Vigilância

Medo vira rotina no Centro do Recife

Polícia Militar pretende aumentar a vigilância na região da Praça da Independência, em Santo Antônio, onde casos de assalto ocorrem com frequência

Publicado em: 10/04/2018 09:47 | Atualizado em: 10/04/2018 10:16

As investidas não têm horário para acontecer. Foto: Thalyta Tavares

Rotina de medo no Centro do Recife A violência caminha ao lado de quem precisa transitar pelo entorno da Praça da Independência, no Centro do Recife. Os assaltos já se tornaram tão frequentes que são tratados como assunto corriqueiro e banal entre comerciantes. A média diária, segundo eles, é de cinco ocorrências. A Polícia Militar anunciou que intensificará a vigilância no local.

As investidas não têm horário para acontecer. Basta alguém ser visto conversando com um celular na mão que os criminosos se aproximam. Às vezes, isso nem é necessário. Se a pessoa estiver caminhando com um fone de ouvido, chama a atenção. “Eles geralmente ficam na praça esperando e observando. Quando uma pessoa passa, vão atrás e pegam o celular. Nos últimos 15 dias, vi uns 30 casos”, contou uma vendedora ambulante de 46 anos. “Eles não mexem com a gente, porque estamos sempre aqui, mas dizem que estão de olho. Ou seja, que é para ficar de boca fechada. Ficamos reféns”, lamenta.

As armas usadas para intimidar as vítimas na área são facas ou facões. “Um dos mais impactantes assaltos que já vi aqui foi com uma senhora que tinha parado para tirar foto de um Galo da Madrugada exposto na época do carnaval. Ela reagiu, bateu o queixo no chão e ainda levantou e saiu correndo atrás do menino que tinha levado o celular. No meio do caminho, sangrando, desmaiou”, disse a vendedora.

“Lembro de uma vez que um menino teve a mochila roubada e acabou levando uma facada nas costas”, comenta uma vendedora de 26 anos. Ela e os colegas traçaram estratégias para se proteger. “Evito andar com dinheiro na bolsa, deixo o celular sempre escondido. São as formas de cuidado que a gente tem”, diz outra vendedora, de 29 anos. Nem sempre isso é possível, conta uma empresária de 28 anos. “Fui roubada na semana passada. Pediram a minha bolsa, não mostraram arma, mas acabei dando. Ano passado, também fui assaltada saindo de um banco. Naquela vez, mostraram um facão e levaram todos os meus pertences, inclusive um notebook”, conta. “Me obrigo a sair às 17h, porque depois disso fica bem mais perigoso. Já cheguei a ver, numa mesma noite, três assaltos”.

Em nota, a Polícia Militar informou que, especificamente na Praça da Independência, mantém o policiamento na modalidade a pé, diuturnamente, além de viaturas que realizam rondas ostensivas em todo o entorno da praça. O comandante do 16º Batalhão informou ainda que o policiamento no Centro do Recife é realizado também por Ciclopatrulhas, Motopatrulheiros e Guarnições Táticas que realizam o patrulhamento através de abordagens. O policiamento no local será intensificado, disse o órgão.

Já a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-Recife) afirmou que há cerca de um mês tem repassado as queixas que recebe dos comerciantes para a Secretaria de Defesa Social (SDS-PE). "É difícil mensurar o impacto no comércio, mas a falta de segurnaça é um desconforto e atrapalha a livre circulação das pessoas", afirmou o diretor executivo da CDL, Fred Leal.

Celulares são os alvos

O principal alvo são os celulares. Os aparelhos são comercializados na redondeza, por valores entre R$ 10 e R$ 30. O roubo de aparelhos telefônicos móveis corresponde a 55% do total de Crimes Violentos contra o Patrimônio (roubo, extorsão mediante sequestro etc) em Pernambuco. Já a comecialização responde por mais da metade das investigações realizadas na Delegacia da Rio Branco, responsável pela área da praça.

“Existem vários receptadores esporádicos e avulsos. Por isso, é importante que as pessoas façam boletim de ocorrência. E, se o caso for no Centro, que façam, de preferência, na delegacia da Rio Branco”, disse o delegado Breno Varejão. A delegacia atualmente fica na Avenida Alfredo Lisboa, no Bairro do Recife.

Entre janeiro e fevereiro, Pernambuco registrou 6.693 roubos de celulares. No mesmo período de 2017, foram 9.526, ou seja, uma redução de 30%. A diminuição, de acordo com a SDS, coincide com a criação do Programa Alerta Celular.

A queda maior foi em janeiro. No primeiro mês de 2018, foram 3.503 ocorrências de roubos, enquanto no mesmo período de 2017 foram 5.290 casos, ou seja, uma redução de 34%. Já no mês de fevereiro, a redução entre 2018 (3.190) e 2017 (3.503) foi de 25%. Com 120 mil aparelhos cadastrados, o sistema do Alerta Celular ajudou a recuperar 1.372 celulares.

O serviço permite o cadastro do Imei e outros dados do telefone, permitindo uma recuperação mais fácil. Comprar celular roubado é crime, com até quatro anos de prisão. Hoje, a Polícia Militar fará um trabalho de divulgação sobre o Alerta Celular em terminais de transporte.

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