POLÍCIA

Polícia encontra motorista de aplicativo que atirou em adolescente

Publicado em: 25/02/2019 12:37 | Atualizado em: 26/02/2019 09:17

Delegado Carlos Couto - 4° DPH - e o delegado Jean Rockfeller - Diretor da Diresp; Foto: Divulgação Polícia Civil

Uma corrida feita por aplicativo no dia 3 de fevereiro deste ano terminou com um adolescente baleado. Na manhã desta segunda (25), a polícia civil apresentou a conclusão do caso e a identidade do motorista, que responderá por lesão corporal grave e porte ilegal de arma de fogo, em liberdade.

Neste dia, 3 de fevereiro, dois jovens que estavam na Rua conhecida como N, no Bairro do Sancho, solicitaram transporte via aplicativo. o destino final do trajeto seria o bairro do Coqueiral, divisa com Cavaleiro, limítrofe de Jaboatão dos Guararapes . Eles solicitaram um corrida pelo aplicativo Uber, mas a mesma foi recusada por três motoristas. Provavelmente, segundo a polícia, por eles estarem em um local relativamente ermo, à noite. Resolveram, então, recorrer a outro aplicativo, o 99 na modalidade pop, o qual apenas a dona da casa tinha instalado no celular. Depois da primeira recusa, a corrida foi aceita. Ao verem que o motorista havia chegado, os jovens acenaram, mas o veículo, um gol prata, continuou parado em uma esquina próxima, a cerca de 60 ou 70 metros da casa, com os vidros fechados. Os jovens correram, então, em direção ao carro, mas o motorista arrancou. Ao voltarem para a casa da amiga, supreeenderam-se com o retorno do veículo alguns minutos depois e direcionaram-se, novamente, a ele.  Neste momento, outra surpresa: o motorista abriu os vidros e efetuou dois disparos. Um alojou-se na parede da casa enquanto o outro atingiu um dos adolescentes, de 15 anos, que esperava em grupo em frente à casa. Ele  havia ido até a parte traseira do veículo para confirmar a placa do mesmo. O tiro transfixou a região do abdômen e acabou parando nos glúteos. O rapaz foi socorrido no Hospital Otavio de Freitas, á época, e teve alta na última semana.

O delegado Carlos Porto, titular da Delegacia da Várzea e da quarta delegacia de Polícia de homicídios (DPH), conta que, após investigações, descobriu a identidade do  motorista: Atos Matias da Silva, de 29 anos. Segundo Porto, ele acreditava que estava sendo vítima de assalto já que a corrida havia sido solicitada por uma mulher e, em vez disso, três homens estavam a sua espera quando chegou ao local. Dois deles, de 17 e 19 anos, iriam seguir viagem. O adolescente atingido apenas fazia parte do grupo de amigos. "O motorista contou que, ao sair da rua, acabou se deparando com o muro do presídio e, após ele, viu-se apenas com a opção de virar à direita, o que o deixava novamente na rua N, em frente à casa. Acreditava, então, que estava em situação de risco alegando, portanto, legítima defesa", afirma. 

Atos deverá responder o processo em liberdade pois o ex- militar e atual vigilante patrimonial possuía posse (regular desde agosto de 2018 valendo até o mesmo mes de 2023) mas não porte da arma, uma pistola Taurus calibre 380 com capacidade para 14 munições. "A arma foi recolhida e segue para a perícia tecnica. Juntamente com o inquérito, será encaminhada ao Ministério Publico", afirma.E complementa. "Ele responde por legítima defesa putativa, quando a pessoa acredita que está em situação de risco mas tudo acontece apenas no seu âmbito psíquico.Mesmo assim, caso estivesse sendo vítima de tentativa de assalto, por que não foi embora assim que efetuou o primeiro disparo e as pessoas começaram a se evadir? Ele responderá justamente por este excesso e por lesão corporal grave, conclui.

A 99 informou que recebeu da família do passageiro a grave denúncia envolvendo um motorista da plataforma. O caso ocorreu na noite de domingo (3), no Recife. De acordo com a empresa, o perfil do condutor foi imediatamente bloqueado do aplicativo. A empresa afirmou que se solidarizou com a vítima e fez contato com os familiares para prestar o apoio possível. O passageiro tem direito a um seguro pessoal que cobre despesas hospitalares decorrentes de acidentes em corridas da plataforma.

A 99 informou também que está colaborando com as autoridades. A companhia foi contatada pela polícia em 5 de fevereiro e, no mesmo dia, repassou os dados da viagem para auxiliar na investigação do caso - sempre respeitando o devido processo legal. 

O aplicativo possui ainda uma série de funcionalidades de segurança desenvolvidas por uma equipe composta por mais de 100 pessoas. Entre as ferramentas desenvolvidas estão:

> Rodadas de treinamento para motoristas, em que apresenta dicas práticas de proteção.
> Inteligência artificial que monitora todas as chamadas, identificando situações de risco e bloqueando o acesso à plataforma.
> Mapeamento de áreas de risco que envia notificações aos condutores.

Por fim, a empresa lamentou essa e quaisquer outras ocorrências de violência e garantiu que está trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana, para colaborar com a segurança dos usuários. 
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