Investigação Vítimas queimadas dentro de carro em Boa Viagem eram moradores da Irmã Dorothy Segundo a Polícia Civil, os dois rapazes foram mortos por traficantes da comunidade onde moravam, no bairro da Imbiribeira

Publicado em: 20/10/2017 18:49 Atualizado em: 20/10/2017 20:40

Carro foi incendiado no último dia 17. Foto: Nando Chiappetta/DP/Arquivo (Carro foi incendiado no último dia 17. Foto: Nando Chiappetta/DP/Arquivo)
Carro foi incendiado no último dia 17. Foto: Nando Chiappetta/DP/Arquivo


A Polícia Civil divulgou nesta sexta-feira que os dois homens mortos no dia 17 de setembro e que tiveram os corpos queimados dentro de um carro no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, não teriam, a princípio, ligação com o tráfico de drogas. De acordo com o delegado Francisco Océlio, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e responsável pelas investigações, as vítimas foram mortas por traficantes da comunidade Irmã Dorothy, no bairro da Imbiribeira, onde também moravam. A polícia acredita que os responsáveis pelo duplo assassinato suspeitaram que os ambulantes Diego Vieira da Rocha, 26 anos, e Luan Pedro da Silva, 22, teriam informado o paradeiro do chefe do tráfico da Irmã Dorothy, Jackson Paulo da Silva, conhecido como Tito gordo, que foi assassinado no dia 12 de setembro em Paudalho, onde estava escondido. Traficantes das favelas Entra Apulso e Irmã Dorothy, segundo a polícia, disputam o controle da venda de entorpecentes na Zona Sul.

De acordo com o delegado Francisco Océlio, Diego e Luan foram arrastados pelas quatro pessoas que aparecem nas imagens das câmeras de segurança de prédios da Rua Arnaud Holanda, onde o carro foi incendiado. Eles foram mortos ainda na comunidade, perto do mangue, e levados de lá até as proximidas da Entra Apulso. “Após a morte de Tito gordo, os traficantes da Dorothy acharam que os dois rapazes teriam informado aos rivais da Entra Apulso onde Tito estava escondido. A suspeita existe porque as famílias das duas vítimas são de Carpina e conheciam Tito. No dia da morte de Tito, os traficantes da Entra Apulso comemoraram com uma queima de fogos de durou dez minutos. Então, o grupo da Dorothy resolveu matar Diego e Luan e queimar os corpos na entrada da Entra Apulso como forma de mandar um recado para os rivais”, detalhou o delegado.

Ainda segundo Océlio, três dos quatro envolvidos no duplo assassinato foram identificados e um deles foi preso no dia seguinte ao crime quando foi parado numa blitz na Imbiribeira portanto um revólver. “Só divulgamos os nomes das vítimas depois que os exames de DNA ficaram prontos e com as investigações esclarecemos esse crime. Paulo Henrique dos Santos, 26, que também é traficante da Irmã Dorothy, foi o líder da ação criminosa. Nas imagens, ele aparece dando orientações aos demais. Outro envolvido é Carlos Henrique Pereira de Lima, 19, que está com a prisão decretada. Além deles, um adolescente de 17 anos participou de tudo e ainda não foi apreendido. O quarto envolvido ainda não temos a identificação dele, mas a investigação continua”, declarou o delegado.

Após as mortes de Diego e Luan, suas famílias também foram expulsas da comunidade. “Os traficantes chegaram a destruir a casa de um deles e as pessoas tiveram que fugir para não morrerem também”, completou o delegado. Os envolvidos no duplo assassinato serão indiciados pelos crimes de sequestro, homicídio triplamente qualificado, destruição de cadáver e associação criminosa. Caso sejam condenados, eles podem pegar de 27 anos a 100 anos de prisão. Os dois carros usados pelos suspeitos haviam sido roubados dias antes das mortes.

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