Perimetral Norte Moradores e catadores protestam contra desativação do Lixão de Aguazinha Depois de liberar a via, os manifestantes seguiram para a prefeitura, mas prometeram realizar novo ato às 18h

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 09/08/2017 07:52 Atualizado em: 09/08/2017 10:43

Moradores e catadores protestam contra desativação do Lixão de Aguazinha. Foto: Manuela Cavalcanti/ Esp. DP
Moradores e catadores protestam contra desativação do Lixão de Aguazinha. Foto: Manuela Cavalcanti/ Esp. DP

Moradores e catadores de resíduos sólidos que atuam no Aterro Sanitário de Aguazinha, em Olinda, fecharam na manhã desta quarta-feira a Avenida Segunda Perimetral Norte, via que dá acesso ao aterro. Eles protestam contra a decisão da prefeitura de encerrar as atividades do aterro, atendendo a determinação da Agência Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH).

Um grande congestionamento foi formado no local e uma grande nuvem de fumaça preta já pode ser vista de longe. Os manifestantes se queixam que a prefeitura não fez o cadastramento das famílias que vivem na área e que dependem da coleta de resíduos para sobreviver e exigem alternativas de trabalho para os catadores. Depois de liberar a via, os manifestantes seguiram para a prefeitura, mas prometeram realizar novo ato às 18h de hoje. 

 

Após três décadas de uso e impactos ambientais, o lixão de Aguazinha, em Olinda, vai encerrar todas as suas atividades hoje. As 400 toneladas de lixo que eram recolhidas diariamente no local serão transportadas para o aterro sanitário da Central de Tratamento de Resíduos no município de Igarassu. O plano é que o material seja levado em 20 caminhões até Paulista e, de lá, siga em quatro carretas ao destino final.

Em três meses, essa operação custará R$ 1,3 milhão aos cofres municipais. Após esse período, a prefeitura espera que o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE) decida a melhor solução, mas o prazo poderá ser prorrogado por até 180 dias. Na visão do secretário de Serviços Públicos, Evandro Avelar, a única opção será a licitação.

Sem dispor de tratamento de reíduos, o aterro provocou a contaminação do solo por chorume, que também atingiu o Rio Beberibe e o mar. Um plano de recomposição de Aguazinha será apresentado pela prefeitura à Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), que determinou o fechamento do local, visando a recuperação ambiental da área.

Nos últimos dois anos Aguazinha funcionava apenas como transbordo, local onde o lixo coletado é transferido para carretas e, de lá, segue para os seus destinos finais. Retirar os 120 milhões de toneladas acumuladas no lixão deve levar pelo menos dois anos e custar R$ 20 millhões. “Esperamos que o melhor seja feito”, disse Avelar sobre a decisão que o TCE.

A Prefeitura de Olinda informou que foram cadastradas, em um programa social, 73 pessoas que tiram seu sustento através da coleta no lixão. Segundo o prefeito Professor Lupércio, serão oferecidas oportunidades que vão garantir a inclusão social e e profissional desses olindenses. Haverá cursos de capacitação, acompanhamento médico e possibilidade de inscrição em outros programas sociais municipais e federais. O prefeito do município afirmou que os trabalhadores também poderão passar a atuar na coleta seletiva do município. A Secretaria de Educação de Olinda fará um levantamento para verificar se alguma criança está fora da escola, a fim de combater a exploração do trabalho infantil.

No local, trabalhadores afirmam que o número total seria superior a 500 catadores. Paulo (nome fictício), 35, recolhe papelão de domingo a domingo no lixão há cinco anos. Ele é casado e mora de aluguel em um casebre do outro lado da rua, com seus nove filhos. “Eu vivo do lixo dos outros. Sustento minha família assim”, desabafou o homem, que afirma não estar cadastrado. “Se me tirassem o trabalho e me dessem um emprego, eu não reclamaria”, reivindicou.

Por causa da demora para encerrar as atividades no lixão, Olinda chegou a ser multada em R$ 790 mil, entre 2015 e 2016, pela CPRH. Também deixaram de ser arrecadados cerca de R$ 6 milhões por ano, no mesmo período, em ICMS Ambiental.



MAIS NOTÍCIAS DO CANAL