manifestação

Bloqueios, atos e paralisações em greve geral

Publicado em: 15/06/2019 09:33

Além do Recife (foto), houve registros de protestos em cidades do interior do estado. Foto: Bruna Costa / Esp. DP FOTO
Em Pernambuco, a greve geral de ontem foi marcada por bloqueios e protestos em vários pontos do estado contra a Reforma da Previdência que tramita no Congresso Nacional. Foram interditados trechos de rodovias federais que cortam o estado, como a BR-104, a BR-232 e a BR-101, mas os pontos foram desbloqueados ainda pela manhã. À tarde, muitos municípios do estado realizaram atos para marcar o dia da Greve Geral. 

Há notícias de atividades em Caruaru, Petrolina, Feira Nova, São Bento do Una, Gravatá, além do Recife, que teve uma estimativa de 60 mil pessoas, segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

No Recife, a concentração do ato estava marcada para as 14h, mas muitos grevistas começaram a se reunir ainda pela manhã. Na Rua da Aurora, em frente ao Cinema São Luiz, houve momentos de tensão entre manifestantes e Polícia Militar, quando grevistas atearam fogo em pneus, bloqueando o fluxo de veículos. O Corpo de Bombeiros precisou ser acionado para controlar as chamas.

A CUT reconheceu que o ato de ontem reuniu menos pessoas comparado ao número que participou no protesto do último dia 15 de maio. “Nosso grande objetivo no dia 14 de junho era a greve geral, a paralisação em massa das atividades e o ato foi a consequência disso. Nesse sentido, muito mais municípios aderiram, se comparado com maio. O mais importante para a gente hoje foi a paralisação, porque como os trabalhadores do transporte pararam, sabíamos que muita gente teria dificuldade de chegar”, justificou o secretário de comunicação da CUT em Pernambuco, Fabiano Moura. 

Diversas categorias anunciaram adesão à greve geral nacional. Trabalhadores como bancários, professores, metalúrgicos, químicos, portuários, trabalhadores rurais, agricultores familiares, metroviários, motoristas, cobradores, caminhoneiros, trabalhadores da Educação, da saúde, de água e esgoto, dos Correios,  entre outros decidiram pela paralisação em assembleias. Cinco trios elétricos conduziram a passeata, que terminou na Praça do Derby, por volta das 18h30.

No ato, foi expressivo o número de aposentados. Foi o caso de Áurea Silva, 73 anos, que apesar de receber aposentadoria ainda trabalha como terapeuta comunitária. 

Segundo a Central Única dos Trabalhadores, enquanto a reforma da Previdência estiver na pauta do Congresso Nacional, haverá atos e greves para tentar impedir retrocessos em relação aos direitos sociais, em especial o da aposentadoria. 

Violência marca dia de protestos nas capitais

Tiro de borracha no rosto de um manifestante, pessoas atropeladas, prisões, depredações e hostilidade à imprensa marcaram nesta sexta-feira o dia de greve geral nas principais capitais do país. No Rio, um motorista atropelou manifestantes que fechavam uma das principais avenidas de Niterói (região metropolitana). Ele furou o bloqueio, ferindo duas professoras e três estudantes, de acordo com a Aduff (Associação dos Docentes da Universidade Federal Fluminense).

A roda do carro passou por cima da perna de uma das professoras, Kate Costa, 32, e um dos estudantes teve escoriações leves no braço. Parte dos vidros do carro foram quebrados na confusão, e o motorista fugiu. A polícia disse que está “analisando imagens e procurando possíveis testemunhas que ajudem a identificar o autor do crime”. Também durante a manhã, no centro do Rio, policiais militares soltaram bombas de efeito moral para dispersar um grupo de manifestantes que ocupava a pista lateral da avenida Brasil e causava trânsito na região. Houve correria, mas a situação se normalizou minutos depois. No Paraná, um manifestante integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) em um protesto próximo à Repar (Refinaria Getúlio Vargas), em Araucária, região metropolitana de Curitiba. Sandro de Lima, 44, foi atingido por um tiro de bala de borracha no rosto. A Secretaria de Saúde do Paraná confirmou que ele está internado no Hospital do Trabalhador, na capital. À tarde passou por uma cirurgia e, no prontuário médico, consta que teve uma fratura no lado direito da face, na mandíbula, ocasionada por um tiro de bala de borracha. Para o MST, a repressão atenta contra a democracia e o direito de greve. “A Rodovia Federal BR 426, está sob jurisdição da Polícia Rodoviária Federal, no entanto os tiros foram disparados pela Guarda Municipal de Araucária, agravando a situação, uma vez que não compete a uma guarda municipal atuar em área federal”, diz a nota da entidade. O metrô e o serviço de ônibus das principais capitais do país foram afetados com a greve geral.

Na pauta principal, a reforma da Previdência

Enquanto o ato do último dia 15 de maio teve como pauta principal os cortes no orçamento da educação superior, a paralisação de ontem quis mostrar o descontentamento da população com a reforma da Previdência, que tramita no Congresso Nacional. Mas o movimento reuniu outras reinvidicações. Individualmente ou em grupos, as pessoas buscaram demonstrar o que as levou às ruas.

“Nós viemos lutar contra o projeto da reforma da Previdência e contra os cortes na educação, sobretudo a pública, que é muito precarizada no Brasil. O povo precisa barrar esses desmandos”, afirmou a professora Elizabete Roberta, uma das representantes do Sindicato dos Professores do Cabo de santo Agostinho. Houve quem estivesse protestando contra o corte de disciplinas no currículo de escolas. Foi o caso do professor Roberto Arthur, 40 anos, que há 16 anos leciona espanhol. Ele lembrou que em 2016, o então ministro da Educação, Mendonça Filho, revogou a Lei nº 11.161/2005, que tornava a obrigatório o ensino da língua espanhola. “A Constituição Federal determina, em seu artigo 4º, parágrafo único, que o Brasil precisa buscar a integração política, econômica, social e cultural com os países da América do Sul. E o entendimento da língua espanhola é fundamental nesse processo, que é o segundo idioma mais falado no mundo. A fluência na língua espanhola pode ser a esperança de muitos estudantes, sobretudo os de escolas públicas, que participam de programas de intercâmbio”, justificou Roberto.
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