Mobilidade

Metrô: passageiros exigem melhoria no serviço e criticam integração temporal

Publicado em: 06/05/2019 11:49 | Atualizado em: 06/05/2019 12:11

Foto: Mandy Olliver/Esp.DP. (Foto: Mandy Olliver/Esp.DP.)
Foto: Mandy Olliver/Esp.DP. (Foto: Mandy Olliver/Esp.DP.)

No primeiro dia útil após o aumento de passagem do metrô, passageiros reclamam da falta de qualidade do serviço. Desde o último domingo (5), a tarifa passou de R$ 1,60 para R$ 2,10 iniciando uma sequência de seis aumentos progressivos programados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Também passou a valer a partir desta segunda-feira (6), a integração temporal nas linhas da Estação Central do Recife, no bairro de São José. Os usuários criticaram a falta de informações sobre a mudança.

Desempregada há quatro meses, Ângela Almeida, de 36 anos, conta que pagar uma passagem mais cara vai fazer diferença no orçamento. "Todos os dias uso metrô para ir atrás de emprego já porque a passagem é mais barata em comparação ao ônibus. Vou para agência do trabalho, faço entrega de currículos e esse deslocamento custa caro na minha situação", disse.

O reajuste atinge quatro capitais (Recife, Belo Horizonte, João Pessoa e Maceió) e foi autorizado pelo Tribunal Regional Federal - 1ª Região (TRF1), em Brasília. O aumento é maior do que o índice de 87,5% pedido pela CBTU. A justificativa é a defasagem diante do custo de manutenção do sistema e congelamento tarifário por sete anos consecutivos.

O cronograma do reequilíbrio tarifário termina no dia 7 de março de 2020, quando a passagem chega a R$ 4. O próximo aumento acontece no dia 7 de julho, quando será cobrada uma tarifa de R$ 2,60. No dia 8 de setembro a tarifa sobre para R$ 3, em novembro chega a R$ 3,40. No mês de janeiro de 2020, a passagem custará R$ 3,70 e no último aumento, em março de 2020 alcança R$ 4.

Foto: Mandy Olliver/Esp.DP. (Foto: Mandy Olliver/Esp.DP.)
Foto: Mandy Olliver/Esp.DP. (Foto: Mandy Olliver/Esp.DP.)
A técnica administrativa Bianca Souza, 27, defende que o reajuste deve garantir melhoria no serviço. "Temos elevadores e escadas rolantes quebrados, vagões sujos e até mesmo com goteiras. As janelas dos trens estão quebradas, acontecem assaltos dentro das estações. Então falta tudo: segurança, limpeza, manutenção", reclama.

De acordo com o superintendente da CBTU, Leonardo Villar, melhorias já estão sendo feitas nas estações e há um cronograma para consertar os equipamentos danificados. "Eu diria até que a grande melhoria que o metrô tem é a não paralisação. Em 2016, quando eu assumi a gestão, o metrô iria parar e grande parte da causa era justamente a consequência de anos sem aumento. Estamos conseguindo operar o metrô e melhoramos ar condicionado, as escadas rolantes e elevadores. Aqueles que estão parados são por questão de vandalismo. Dentro de 60 dias devemos solucionar esses problemas", garantiu.

Villar argumenta que a partir do aumento, o metrô do Recife terá mais força para reivindicar um orçamento diante do Governo Federal. "Atualmente o subsídio do Governo Federal alcança quase 90%. A arrecadação por bilhete eletrônico não vem diretamente para o metrô. É depositada na conta única da União. Não temos nenhuma instituição de transporte com um subsídio nesse monte. Então fica impraticável sustentar isso e reivindicar um novo orçamento que possa trazer melhorias. Mas a partir de agora teremos mais força para defender um novo orçamento", aposta.

Foto: Mandy Olliver/Esp.DP. (Foto: Mandy Olliver/Esp.DP.)
Foto: Mandy Olliver/Esp.DP. (Foto: Mandy Olliver/Esp.DP.)
Integração temporal
Os passageiros que saem dos trens em direção ao terminal de ônibus na Estação Recife, devem realizar a integração metrô/ônibus exclusivamente com o Vale Eletrônico Metropolitano (VEM), seja Comum, Trabalhador, Estudante ou Livre Acesso. Uma nova tarifa não será debitada dentro do período de duas horas.

A mudança afeta 45 mil usuários que circulam diariamente pela estação e utilizam as linhas 101 - Circular (Conde da Boa Vista / Rua do Sol); 104 - Circular (IMIP); 107 - Circular (Cabugá /Prefeitura); 116 - Circular (Príncipe); e 117 - Circular (Prefeitura/Cabugá). Esses passageiros devem passar o cartão nos validadores da Estação após sair dos trens.

O vendedor João Martins, 45, questionou a utilidade da integração temporal para quem mora em outras cidades e não têm a necessidade de manter o VEM. "Moro em São Lourenço e venho ao Recife uma ou duas vezes por semana. Não preciso ter um cartão e o meu acesso seria mais fácil pagando em dinheiro. Mas vamos acompanhar se essa mudança vai ser benéfica para os usuários", disse.

Aqules passageiros que não possuem o cartão, ou precisarem recarregar o VEM, podem procurar um dos funcionários do Grande Recife que permanecem na Estação Recife. O primeiro cartão custa R$ 10.

De acordo com Leonardo Villar, a integração visa coibir a evasão de receita resultante da entrada irregular de passageiros através dos portões do terminal integrado. Duas estações do metrô do Recife já funcionam com integração temporal: Cavaleiro, na Linha Centro, e Largo da Paz, na Linha Sul. "Estimamos que cerca de 3 a 4 mil pessoas faziam a integração sem pagar passagem. Contando que essas pessoas realizem a bilhetagem eletrônica, teremos cerca de R$ 16 mil por dia", contou.  
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