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Competências do cidadão para o século 21

Publicado em: 18/04/2019 21:59 | Atualizado em: 18/04/2019 22:11

O primeiro quarto da primeira metade do século 21 já nos ocupou e preocupou consideravelmente. O debate sobre mudanças climáticas, por exemplo, suas causas e impactos sobre o futuro da humanidade, ganhou mais certezas científicas (“Estamos em uma situação de emergência planetária”; http://bit.ly/2GlIuCD), assim como a participação decisiva dos jovens (“Estudantes vão às ruas em protesto global contra mudança climática”; https://glo.bo/2GlbkmG).

Ao mesmo tempo, um admirável novo mundo de algoritmos computacionais e inteligências artificiais (“Inteligência Artificial”; http://bit.ly/2GmEP7G) promete soluções incríveis para a indústria, a saúde, a agricultura e tantas outras atividades, ao passo que nos torna mais apreensivos sobre o futuro do trabalho (“Empregos devem passar por mudanças com Indústria 4.0”; http://bit.ly/2Gm5zoX). Essas transformações rápidas e intensas também tem nos deixado mais angustiados (“Depressão cresce no mundo, segundo OMS - Brasil tem maior prevalência da América Latina”; https://glo.bo/2GkoZdG) e incertos sobre o futuro, às vezes dominado por governos insensíveis e despreparados para a inovação e para a empatia social necessárias ao tratamento das questões complexas pontuadas acima.

Em face a esse ambiente complexo, que conjunto mínimo de competências são necessárias para participarmos de forma engajada das mudanças rápidas e transformações digitais em curso? 

Embora estejamos nós mesmos construindo futuros possíveis, o tempo inteiro, não podemos saber com certeza o que nos reserva o mundo do trabalho, por exemplo. Por isso, devemos projetar os sistemas educacionais e os ambientes de aprendizagem em geral para desenvolver nas pessoas as competências e habilidades centrais ao convívio humano e qualquer atividade laboral do século 21.

O convívio e o trabalho humanos sempre envolverá, por exemplo, a coordenação de ações para o atingimento de metas coletivas. Assim, precisamos de atividades menos expositivas na escola e mais centradas na capacidade dos estudantes e professores de aprenderem uns com os outros, através de práticas didáticas baseadas em tutoramento entre pares, algo que demonstradamente tem efeitos positivos sobre a aprendizagem (https://econ.st/2GojKK7).

Além da colaboração, precisaremos de habilidades linguístico-simbólicas associadas à interpretação de registros escritos. Somos, o Brasil, extraordinariamente ruins em leitura e interpretação de textos (“No Brasil, apenas 8% têm plenas condições de compreender e se expressar”; http://bit.ly/2Go8nC6), na verdade uma competência do século 19 que nos impedirá a conquista plena do século 21, se não inovarmos radicalmente na área. Entre tantas outras competências que precisamos evoluir rapidamente, cito apenas mais uma: aquelas associadas ao uso da intuição e da criatividade para o desenho de soluções inovadoras (“Brasil é o país mais empreendedor do mundo, mas falta inovação; http://bit.ly/2IxswqC).  

No caso especificamente das redes de ensino como ambientes de formação do cidadão para essas novas competências, acredito que as escolas e instituições universitárias deveriam fomentar o pensamento empreendedor e inovador, transformando as salas de aulas em simulacros de “startups”, voltadas à resolução de problemas, à investigação de situações significativas por meio do desenvolvimento de projetos, do gerenciamento de riscos, da entrega de soluções sustentáveis. Associada ao mundo do trabalho, as redes de ensino precisam produzir conhecimentos com os quais podemos realizar coisas, transformando seu entorno e as cidades do ponto de vista da moradia, da mobilidade, dos cuidados com a infância e da saúde pública, apenas para citar alguns exemplos.

* Professor do Dep. de Psicologia da UFPE e sócio-fundador da JOY STREET.
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