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Violência Polícia Militar é recebida a tiros na comunidade Irmã Dorothy Helicóptero da SDS participa da operação, ainda em andamento

Publicado em: 22/09/2017 10:03 Atualizado em: 22/09/2017 14:02

Helicóptero da polícia participa de operação na Imbiribeira. Foto: Wagner Oliveira / DP
Helicóptero da polícia participa de operação na Imbiribeira. Foto: Wagner Oliveira / DP

A Polícia Militar realiza, na manhã desta sexta-feira, uma operação no bairro da Imbiribeira, Zona Sul do Recife. De acordo com a assessoria de comunicação, a PM fazia rondas de rotina na comunidade Irmã Dorothy, quando teria sido recebida a tiros, dando início a um tiroteio.

Ainda segundo a PM, a situação está sob controle no local e o policiamento faz buscas na região para capturar os responsáveis pela abordagem. Um helicóptero do Grupo Tático Aéreo (GTA), da Secretaria de Defesa Social (SDS) dá apoio à ação. A aeronave foi vista sobrevoando as áreas da Ilha de Deus, Estação Imbiribeira e o manguezal. Mais informações deverão ser repassadas quando a ocorrência for concluída.

Dois homens, ainda não identificados que estavam no veículo, morreram carbonizados. Foto: Nando Chiappetta/ DP
Dois homens, ainda não identificados que estavam no veículo, morreram carbonizados. Foto: Nando Chiappetta/ DP

Disputa pelo tráfico - Por volta das 18h do domingo passado, quatro homens armados chegaram em dois carros provavelmente roubados, na esquina das ruas Arnaud Holanda com a Bruno Veloso, no bairro de Boa Viagem. Depois de desferir vários tiros direção à comunidade Entra Apulso, eles depois atearam fogo com coquetel molotov em um dos veículos, onde dois homens, ainda não identificados, morreram carbonizados.

Extra oficialmente, a polícia iformou que os suspeitos, todos já identificados, seriam moradores da comunidade Irmã Dorothy, que disputa o comando do tráfico de drogas  na área. "A motivação preliminar é a briga territoral pelo tráfico de drogas entre a comunidade Entra Apulso e outra comunidade localizada próxima (...) Sessenta por cento dos assassinatos estão ligados diretamente ao tráfico e montamos uma estratégia de conjugar as investigação de tráfco e homicídios", acredita o delegado Luiz Andrey, diretor integrado das especializadas da Polícia Civil.

Paz - Na tarde de ontem, as imediações da Favela Entra Apulso estavam diferentes. Comerciantes e moradores colocaram bolas brancas na frente dos imóveis e os postes de iluminação pública ganharam tecidos da mesma cor. Assim como dezenas de estudantes que tomaram as ruas da comunidade em caminhada durante a tarde, pediam a paz.  “Está tendo muito tiro, morte e gente sofrendo. Cada pessoa que morre é um pedaço de nós. Dá tristeza. Alguns que morreram eram amigos”, lamentou Iran Oliveira, 11 anos, participante do manifesto.

Luzinete Nascimento, 65 anos, foi ao protesto vestida de branco, acompanhada de uma neta e de uma bisneta. Há cerca de um mês, sofre prejuízos na venda de pamonha por conta dos conflitos na favela. “Essa é a melhor comunidade do Brasil. A gente não tem hora para chegar nem sair. Mas a gente está precisando de paz. Vendo pamonha para o pessoal de dentro e de fora, mas as vendas caíram 100%. A gente não quer que enxerguem a gente com a cidade do terror.”

A manifestação partiu da Rua Bruno Veloso, passou pela Jequitinhonha e a Tenente Domingos de Brito. A maioria dos participantes eram crianças. O movimento foi organizado pelas coordenações das escolas Abílio Gomes e Inalda Spinelli, além da Creche Nossa Senhora de Boa Viagem e Instituto Shopping. “Os acontecimentos dos últimos dias não têm sido bons. A divulgação tem sido muito negativa. A maioria dos moradores quer a paz. Precisamos de uma rede pública de atenção, seja na segurança, na educação ou no saneamento”, criticou a diretora da Escola Abílio Gomes, Beatriz Araújo. Cerca de seis mil pessoas moram no lugar. No fim do ato, o padre Luciano Brito ofertou uma bênção.

Após o crime do domingo, a PM reforçaou o policiamento na área. Segundo o tenente-coronel Wilian Araújo, do 19° Batalhão, que participou da caminhada junto com outros policiais, o local recebeu o reforço de mais três Grupos de Apoio Tático Itinerante. “O reforço deve permancer até que a comunidade volte a ficar tranquila. Já identificamos os envolvidos no duplo homicídio e um deles já está preso”, disse.Na madrugada da quarta-feira, a PM apreendeu armas e drogas na localidade, abandonadas por um grupo de quatro jovens que fugiram do local ao testemunharem a chegada da viatura. Os suspeitos escaparam, mas deixaram o material para trás, incluindo uma metralhadora e uma granada.

Na segunda-feira, a PM retirou das ruas da favela dez câmeras instaladas em postes e fachadas. A suspeita é de que fossem usadas por traficantes para monitorar a movimentação da polícia e de grupos rivais. “Somente soubemos dos equipamentos após denúncia feita durante entrevista à imprensa”, afirmou o comandante do 19° Batalhão.



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