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Moradores do Barro estão com medo de assaltos e homicídios

Sensação de insegurança mudou a rotina dos moradores, mas segundo dados da SDS houve redução em 24% no número de homicídios de 2017 a 2018

Publicado em: 07/12/2018 09:15

Moradores evitam sair sozinhos nas ruas e andam apressados com medo de serem vítimas de algum assalto. Foto: Nando Chiappetta/DP FOTO
O sentimento de insegurança mudou a rotina dos moradores do Barro, Zona Oeste do Recife. As casas de muro baixo, que cercam as praças formando verdadeiras vilas, fazem lembrar do tempo em que os vizinhos sentavam para conversar ou caminhavam com tranquilidade nas poucas áreas verdes que ainda restam. Atualmente, o medo deixou as ruas esvaziadas. Os moradores temem os frequentes assaltos e até homicídios que ocorrem na localidade.

Quem mora no Barro vive em estado de alerta, fazendo trajetos às pressas para entrar ou sair de casa. Os pequenos comerciantes do bairro praticamente enjaularam suas lojas e depósitos com medo de se tornarem vítimas de assaltos à mão armada. Um posto de gasolina localizado na Avenida Dr. José Rufino, principal via da região, já foi alvo de vários assaltos. O último ocorreu na quinta-feira. A prática é sempre a mesma: dois homens chegam em uma moto, fingem que vão abastecer, sacam a arma e levam todo o dinheiro do estabelecimento.

As câmeras de vigilância e os dois refletores instalados não inibiram as investidas, assim como os registros feitos no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), delegacia mais próxima localizada no bairro de Afogados. “Infelizmente não posso ter medo porque tenho que garantir o leite dos meus filhos. Essa é a realidade da cidade toda, mas aqui o caso está bem pior”, lamenta um dos funcionários que preferiu não se identificar.

O motorista Antônio Neto, de 54 anos, vai ao bairro todos os dias para buscar a esposa no trabalho no fim da tarde. Ele aguarda o final do expediente para acompanhá-la até a casa onde moram por temer abordagens. “Já presenciei diversos assaltos. Nunca vejo ronda policial na região e isso facilita as investidas. Vemos de tudo por aqui, roubos, mortes. É uma situação que já fugiu ao controle”, disse.

O contabilista Nélson Oliveira, 75, teve o carro roubado quando estava chegando em casa. Ele mora há mais de 60 anos no Barro e diz que a violência tem aumentado nos últimos meses. “Três homens chegaram em um outro carro, me abordaram com um revólver, pediram para eu descer e levaram o veículo. As ruas daqui são calmas, a vizinhança tranquila, mas anda todo mundo com medo, vivemos como reféns”, lamentou.

Na última semana, duas mulheres foram mortas a tiros no bairro. No último dia 2, uma moradora de 25 anos foi assassinada na Rua Vila Isabel, em frente à casa onde morava. Nesta última terça-feira, uma jovem de 18 anos foi abordada por dois homens. Ela ainda chegou a entrar em luta corporal com os bandidos, mas foi atingida por 10 disparos. As motivações dos crimes estão sendo investigadas pela Polícia Civil. “Acordei para trabalhar e tinha um corpo estirado na minha porta. Estão morrendo pessoas inocentes, jovens, por disputa entre traficantes”, apontou uma moradora que, por medo de represálias, preferiu não divulgar o nome. 

ESTATÍSTICA
Apesar do relato dos moradores sobre a ausência de policiamento, de acordo com a Secretaria de Defesa Social, os índices de roubos e homicídios têm diminuído na Área Integrada de Segurança 4, que abrange o bairro do Barro. A queda apontada foi de 24% no número de homicídios entre janeiro e outubro de 2018, em comparação ao mesmo período de 2017. De 178 casos, reduziu para 135. Segundo esses dados apresentados pela SDS, os roubos também diminuíram na AIS 4 nesses dez meses: -19,8%, saindo de 8.035 ocorrências para 6.442.

De acordo com o órgão, a diminuição corresponde às ações integradas entre o policiamento ostensivo lançado pela Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) e as investigações conduzidas pela Polícia Civil de Pernambuco, que já realizou a prisão de alguns assaltantes. O monitoramento na localidade é de responsabilidade do 12º Batalhão da PMPE, através das Guarnições Táticas e motopatrulheiros, que ainda conta com o apoio do Grupo de Apoio Tático Itinerante (GATI).  
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