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Homofobia, intolerância que mata a cada 19 horas

Entre 2016 e 2017, o número de assassinatos por motivações homotransfóbicas aumentou em 30%

Publicado em: 29/06/2018 15:59 | Atualizado em: 29/06/2018 15:27

Foto: Reprodução/Internet

Algumas pessoas passaram observando, outras buzinaram em sinal de apoio. Houve quem proferisse palavras de indignação e crítica. O fato é que a ponte Princesa Isabel, no bairro da Boa Vista, amanheceu diferente nessa quinta-feira. Ninguém passou imune às bandeiras coloridas hasteadas nos postes de iluminação do equipamento público e, pelo menos no Dia Internacional do Orgulho LBGTI+, essa causa não foi invisibilizada. As bandeiras fizeram parte de um ato, realizado no Recife, para lembrar que o Brasil ainda é onde mais se mata por LGBTfobia.

A cada 19 horas, uma pessoa dessa comunidade é assassinada no Brasil. Entre 2016 e 2017, o número de assassinatos por motivações homotransfóbicas aumentou em 30%. Morreram 445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, três vezes mais do que se morria há 10 anos pela mesma causa. Mais da metade desses crimes ocorreram em vias públicas, porém é como se ninguém os tivesse visto. A contabilização só acontece devido aos esforços do Grupo Gay da Bahia (GGB), já que não há estatísticas oficiais no país.

“Reivindicamos políticas públicas representativas para combater a impunidade que acontece nesses casos. A gente sente que é silenciado nas maiores camadas de poder. Então, esse ato é para lembrar o nosso orgulho e também lutar por essa representação”, afirmou o coordenador regional da Aliança Nacional LGBTI , Marco Mota. Segundo ele, a maioria dos casos de crimes de ódio contra esse público sequer é investigada.

O ato contou com a participação de ribeirinhos da Ilha de Deus, na Zona Sul do Recife. Cerca de 10 barcos saíram em direção ao Centro da cidade, para levantar a bandeira LGBTI . A navegação começou por volta das 5h30, passando pelas pontes do Pina e Giratória, culminando com 15 bandeiras colocadas sobre a ponte Princesa Isabel, por volta das 8h30. Os barcos ainda fizeram uma performance no rio, antes de voltarem também como os símbolos expostos para a Ilha de Deus. 

“A gente não queria que as pessoas pensassem que foi uma ação voltada para uma certa camada social. Escolhemos o itinerário por ser um local de visibilidade, para que todo mundo visse e tivesse reações”, complementou Marco. A escolha do Rio Capibaribe também teve como objetivo debater o respeito ao meio ambiente e fomentar a discussão sobre a preservação da área de manguezal. À noite, o grupo participou de uma ação no palco da diversidade, em Caruaru. 

O Orgulho LGBT nasceu há 49 anos, nos Estados Unidos, para combater a violência contra a população homossexual e não-binária, depois de uma ação policial em um bar, em Nova York. O caso gerou uma série de protestos, que levaram à realização da primeira marcha do orgulho LGBT. 

Diagnóstico

Crimes de ódio contra LBGTI 
445 mortes registradas em 2017
194 eram gays
191 eram pessoas trans
43 eram lésbicas
5 eram bissexuais

Estados com mais casos 
São Paulo (59)
Minas Gerais (43)
Bahia (35)
Ceará (30)
Rio de Janeiro (29)
Pernambuco (27)
Paraná e Alagoas (23)

Como ocorreram as mortes
136 por arma de fogo
111 por armas brancas
58 por suicídios
32 por espancamento
22 por asfixia

Dos casos...
56% foram em vias públicas
37% foram dentro da casa da vítima

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