Campanha

Frente a um estoque de sangue quase sempre baixo, Hemope tenta fortalecer cultura de doação

Publicado em: 10/04/2019 08:00 | Atualizado em: 10/04/2019 08:08

Volume de sangue retirado, cerca de 450 ml, é rapidamente reposto pelo organismo sem prejuízos ao doador. Foto: Malu Cavalcanti/Esp.DP.
Nove em cada dez vezes que um hospital público de Pernambuco necessita de sangue recorre à Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope). Para dar conta da demanda, a fundação costuma manter uma coleta diária de 330 bolsas. Contudo, esses números passam o ano oscilando e só costumam subir quando associados a eventos como carnaval e São João, de forma que o Hemope vive enfrentando situações críticas. Situações causadas porque, apesar de o sangue ser insubstituível e fundamental para a vida, ainda não existe no entorno dele uma cultura permanente de doação. As pessoas só procuram os hemocentros mediante campanha ou a necessidade de alguém próximo.

Cada ser humano adulto tem, em média, cinco litros de sangue. Em cada doação são retirados cerca de 450 ml, quantidade que em poucas horas é recuperada pelo organismo. Um hospital como o da Restauração (HR), por exemplo, necessita em média 1,5 mil bolsas todos os meses, ou seja, é como se somente o HR demandasse que por dia 50 pessoas procurassem o Hemope para doação, sem contar todas as outras unidades de saúde públicas do estado e algumas particulares. O problema é que hoje a média de coleta diária da fundação está em 230 bolsas, cem a menos que o habitual. “Isso impacta diretamente no estoque, no atendimento das solicitações”, explica a supervisora de captação de doadores de sanguedo Hemope, Josinete Gomes.

A redução tem algumas explicações. “A gente vem de um mês de março, em que a primeira semana teve feriadão. Também foi ummês chuvoso. Muita gente aproveita que vem fazer alguma coisa no Centro para doar. Com a chuva, as pessoas evitam sair de casa. Além disso, esse é um período que no registro nacional é caracterizado pela queda”, explica Josinete. Segundo ela, entretanto, esses fatores se somam à falta de uma cultura perene de doações entre a sociedade. “Fazemos campanhas no carnaval, então muita gente vem abastecer. Temos períodos sazonais, janeiro e julho, mês de férias, quando há uma queda. Abril, maio e junho, até perto do São João, também. Em novembro, quando é o mês da campanha nacional, é quando temos uma quantidade elevada de doadores”, diz.

Nas épocas de alta, o Hemope acrescenta em até 15% o fluxo de doações. Nas outras épocas do ano, que não condensam campanhas, o desafio é trabalhar com grupos espontâneos de doadores. Isto é, pessoas que procuram a unidade sem ter “para quem doar”. “O sangue é esperado para fazer cirurgias, nas emergências, para pacientes hematológicos. Todas essas situações devem ser levadas em conta. Em todas as cirurgias os médicos solicitam uma reserva de sangue. Então o mais importante é trabalhar na população a cultura da doação, tratá-la como uma questão habitual”, defende a supervisora.

Uma das formas de fazer isso seria expandindo a discussão sobre a importância do sangue dentro das escolas, para além da questão do estudo do aparelho circulatório. Levar o tema também para as universidades e encontros de amigos, parentes e colegas de trabalho. O Hemope, inclusive, trabalha agendando doações em grupo. Para isso, basta que os interessados façam um contato inicial por telefone, para que as equipes identifiquem a quantidade de potenciais doadores, organizem a logística e marquem as datas. A preferência é que esses grupos faças as doações nos sábados à tarde ou nos dias úteis, também à tarde. É uma questão que vai além de suprir a emergência da baixa de estoque, passa pela conscientização. Para mais informações, é possível ligar para os telefones (81) 3182-4648 ou 0800-081-1535.
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