Transplante Junta médica decide destino de David Auditor, que sofre de problema de saúde raro, aguarda decisão judicial para ter custeadas despesas de um transplante de intestino nos Estados Unidos

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 10/10/2017 07:48 Atualizado em: 10/10/2017 09:28

Junta médica decide destino de David . Foto: Vera Ogando/ DP
Junta médica decide destino de David . Foto: Vera Ogando/ DP

David Nilo da Silva, 35 anos, é antes de tudo um homem de fé. Há 111 dias a vida dele mudou radicalmente, após a remoção do seu intestino devido a complicações de uma cirurgia bariátrica feita anos antes. Mas em nenhum momento ele desistiu de ter sua vida de volta, de forma plena e não preso a uma máquina. Hoje, ele recebe a visita de dois especialistas que integram a junta médica determinada pela Justiça Federal para decidir, pela ótica deles, se há ou não necessidade de um transplante de intestino nos Estados Unidos. O laudo será assinado por um especialista da Universidade de São Paulo (USP) e outro do Hospital Albert Einstein, também de São Paulo. Além dos três laudos já emitidos pelos médicos que acompanham David, desde junho deste ano, quando teve início a sua saga.

“Eu tenho fé em Deus que esse médicos vão perceber que eu preciso de um transplante para ficar curado. Não quero viver o resto da minha vida dependendo de uma máquina, quando há uma chance de eu ter minha vida de volta”, revelou. Nos últimos quatro meses, ele tem enfrentado os traumas impostos pela sua condição, além de expectativas frustradas. Em agosto deste ano, uma liminar da Justiça Federal de 1º Grau da 5ª Região concedeu a tutela antecipada para o custeio integral da cirurgia, em Miami, nos Estados Unidos, e da estada dele e da família, durante o período de recuperação. A família já se preparava para viajar quando a liminar foi cassada pelo desembargador da 12º Vara da Justiça Federal, Élio Wanderley da Silva, que determinou a perícia da junta médica.

“Quanto mais rápido o transplante for feito, mas rápido eu ficarei curado”, afirma David Nilo, com toda convicção e baseado nas estatísticas. A taxa de sucesso do tratamento nos Estados Unidos é de 90%, enquanto no Brasil todas as tentativas de transplantes semelhantes falharam. “A doutora Clarissa Guedes, que fez a minha cirurgia, já antecipou todos os exames para mostrar aos médicos da junta, mas se for preciso fazer outros exames, nós faremos”, revelou.
Os especialistas vão visitar David na Unidade Clínicia Cirúrgica (UCC) do Hospital Santa Joana. No dia 16 de setembro, ele voltou ao hospital para fazer a reversão da cirurgia bariátrica e refazer o curto caminho ao intestino. Até então, o duodeno dele estava para fora e ele usava uma bolsa de colostomia para os excrementos. “Essa cirurgia já era prevista, desde a retirada do intestino, mas a gente acreditava que seria feita em Miami junto com o transplante, mas como demorou muito, ela teve que ser feita aqui”, contou o próprio paciente, que faz questão de saber todas as etapas do seu tratamento.

Após a cirurgia, David agora conta com 20 centímetros de intestino. Ele passou a se alimentar e o tempo na máquina que o alimentava direto do sistema sanguíneo, diminuiu de 24 horas para 12 horas. “São dois benefícios importantes: voltar a me alimentar e não ter que ficar o dia inteiro na máquina, mas isso não resolve o meu problema. Eu ainda dependo da máquina, e pelo fato do meu intestino ser muito curto, não consegue absorver os nutrientes necessários. Por isso tenho que ficar com a máquina e não posso ter uma vida normal”, contou.

O paciente, que não perde nenhum detalhe das explicações médicas, sabe que a reeducação alimentar é possível para pessoas que tenham pelo menos 50 centímetros de intestino. “A União pode até querer que eu fique neste sistema de 12 horas e uma reabilitação alimentar, mas eu fico sentenciado à alimentação parental e eu espero que eles não façam isso comigo”, pediu.

Quinze dias após a cirurgia de reversão da bariátrica, ele teve algumas complicações. Após a remoção dos pontos, o corte cirúrgico se abriu e o abdômen teve que ser costurado novamente. Também houve suspeitas de trombose no braço onde está o catéter e da presença de um fungo  no acesso da veia, já descartado. Em duas semanas, ele ganhou 21 quilos devido à retenção de líquidos. “Foram duas semanas muito difíceis, mas agora estou bem e pronto para receber o aval da junta médica”, revelou.

MAIS NOTÍCIAS DO CANAL