, morador de Frei Miguelinho, e outro de um adolescente de 17 anos, morador de Santa Cruz do Capibaribe, reforçam a hipótese da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE). Todas essas pessoas estiveram em Taquaritinga durante o festival. “Foi um evento em massa, com pessoas de várias partes do país circulando na cidade. Podem ter chegado pessoas de São Paulo, onde está ocorrendo um surto”, explicou a coordenadora do Programa Estadual de Imunização no estado, Ana Catarina de Melo.

Os casos confirmados de Sarampo duplicaram em Pernambuco entre um boletim epidemiológico e outro. Até o dia 26 de agosto, o estado tinha cinco confirmações. Agora, além das já citadas, há confirmação de três casos no Recife (um homem de 26 anos e duas mulheres, de 16 e 19 anos) e três casos em Caruaru (dois homens, de 17 e 22 anos, e uma adolescente, de 17 anos). De todos os casos, apenas o do rapaz de 22 anos, em Caruaru, segue em investigação sobre a procedência. Até então, o estado notificou 395 suspeitas, sendo 86 descartadas e 296 que permanecem sendo investigadas. Entre uma semana e outra, as suspeitas em análise aumentaram 20%.

A morte da criança é a primeira desde 2003. Diante dela, a SES voltou a reforçar a importância de os pais levarem as crianças para se vacinar. Crianças entre 6 meses e 11 meses devem tomar uma dose da tríplice viral, a chamada dose zero. Elas também precisarão seguir o esquema normal de imunização, que contempla uma dose aos 12 meses e outra aos 15. “Existe uma busca grande nos postos de saúde, mas dos adultos. Fazemos um apelo, pois nas crianças os quadros têm mais chances de se agravar e há mais chances de ocorrer um óbito”, acrescentou Ana Catarina Melo. O estado permanece com cobertura vacinal baixa nas crianças. Era para estar com 95% do público-alvo imunizado, mas só alcançou até agora 85%.

O mesmo acontece no Recife, que desde ontem ampliou os horários de atendimentos em alguns postos de saúde para aumentar a cobertura. Entre julho e agosto, a procura pela vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, aumentou 280% nos posto da cidade. Mesmo assim, a cobertura vacinal nas crianças de 1 ano está em 87% para a primeira dose e 67% para a segunda. “As crianças são as que mais adoecem e as que mais fazem formas graves. Além disso, quando conseguimos uma boa cobertura nesse grupo, temos o efeito de imunidade de rebanho, acabamos criando uma barreira de proteção do vírus na comunidade”, explicou o secretário de saúde do Recife, Jailson Correia. Na capital, há 45 notificações suspeitas, das quais 18 ainda permanecem em investigação.

A ampliação dos horários nos postos de saúde ocorre em sistema de rodízio. De segunda a sexta-feira, duas unidades estão abrindo até as 21h. Os locais podem ser conferidos no site da Prefeitura. Outra estratégia adotada pelo município é identificar regiões da cidade com baixa imunização. Atualmente, a região do distrito sanitário 2, que compreende o entorno do bairro de Campo Grande, preocupa a secretaria municipal. “Como as coberturas vacinais vem caindo no país todo, há a formação de bolsões de pessoas suscetíveis ao vírus, o que dá origem à possibilidade de surtos. Por isso, a importância de reforçar a ida aos postos”, disse Jailson Correia.

Ontem, o posto Waldemar de Oliveira, no bairro de Santo Amaro, estava lotado durante a noite. O contador Jociano Pires, 35 anos, aproveitou o horário ampliado para atualizar as vacinas da filha Maria Luiza Pires, 1 ano. “Já queria vir, mas ficava difícil pelo horário de trabalho. Aproveitei e trouxe ela hoje para tomar o que está faltando”, disse. A funcionária pública Betânia Pessoa, 42, também levou o filho, de 5 anos. “Ficamos com medo e viemos todos tomar. Já estava planejando, mas faltava tempo. Aproveitei, peguei ele na escola e já fiz uma viagem só”, disse. A bancária Conceição Dornelas, 31, também foi e criticou o tempo de espera. “Estamos aqui há uma hora e não há ninguém para informar nada nem fazer uma triagem. Não sei se adianta ampliar o horário assim”, reclamou. 
 
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL