Solidariedade Católicos ofertam ceia de Natal para moradores do Pilar Evento aconteceu na Igreja da Madre de Deus e contou com sorteio de brindes

Publicado em: 25/12/2017 22:42 Atualizado em: 25/12/2017 22:51

Família se reuniram no salão externo da igreja, no Bairro do Recife. Foto: Rafael Martins/DP
Família se reuniram no salão externo da igreja, no Bairro do Recife. Foto: Rafael Martins/DP
No cardápio, estrogonofe de carne, frango aos quatro queijos, farofa, chester, purê e arroz. A sobremesa foi cupcake. O salão externo da Igreja da Madre de Deus ficou lotada, na noite de ontem, com os moradores da vizinha comunidade do Pilar, no Recife Antigo. Todos foram convidados para participar da ceia de Natal promovida no espaço há dois anos. A oferta somente foi possível graças a doações e trabalho voluntário de católicos. Na entrada, as mulheres ganharam maquiagem para participarem da festa. A iniciativa pode parecer meramente assistencialista. Mas para quem não tem o básico até mesmo para preparar um jantar simples na noite de Natal, a ceia de ontem foi motivo de festa.
Tereza Barbosa da Silva, 63 anos, mora com três netos. Na véspera de Natal, alimentou-se na Rua do Imperador, onde comunidades religiosas costumam doar jantar para pessoas em situação de rua. Ela sobrevive com o dinheiro do Bolsa-família e com doações. “Para mim essa ceia especial é uma alegria danada. No Pilar, a gente é abandonado. O prefeito nunca nem esteve lá”, criticou a dona de casa. Humberto Araújo dos Santos, 65, também deixou sua casa no Pilar para prestigiar a ceia. “Lá a gente fica sem divertimento. É cada um na sua casa. Aqui fica todo mundo junto”, comentou. “Acho isso aqui ótimo. Muita gente não tem condição de fazer um jantar”, disse Natália dos Santos, 34.
Na comunidade existe a Igreja Nossa Senhora do Pilar, pertencente à mesma paróquia da Igreja da Madre de Deus, liderada pelo padre Rinaldo Pereira, há dois anos. Ao chegar no Pilar, o religioso percebeu o abandono dos moradores por parte do poder público. Faltam saúde, educação, acesso à infra-estutura e segurança. “Fizemos um mutirão de saúde no lugar e em apenas um dia foram realizados 700 atendimentos. Também doamos a cada dois meses cestas básicas para 250 famílias cadastradas e costumamos fazer cursos profissionalizantes. O último foi de confecção de bijouterias. Sei que é pouco, mas quando a pessoa está sofrendo, essas ações vêm como bálsamo e aliviam muito a dor”, disse o padre. Além da ceia, foram sorteados brindes, como travesseiros e kits de Natal contendo sabonete e shamppo.
O religioso fez um apelo às autoridades públicas para “pisarem” na comunidade. “Eu tenho como missão dizer que o Pilar existe. Peço que não olhem para ela de binóculo. Deixem de olhar de cima. Pisem no chão da comunidade. Lá existem mais de 500 famílias que precisam de atenção.” O padre denunciou, ainda, a morosidade na entrega dos habitacionais, cujas obras foram iniciadas pelo governo municipal há dez anos, e cobrou as promessas de construção de uma escola pública e de um posto de saúde.

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