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Casarão da Várzea à espera da restauração

Imóvel histórico que deverá abrigar centro de comércio informal sofre com situação de abandono

Publicado em: 17/08/2018 07:11 | Atualizado em: 17/08/2018 07:14

Casarão que abrigou o antigo Hospital Magitot, no bairro da Várzea, segue em ruínas. Foto: Arquivo/DP

O casarão que abrigou o antigo Hospital Magitot, no bairro da Várzea, segue em ruínas, mesmo sendo considerado Imóvel Especial de Preservação (IEP). Já não existe mais teto e as paredes estão pichadas. Grades, janelas e portas foram furtadas e aquelas que sobraram estão quebradas e enferrujadas. 

Ao redor do imóvel funcionam cerca de 20 barracas de comércio informal. A maioria dos vendedores defende que o espaço se transforme em mercado público para abrigar trabalhadores cadastrados pela Prefeitura do Recife. Desde 2016, existe um processo licitatório de R$ 1,3 milhão visando à construção de um pátio de feira para 50 comerciantes distribuídos em 40 boxes de feira livre e 13 boxes fixos. O projeto também inclui banheiros públicos e uma caixa d’água. Nenhuma intervenção foi realizada no local até agora.

De acordo com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, a Prefeitura do Recife está elaborando um projeto para ocupar o imóvel e fará uma consulta junto à população para definir qual o melhor uso a ser dado, levando em consideração que o terreno também abrigará o pátio de feira.

Em 2016, o casarão esteve no centro de uma discussão entre a prefeitura e os moradores, quando a estrutura da torre da antiga caixa d’água localizada no terreno começou a ser demolida. Grupos de defesa do patrimônio  histórico denunciaram  a intervenção ao Ministério Público de Pernambuco, que recomendou a suspensão da obra na época. O imóvel número 130 da Rua Azeredo Coutinho faz parte do Setor de Preservação Ambiental (SPA) da Zona Especial de Preservação Histórico-Cultural da Praça da Várzea (ZEPH-07), de acordo com o Plano Diretor do Recife. 

A inauguração aconteceu em 27 de maio de 1905, quando o casarão foi erguido em estilo eclético de influência inglesa. Em 1944 começou a funcionar como sede do primeiro hospital odontológico da América Latina, o Magitot, que fechou na década de 1960.

O comerciante Manuel José Arruda, 75 anos, está há 25 anos trabalhando em uma barraca na calçada do casarão e defende que o local seja reformado. “Estamos esperando há anos uma posição da prefeitura para que seja feita a coberta e um pátio de feira. Seria bem melhor e mais seguro para nós ambulantes. O que temos até agora é a promessa de que os ambulantes cadastrados serão relocados”, comentou.

Problemas
Atualmente o local é utilizado para consumo de drogas e criação de animais. Morando na Várzea há 22 anos, a autônoma Ana Paula Silva, 41, lamenta a deterioração do imóvel e diz que teme pela segurança. “Uma casa tão linda que poderia ser um centro cultural está se tornando um ponto de perdição para os jovens, já que muitos usam o espaço para prostituição, bebidas e drogas. Às vezes a polícia aparece, mas não resolve nada. E quando os policiais vão embora tudo volta a acontecer”, afirmou.
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