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Sistema de integração temporal do metrô obriga passageiros a usar catraca

Modelo de integração temporal será adotado na Estação Recife, onde perdas chegam a R$ 200 mil por mês

Publicado em: 05/12/2018 09:15

Terminal Integrado tem seis linhas que transportam 23 mil passageiros por dia. Foto: Gabriel Melo/Esp. DP
Para melhorar a receita do metrô do Recife, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) aposta em um maior controle do acesso dos usuários ao sistema. Uma porta escancarada para a entrada de passageiros sem pagar, segundo a direção do Metrorec, são as integrações. As falhas na segurança da integração ônibus/metrô resultam numa perda de cerca de R$ 200 mil por mês só na Estação Recife. 

A estimativa é que uma média de quatro mil usuários acesse a integração passando pelos portões da área de embarque e desembarque dos ônibus, sem que a segurança do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano consiga impedir. As negociações junto ao Consórcio tiveram início em janeiro deste ano e, apesar da resistência da empresa, o metrô decidiu implantar o modelo de integração temporal na estação Recife a partir do próximo sábado (8).

Das 15 estações integradas do metrô com os ônibus, já foram feitas integrações temporais em Cavaleiro, onde se reduziu em 400% a evasão de receita, e no Largo da Paz, com queda de 20%. Na integração temporal, o usuário que paga pelo VEM tem até duas horas para usar o metrô, após descer do ônibus, ou pegar um coletivo em qualquer lugar da cidade depois de descer do metrô. O sistema permite essa integração apenas com o cartão VEM. Nesse caso, o passageiro que chegar de ônibus paga a passagem com o cartão e, para entrar no metrô passa pelas catracas na entrada principal, usa novamente o cartão. A leitura magnética identificará que se trata de um usuário originário da integração e a entrada é automaticamente liberada. 

Da mesma forma com o ônibus. “Esse é um controle mais rígido porque obriga o passageiro a passar pela catraca no bloqueio de entrada e não da forma que é feita hoje. Nós fizemos várias negociações com o Grande Recife e houve reforço na segurança, mas o volume de pessoas é muito grande nos horários de pico e muita gente passa pelos portões mesmo sem ser passageiro da integração e isso é prejuízo para o sistema, que já tem déficit de receita”, explicou o superintendente do Metrorec, Leonardo Villar Beltrão.

O Terminal Integrado do Recife tem seis linhas que transportam por dia cerca de 23 mil passageiros. Desse total, 5,2 mil pagam em dinheiro. Na prática, ficariam impossibilitados de acessar a catraca do metrô pela falta do cartão VEM. Em nota, o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano informou que “será necessária a elaboração de um plano de ação para ampliar a comercialização e recarga dos cartões eletrônicos (VEM)”. 

Já os usuários que adquirirem o cartão nas bilheterias do metrô também não teriam como integrar com as linhas de ônibus. A empresa sugere na nota que “o restabelecimento das discussões relativas à implantação da integração temporal e adiamento para janeiro de 2019 para aproveitar o período de férias.” A direção do metrô informou pela assessoria de imprensa que a decisão está mantida.

A estudante Suzane Acurcio Galdino, 21, tem dois tipos de cartões, os VEMs Estudante e Trabalhador. “O VEM Trabalhador é vantajoso porque há integração temporal de uma hora por causa do BRT, que tem poucas estações, e o Estudante sai mais em conta, mas não tinha integração temporal. Agora talvez seja mais vantagem usar só o Estudante”, revelou Suzane.

DÍVIDA
A dívida do estado com o metrô pelo atraso no repasse de parte do valor do cartão VEM já chega a R$ 100 milhões. “Nós entramos na Justiça, eles começaram a pagar e depois pararam novamente e a dívida voltou a acumular. Nós temos perda de receita em várias frentes e precisamos estancar”, explicou Leonardo Villar Beltrão. 

O metrô tem receita de R$ 66 milhões que cobre apenas 18,8% do custo mensal de R$ 350 milhões. Com o reajuste que foi derrubado por meio de liminar, a receita havia chegado a R$ 115 milhões ampliando para 32,2 % a cobertura das despesas. “Nós recorremos dessa liminar, mas até agora a Justiça não se manifestou”, completou.
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