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São João Procissão dos Santos Juninos movimenta bairro de Casa Amarela Cortejo fez trajeto do Morro da Conceição até o Sítio da Trindade

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 18/06/2017 22:38 Atualizado em: 18/06/2017 22:42

Procissão foi acompanhada por 19 bandeiras juninas. Foto: Nando Chiappetta/DP
Procissão foi acompanhada por 19 bandeiras juninas. Foto: Nando Chiappetta/DP

Ainda que o nome da festa não deixe qualquer dúvida sobre a sua origem, o lado religioso do São João por vezes é menos lembrado do que outros elementos típicos, das comidas às músicas. Esse aspecto sacro da celebração é o mote da Procissão dos Santos Juninos, realizada na noite deste domingo, em Casa Amarela, Zona Norte do Recife. Em sua décima edição, o evento organizado pela prefeitura da cidade teve cortejo percorrendo diversas ruas do bairro, em percurso que teve início na Morro da Conceição, com destino ao Sítio da Trindade.

"O São João, antes de ser uma festa popular, é uma festa religiosa", enfatiza o padre Renato Azevedo, pároco da matriz da Nossa Senhora da Conceição. Embora a celebração seja originalmente ligada uma comemoração pagã, o período junino ganhou contornos religiosos em países como Portugal e incorporou outros santos, a exemplo de São Paulo, São Pedro e Santo Antônio. "E São José, na tradição nordestina, é associado à boa colheita do milho", acrescenta Azevedo sobre os tons regionais do festejo. O sacerdote foi responsável pela benção e saudação às 19 bandeiras que participaram do trajeto.

Presente à igreja no início do desfile, a aposentada Neide Salomão era uma das poucas pessoas de fora das agremiações juninas a acompanhar o início da procissão, composta essencialmente por integrantes das bandeiras e músicos. "Adoro São João e, para mim, quanto mais tradicional, melhor. Aqui, parece festa de interior", diz, enfatizando não gostar das grandes aglomerações e ter predileção por música de grupos de forró pé de serra.

Com bandeiras juninas de vários municípios da Região Metropolitana do Recife, o cortejo foi acompanhado também pela banda Vereda Tropical, executando hinos sacros e dobrados durante o percurso. A partir da Rua da Harmonia, a Forrovioca e Trio Pé de Serra Forró Luado reforçaram o lado profano do ciclo junino, seguindo o folguedo até o Sítio da Trindade. A programação no local incluiu, ainda, o espetáculo Quero ver paiá voá, sobre a história dos festejos juninos, e apresentações musicais na Sala de Reboco instalada no local.

Para além do forró, ouviu-se também o som dos bacamartes, com a presença de integrantes da Associação de Bacamarteiros de Pernambuco. Moradora do Cabo de Santo Agostinho, no litoral sul do estado, a dona de casa Adenir de Lourdes, é uma das integrantes do grupo há oito anos e empunha com orgulho a arma durante todo o trajeto. Embora até hoje alguns grupos não permitam a entrada de mulheres, Lourdes ingressou à convite de uma amiga que já fazia parte das fileiras. Quando perguntada sobre o impacto ao atirar, diz não se incomodar mais com o tranco nem com eventuais queimaduras decorrentes da pólvora, que deixou cicatrizes em ambas as mãos.

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