Inspiração

Executivo que saiu da periferia de Maceió para o Vale do Silício faz palestra no Recife

Publicado em: 24/04/2019 15:18 | Atualizado em: 25/04/2019 09:07

Wesley cresceu em Vergel do Lago, bairro carente de políticas públicas de Maceió (AL). Foto: Leandro de Santana/Esp.DP.
O alagoano Wesley Barbosa, 33, decidiu, ainda adolescente, contrariar as estatísticas e expectativas criadas em torno de um menino criado em Vergel do Lago, bairro da periferia de Maceió. Na escola, viu um colega morrer de overdose. "Vocês serão os próximos", ouviu de um adulto. Ali, Wesley decretou que podia até morrer, mas não seria ali. Colocou na cabeça que venceria os prognósticos por meio da educação e que moraria fora do Brasil. Uma década depois, ele coleciona passagens por empresas nacionais e internacionais.

Fez cursos na universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), duas das principais instituições de ensino do mundo. Nesta quarta-feira (24), o executivo que mora em Palo Alto, uma das cidades que formam o Vale do Silício - na Califórnia, costa oeste dos Estados Unidos, onde estão sediadas empresas como Apple e Google - palestrou para um grupo de 200 pernambucanos, no auditório do Cais do Sertão, Bairro do Recife.

No evento, promovido pelo LIDE Futuro Pernambuco, o executivo falou sobre performance profissional, criatividade, inovação e neurociência. "A versatilidade, isto é, a capacidade de desenvolver novas habilidades, é uma das principais ferramentas que podem ser usadas no cenário atual e ao pensar sobre os empregos do futuro", destacou.

Outra estratégia para se destacar nos mercados atual e futuro, segundo ele, é fortalecer não só as fraquezas, mas os pontos fortes de um indivíduo. "Quando uma criança chega com um boletim com uma nota cinco em matemática e uma nota dez em português, os pais costumam focar na matéria em que ele foi 'mal' e a colocam, por exemplo, em um reforço de matemática. Provavelmente, será uma criança com desempenho mediano, pois estará gastando energia neural em uma área que não desempenha bem. Agora, imagine se essa criança for colocada em um curso de inglês", provocou.

O executivo compartilhou experiências em evento promovido pelo Lide Futuro Pernambuco, no auditório do Cais do Sertão. Foto: Leandro de Santana/Esp.DP.
Para ele, "a necessidade é a mãe da inovação". Ao justificar o pensamento, citou as histórias das criações do telégrafo, da rede de móveis Ikea e da câmera GoPro. Em 1825, Samuel Morse estava viajando quando um mensageiro a cavalo chegou com notícias de que "sua querida esposa está convalescente". No dia seguinte, Morse recebe outra carta informando que a mulher sofreu uma morte súbita. Após o desencontro de notícias, ele decidiu criar um meio de comunicação de longa distância. E assim foi criado o telegráfo.

No caso da rede sueca Ikea, o fundador, Ingvar Kamprad, que abriu a primeira loja com apenas 17 anos, não havia chegado ao sucesso até 1956, quando a empresa se tornou pioneira no pacote de embalagens. Ele teve a ideia enquanto observava um empregado tirar as pernas de uma mesa para encaixá-la no carro de um cliente e notou que economizar espaço significava economizar dinheiro. Já a GoPro foi criada pelo surfista Nicholas Woodman, que desenvolveu para si uma câmera capaz de registrar seus momentos esquiando ou surfando para mostrar aos amigos. A câmera chegou às lojas em 2004 e atualmente representa um terço das câmeras vendidas nos Estados Unidos, à frente inclusive de gigantes, como a Sony, em número de vendas. "Inovar não é ser diferente, mas ser útil", enfatiza Barbosa.

Carreira

O primeiro passo para se destacar pelo mundo dado por Wesley Barbosa foi estudar na Irlanda. "Tentei ir para o Canadá, mas meu visto foi negado. Fui, então, para a Irlanda com dinheiro apenas para um mês. Quando o dinheiro acabou, fiz uma festa de despedida e acabei fechando aulas de inglês para colegas que fiz lá. Pedi para pagarem adiantado e pude custear o aluguel por mais um período", lembra. Em sequida, ele engatou uma pós-graduação em marketing; um emprego em uma empresa internacional e cursos em Harvard e no MIT. 

No Brasil, ele leu uma revista que estampava uma manchete sobre o futuro promissor da China e resolveu que ia morar lá. "Os diretores do jogo (para redes sociais) Colheita Feliz acharam meu currículo por meio de um site de brasileiros em Pequim e me convidaram para uma entrevista. Contei a eles o que eu sabia sobre a economia brasileira, desenhando em um mapa o PIB do país dividido em quatro regiões. Apontei para o Recife e disse que aqui era o futuro do Brasil. Eles gostaram e comecei a trabalhar como diretor de marketing", recorda. Passou pela Happy Element e Baidu. Hoje, responde pela Escola de Carreiras por Wesley Barbosa. 
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