Urbanismo Especialistas afirmam que é preciso preservar imóveis do centro Arquitetos e outros profissionais que participam de seminário no Recife ressaltam a importância de voltar os olhos para os bairros da Boa Vista, Santo Antônio e São José

Por: Tatiana Ferreira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 20/09/2017 15:28 Atualizado em: 20/09/2017 21:01

Casarão abandonado na Rua da Glória. Foto: Peu Ricardo/DP (Casarão abandonado na Rua da Glória. Foto: Peu Ricardo/DP)
Casarão abandonado na Rua da Glória. Foto: Peu Ricardo/DP
Revisitar o passado, refletir o presente e sonhar com o futuro.Com essa perspectiva, começou nesta quarta-feira o I Seminário sobre a Preservação do Patrimônio Cultural no Recife nesta manhã. O evento acontece no Museu da Cidade do Recife (Forte das Cinco Pontas) até às 19h, e continua amanhã a partir das 9h. Os especialistas estão debatendo sobre novas maneiras eficazes de preservar os patrimônios históricos e culturais da capital pernambucana.

Após a coleta de ideias e críticas construtivas, a Secretaria de Planejamento Urbano (Seplan) fará um Plano de Preservação do Patrimônio do Recife. Segundo a diretora de Preservação do Patrimônio Cultural da Seplan, Lorena Veloso, o poder público pretende elaborar suas diretrizes até 2019. Nele deverá conter as metas e caminhos para aprimorar a forma de preservar a história patrimonial do Recife. "Não é milagre, mas queremos fazer tudo em conjunto. Quando sair do papel será com mais eficácia".

No entanto, a ideia não é só focar no resultado a curto prazo. Isso porque ainda será preciso revisar pontos da legislação. Tal como, por exemplo, a lei que rege o uso do solo e o plano diretor. Para isso, na opinião de Lorena, o protagonismo do poder público será fundamental para que as políticas públicas relacionadas a esse setor tenham êxito. Para ela, não basta proteger, tem que dar vida a esses locais.

Na mesa de abertura do seminário, que iniciou às 8h30, o tema debatido foi "Histórico da Preservação no Recife". A professora, doutora e especialista em planejamento urbano, Amélia Reynaldo; e o professor e PhD em planejamento urbano, Silvio Zancheti, foram os encarregados de comandar a discussão. Na conversa, os profissionais ressaltaram a importância de voltar os olhos para os bairros que, em suas opiniões, mais carecem de preservação: Boa Vista, Santo Antônio e São José.

"A preservação da cidade vai além do bairro do Recife, onde está o Recife Antigo. Quem mais usufrui acaba sendo os turistas", salientou o professor Zancheti. "O grande problema desses bairros adjacentes é que a crise deles é habitacional", considerou a professora Amélia. Na visão da professora arquiteta, é preciso reabilitar o centro urbano por uma perspectiva tanto cultural, como social. No bairro da Boa Vista, por exemplo, as antigas pensões sofrem com a precarização habitacional. Mas também são dignas, segundo ela, de preservação pela sua relevância histórica.

A diretora de Preservação do Patrimônio Lorena concordou com os técnicos e garantiu que a intenção do plano é começar a ampliar suas áreas de proteção. Inclusive, os bairros citados são prioridades. Além das críticas, os professores agregaram com novas ideias. Isso baseado em experiências que deram certo em outros países. Como, por exemplo, a professora Amélia citou a cidade de Genebra - na Suíça. "Lá, o Estado renova e habilita os patrimônios visando que famílias possam viver no local. Com isso, a quantidade de pessoas sem-teto diminui e ainda dá utilidade ao imóvel".

O Recife tem, atualmente, 33 zonas e 258 imóveis especiais sob preservação. Desse total, cerca de 100 já receberam notificações ou multas no período de um ano. Segundo o secretário de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre, ainda há muito o que mudar na consciência dos proprietários sobre a importância de respeitar os patrimônios materiais. “É a preservação desses espaços que constrói o laço afetivo do cidadão com o lugar onde mora”, declarou o gestor.

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