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Perícia comprova que homem cometeu feminicídio ao bater carro em árvore e matar ex-mulher

O caso foi apresentado nesta quarta-feira (28) pela polícia

Publicado em: 28/11/2018 15:14 | Atualizado em: 28/11/2018 15:29

Perito Diego Costa, delegado Diego Acioli e o perito Betson Fernando. Imagem: PCPE/Divulgação

A conclusão do inquérito policial a respeito da morte da engenheira de sistemas Patrícia Cristina Araújo Santos, 46 anos, aponta que o representante farmacêutico Guilherme José de Lira Santos, 47, teve intenção de matá-la. O ex-marido da vítima foi indiciado por homicídio doloso duplamente qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima, e também pode responder pelo crime de feminicídio. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público nesta quarta-feira (28).

De acordo com a investigação policial e as perícias realizadas por técnicos do Instituto de Criminalística, a colisão do carro de modelo Cobalt com uma árvore na rua José de Lira dos Santos, localizada no bairro da Boa Vista, que vitimou Patrícia no último dia 4, não foi acidental. Os dois já estavam separados há seis meses, mas segundo relatos de familiares, o relacionamento era conturbado e desde 2016 ela pedia a separação.

No dia do ocorrido, Guilherme foi até a casa dos pais de Patrícia para devolver os dois filhos do casal, de 12 e 14 anos, que tinham passado o fim de semana com o pai. Ao chegar, ele pediu para conversar com a ex-esposa. Ela entrou no carro ainda com trajes de banho, pois havia voltado da praia e sem bolsa. No momento da colisão, ela não estava com cinto de segurança e a perícia tanatoscópica mostrou que a causa da morte foi uma lesão no tórax devido ao impacto. De acordo com a Polícia, a soma desses fatos indica que ela não esperava sair do local. 

Guilherme saiu da garagem do edifício com o carro em aceleração e colidiu na árvore, localizada a 90 metros de distância.
Naquele dia, ele foi autuado por homicídio culposo (sem intenção de matar), já que o caso estava sendo investigado apenas como acidente de trânsito. Ele foi liberado após pagamento de fiança no valor de R$ 2 mil. Após o ocorrido, os familiares de Patrícia relataram que ele já havia a perseguido e ameaçado cometer suicídio porque não queria a separação. 

Em depoimento à polícia naquela ocasião, o suspeito negou e disse que perdeu o controle do veículo ao bater no meio fio. No entanto, imagens de câmeras de segurança colhidas pela polícia mostram que em nenhum momento o condutor tenta desviar da árvore, nem colide com o meio-fio. No dia 17 foi expedida prisão preventiva que está sendo cumprida até o momento.

A perícia apurou que o carro estava a 70 km/h no momento da batida, enquanto a velocidade máxima permitida daquela via é de 40 km/h. "A pista estava em condição boa para o tráfego, o tempo estava bom, as condições de freio do carro foram periciadas e não apresentaram defeito. Não há marcas de frenagem no local, nem de desvio. O carro segue o percurso continuamente, bate em aceleração sem acionamento dos freios,  e pouco antes da colisão ele direcionou o veículo para à direita, lado em que Patrícia estava", comentou o perito Diego Costa.

Os celulares do casal também foi periciado e mensagens entre os dois mostram que Guilherme perseguia Patrícia. "Diversas testemunhas mostram um relacionamento conturbado entre os dois. Ele é uma pessoa instável emocionalmente, não aceitava o fim do relacionamento, era obcecado pela vítima e nesse final de semana houve muita discussão entre eles", comentou o delegado delegado titular da investigação, Diego Acioli.

A partir de agora o Ministério Público irá analisar o caso. "Caso o Ministério Público concorde com nossa investigação, ele pode denunciar havendo mudança de competência de uma vara criminal comum para uma vara do Juri, porém, o Ministério Público pode também ter o entendimento que não se tratou de homicídio doloso e sim o culposo", esclareceu Acioli.
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