Pesquisa

Fiocruz-PE desenvolve teste de R$ 1 para diagnóstico do vírus zika

Publicado em: 14/03/2019 19:02 | Atualizado em: 14/03/2019 19:19

Na pesquisa, foram utilizadas 60 amostras de mosquitos Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus. Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas.
Uma nova técnica para detecção do vírus zika, mais sensível e barata que a usada atualmente, foi desenvolvida pela Fiocruz de Pernambuco. A tecnologia, denominada amplificação isotérmica mediada por alça (RT- Lamp), diminui de cinco para menos de uma hora o tempo necessário para obter o resultado. Outra vantagem é o custo para a realização de cada teste: apenas R$ 1. O valor do método atual é R$ 40.

A técnica foi desenvolvida no mestrado em biociências e biotecnologia em saúde da Fiocruz, pelo aluno Severino Jefferson. Ele foi orientado pelo pesquisador Lindomar Pena. O projeto contou ainda com a participação dos pesquisadores Constância Ayres e Fábio Melo, além de outros profissionais dos departamentos de Virologia, Entomologia e Parasitologia da instituição.

O estudo, intitulado Development and Validation of Reverse Transcription Loop-Mediated Isothermal Amplification (RT-LAMP) for Rapid Detection of ZIKV in Mosquito Samples from Brazil, foi publicado nesta quinta-feira (14) na revista científica Nature - Scientific Reports. "Trata-se de uma ferramenta que pode ser utilizada em qualquer lugar, na forma de kit rápido, pois não depende de equipamentos caros e sofisticados, restritos a laboratórios especializados, como é o caso da PCR (tecnologia atual)", destaca a Fiocruz-PE.

O pesquisador Lindomar Pena ressaltou que a técnica se mostrou 10 mil vezes mais sensível que o PCR e, em alguns casos, foi capaz de detectar carga viral onde a PCR deu negativa. "É um exame específico para zika, que não apresentou reação cruzada para outras arboviroses", afirma. Na pesquisa, foram utilizadas 60 amostras de mosquitos Aedes aegypti e Culex quinquefasciatus, infectados naturalmente ou em laboratório com os vírus zika, dengue, febre amarela e chikungunya.

A próxima etapa do estudo será a conclusão dos testes com amostras humanas. Na época em que o projeto foi lançado, não havia outro trabalho semelhante. Ao longo do desenvolvimento, porém, surgiram em torno de 15 projetos sobre o assunto. "O diferencial desse trabalho desenvolvido na Fiocruz PE é o pequeno número de etapas necessárias para a reação, o baixo custo e simplicidade do teste", enfatiza a instituição.

Entenda

O teste consiste em macerar a amostra de mosquito e colocar no tubo com o reagente. Após aguardar cerca de 20 a 40 minutos, o pesquisador observa a cor da mistura. Se ela ficar laranja, o resultado é negativo. No entanto, se o líquido se tornar amarelo, indica a presença do vírus zika. "A ideia é que se possa coletar, macerar o mosquito em campo – em plena Amazônia, por exemplo - e obter o resultado lá mesmo", explica Pena. Com humanos, será possível a coleta de saliva ou urina do paciente com suspeita de zika, realizar o teste e obter a resposta na mesma hora.
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