Caso Aldeia

Em vídeo, Danilo Paes nega participação no homicídio do pai

Alegando inocência, ele afirma tinha um bom relacionamento com Denirson e conta sobre os problemas conjugais que havia entre o casal

Publicado em: 01/02/2019 12:33 | Atualizado em: 01/02/2019 14:20

Em vídeo de cinco minutos, Danilo ser defende das acusações. Foto: Reprodução/YouTube.
Após passar cinco meses preso, o engenheiro Danilo Paes, de 23 anos, acusado de matar o próprio pai, o cardiologista Denirson Paes da Silva, 54, alega inocência e diz esperar que a mãe "pague pelo que fez". Em um vídeo divulgado por seu advogado de defesa, ele afirma que sente revolta e espera que seja feita justiça. 

"Peço muito para que Deus me conforte porque não é fácil lidar com a morte de um pai sabendo que a mãe fez isso", comentou. O réu está solto desde o dia 21 do último mês de dezembro, após pagamento de fiança no valor de R$ 5 mil. Desde o dia 5 de junho de 2018 ele estava detido no Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel), em Abreu e Lima. A defesa tem até a próxima segunda-feira para e entregar as alegações finais para que a juíza decida se os dois réus irão a Juri Popular.



Danilo é acusado de ter cometido o crime junto com sua mãe, Jussara Rodrigues, 54, que está presa na Colônia Penal Feminina Bom Pastor, no bairro da Ipatinga, desde o dia 5 de junho de 2018. Os dois suspeitos passaram por audiência de custódia nos dias 7 e 14 de dezembro, no Fórum de Camaragibe. "Eu passei cinco meses em um lugar terrível. Acusado de ter feito algo terrível que é ser acusado da morte do próprio pai. Perdi ele, que obviamente foi a maior perda. Perdi toda minha família, boa parte dos meus amigos, se é que podem ser chamados disso. Perdi pessoas importantes na minha vida que eu esperava poder contar com elas nesse momento", lamentou Danilo.

Com relação ao envolvimento da mãe dele, que confessou ter praticado o homicídio sozinha, Danilo diz que chegou a acreditar na inocência dela e que a confissão foi um "baque" para ele. "Eu até mandei um áudio pedindo que ela falasse se soubesse de algo porque eu estava em uma posição de perigo e respondendo por algo que não poderia jamais responder. Estava em uma posição horrível. Agora depois que ela confessou foi um baque para mim. Eu não consigo acreditar até hoje quando me acordo e eu só quero agora que ela pague pelo que fez. Pelo dano que ela causou a toda família. Não só a meu pai. Principalmente a mim, a quem ela prejudicou extremamente ao não falar a verdade", disse.

De acordo com o advogado de defesa, Rafael Nunes, nada foi provado com relação à culpabilidade de Danilo. "Trata-se de uma manifestação sincera de Danilo Paes. Ele expôs seus sentimentos, as expectativas com relação à justiça. A inocência de Danilo é cristalina e isso ficou muito claro na instrução criminal. A defesa está muito tranquila, serena e acreditamos na justiça e que Danilo não irá a Juri Popular, sendo absorvido sumariamente", disse o criminalista.

Assim como o criminalista, Danilo se diz tranquilo e que as informações repassadas pela Polícia tão têm credibilidade. "Mas, acima de tudo, não perdi o principal: a tranquilidade, a serenidade, a minha consciência de que eu sou inocente e que jamais seria capaz de fazer algo desse tipo que estão me acusando. A imprensa que não tem nada a ver com isso passa uma imagem completamente diferente do que eu sou, sempre fui e diante desse cenário recebeu informações da polícia que fez um trabalho irresponsável e sem credibilidade com relação à minha parte", afirma.

Em agosto do ano passado, o Instituto Médico Legal (IML) constatou que o médico foi morto por esganadura e as investigações apontaram como motivação para o crime uma relação extraconjugal mantida por Denirson, confirmado por inquérito policial. Quanto à relação dos pais, que aparece no processo como o principal fator do homicídio, Danilo diz que eles mantinham um relacionamento de "aparências".

"Eu quero deixar bem claro que o problema era com a minha mãe. Eu não tinha problema com ele. Era um problema conjugal. Era óbvio e claro. Quem estava na casa, quem frequentava via que eles não formavam mais um casal há muito tempo e que viviam de aparências. Era claramente um problema entre eles e eu não sabia que ele possuía uma amante. Tanto ele como a minha mãe não compartilhavam assuntos pessoais", comentou.

O corpo de Denirson foi encontrado no dia 4 de julho, em um condomínio de luxo, em Aldeia. As partes foram encontradas a mais de 25 metros de uma cacimba, cobertas com metralha e areia. Desde então, mãe e filho foram apontados pela Polícia Civil como suspeitos. Os réus estão sendo julgados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. 

Acusação

O advogado assistente de acusação do caso Denirson, contratado pela família do médico, Carlos André Dantas, disse que o vídeo gravado por Danilo é uma estratégia da defesa para "sensibilizar a sociedade" em relação ao homicídio. "Até porque, certamente, ele e a mãe serão pronunciados para juri popular, onde serão julgados pela sociedade", afirmou.

Segundo o advogado, há muitas provas que ligam Danilo ao crime. "Já está provado que seria impossível Jussara executar sozinha. Há vestígios de sangue no quarto de Danilo e no banheiro que ele compartilhava com o irmão. O (filho) mais novo (de Jussara e Denirson) não entrou em contradição. Pelo contrário, ajudou e muito nas investigaçãos. Já Danilo entrou em contradição várias vezes, por exemplo, em relação à hora que dormiu (no dia do crime)", pontou Dantas. 
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