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Interdição

Mais de 60 famílias dependem da Prefeitura para desocupar Holiday

Publicado em: 15/03/2019 12:21 | Atualizado em: 15/03/2019 12:29

Foto: Mandy Oliver/DP.
Mais de 60 famílias que moravam no Edifício Holiday solicitaram apoio da Prefeitura do Recife para realizar a mudança. Todas elas estão indo morar em casas de parentes e quatro informaram que podem precisar de abrigo. A situação tirou o sono da aposentada Maria José da Silva. Dos 68 anos de vida, metade passou no Holiday, onde atualmente mora sozinha. Ela está de mudança pronta e conta com a solidariedade de uma amiga que mora em Jardim Piedade e ofereceu acolhida. Do apartamento onde mora levará apenas as roupas, já que não tem onde deixar os móveis.

"Isso se tornou um transtorno para todos. O condomínio não fez a parte que lhe cabia de zelar pela estrutura do prédio e hoje vivemos esse pesadelo de sair do lugar que compramos com tanto sacrifício para depender de favores. Estou doado todos os meus eletrodomésticos e móveis porque não tenho onde deixar enquanto fico na casa da minha amiga. Se não fosse a casa dela eu teria que ir para um abrigo", lamenta.

Somente na manhã desta sexta-feira (15), a Prefeitura do Recife realizou nove mudanças das 64 que estão programadas. Equipes da Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos, Defesa Civil do Recife, Samu e Secretaria de Controle Urbano estão atendendo os moradores que precisam de auxílio na logística da mudança. As famílias precisam fazer um cadastro e agendar o dia em que será feita a mudança até às 19h.

Foto: Mandy Oliver/DP.

Há 10 dias os moradores estão sem abastecimento de água e energia elétrica desde que a Celpe fez o desligamento justificando a necessidade de reestruturação na rede elétrica do edifício, construído em 1957. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros realizou vistoria e informou sobre riscos estruturais do prédio. A justiça determinou a interdição na última terça-feira (12) após tutela de emergência da Prefeitura do Recife.

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Destoando do vai e vem dos vizinhos que desocupam os apartamentos e movimentam os corredores com seus móveis para carregar os caminhões estacionados do lado de fora, a cozinheira Maria José Cordeiro, de 56 anos, demonstra tranquilidade, apesar de lamentar a situação. Apesar de prever um tumulto no próximo dia 20, quando termina o prazo para desocupação do edifício, ela diz que só sairá quando for obrigada. "Eu sei que virão policiais, que vai ter confusão, mas eu não tenho para onde ir. A minha casa é aqui. Só saio quando vierem me tirar. Vou ficar até as últimas", disse.

Foto: Mandy Oliver/DP.

Para oferecer certo alento às famílias que resistem, a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima vai realizar uma via-sacra, às 19h dessa sexta (15), em frente ao prédio para acolher os moradores que ainda resistem. "Precisamos dar conforto porque existe muita gente sofrendo e sempre atendemos aos moradores com doações. Vamos interceder para que cada um faça sua parte e consiga recuperar o Holiday. Não é apenas um prédio, são os lares das famílias", comentou Regina De Paula, que coordena o grupo Amor é Bem maior na congregação.

De acordo com o advogado do condomínio, Williams Miguel dos Santos, várias iniciativas estão sendo feitas para arrecadar dinheiro, cerca de R$ 300 mil necessários para a restruturação da rede elétrica. "Primeiro vamos montar uma equipe de parceiros já que o condomínio não tem condições de pagar. Estamos nos reunindo diariamente para conseguir fazer as intervenções necessárias", comentou.

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