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Oásis espiritual em plena Caxangá

Igreja Matriz da Paróquia de São Sebastião está de portas abertas para quem quiser se conectar com o divino em meio à agitação da avenida

Publicado em: 26/10/2018 07:46 | Atualizado em: 26/10/2018 07:51

Igreja construída no início do século 20 sedia missa nas terças-feiras, sábados e domingos. Foto: Marina Curcio/ESP. DP

Às margens da agitação da Avenida Caxangá, por onde passam uma média de 58 mil veículos e 19 linhas com 147 ônibus que transportam mais de 100 mil passageiros diariamente, a Igreja Matriz do Cordeiro, ou Paróquia de São Sebastião, é um oásis de paz para quem procura o silêncio em uma das vias mais movimentadas da cidade. Além dos horários das missas, nas terças-feiras e sábados às 19h e aos domingos em três horários, o templo fica aberto para quem quiser se conectar com o divino durante os outros dias da semana. As confissões podem ser feitas às sextas-feiras, às 15h. Já os batizados acontecem aos domingos, quinzenalmente.

A história da igreja se confunde com a do bairro. Ela surgiu em uma área que pertencia ao coronel Ambrósio Machado, que também era senhor de engenho. Nessas terras existiam ainda poços que proviam água ao povoado. O historiador Leonardo Dantas Silva conta que o engenho de Ambrósio Machado existia no local no século 17. “A igreja é posterior ao engenho. Uma capela foi construída em 1900 e foi instalada na então Estrada de Caxangá, como a avenida era chamada. Só depois passou a ser uma paróquia”, explicou.

As confissões podem ser feitas às sextas e os batizados aos domingos a cada 15 dias. Foto: Marina Curcio/ESP. DP


Machado exerceu o cargo, durante três anos (de 1616 até 1619), de capitão-mor governador da capitania do Rio Grande do Norte. “Era de um determinado local do engenho de Ambrósio Machado que se praticava o passo, ou travessia do Rio Capibaribe. O caminho em direção a uma das margens era chamado de Passagem de Ambrósio Machado e, o outro, de Passagem de Jerônimo Paes (o senhor do engenho Casa Forte)”, escreveu a pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) Semira Adler Vainsencher, sobre a área.

Em 1645, as forças libertadoras pernambucanas atravessaram o Rio Capibaribe com o intuito de atacar o exército holandês. Os flamengos, derrotados no Monte das Tabocas, haviam montado acampamento no engenho da senhora Anna Paes. “O engenho de Ambrósio Machado, por sua vez, foi confiscado pelos holandeses em 1654, foi incorporado aos bens da coroa flamenga. Parte dessas terras, porém, foi ocupada pelo capitão João Cordeiro de Mendanha, um ajudante de ordens do governador João Fernandes Vieira. Posteriormente, a propriedade foi arrematada em leilão público pelo capitão José Camelo Pessoa, o senhor do engenho Monteiro. E em escritura lavrada em 16 de novembro de 1707, o capitão incorpora aquela propriedade às terras de dois outros sítios que lhe pertenciam”, afirmou a pesquisadora.

No final do século 18, Sotero de Castro comprou todas as terras e colocou, de forma oficial, o nome de Cordeiro, como já era conhecida popularmente a localidade, em homenagem ao antigo lavrador João Cordeiro de Mendanha. Já a Passagem de Ambrósio Machado passa a se chamar de Passagem do Cordeiro. “O engenho Cordeiro teve uma curta existência. Dele, apenas resta a casa de vivenda, mas com um aspecto bem diferente, diga-se de passagem. Em 1900, lá foi construída a capelinha dedicada a São Sebastião”, esclareceu Semira.

A capela que virou paróquia é frequentada pela população católica do bairro do Cordeiro. A médica veterinária Altair Oliveira, de 65 anos, é uma delas. “Fui batizada nessa igreja, que é muito importante para toda a comunidade católica do bairro. Além dela, a igreja mais próxima é a da Iputinga, então a vizinhança está sempre por aqui”, disse a fiel que frequenta as missas do sábado.
 
SÃO SEBASTIÃO
A Igreja Matriz do Cordeiro homenageia São Sebastião, um soldado romano que foi martirizado por professar e não renegar a fé em Jesus Cristo. A história do santo é conhecida somente pelas atas romanas de sua condenação e martírio. Nesses documentos, os escribas escreviam dando poucos detalhes sobre o martirizado e muitos detalhes sobre as torturas e sofrimentos causados a eles antes de morrerem. As atas eram expostas ao público nas cidades com o fim de desestimular a adesão ao cristianismo.

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