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Educação Encontro ressalta necessidade de adaptar os livros didáticos e paradidáticos à realidade da região

Por: Anamaria Nascimento

Publicado em: 14/06/2017 07:54 Atualizado em:

Os estudantes do semiárido brasileiro não se veem nos livros didáticos e paradidáticos com os quais estudam. As representações nas obras usadas em salas de aula não contemplam a diversidade do país, pois a maioria dos livros é produzida pensando no Sul e no Sudeste urbanos. A constatação foi feita no eveznto Semiárido e Educação: ontem, hoje e perspectivas, promovido pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

O encontro, que aconteceu na cidade de Juazeiro, Bahia, terminou ontem, estabelecendo como meta a criação de materiais didáticos que contextualizem o semiárido e valorizem a cultura local. Metade dos nove estados do Nordeste tem mais de 85% de sua área caracterizada como semiárida. Pernambuco tem 88% do território (122 municípios, do Sertão e Agreste) marcado pela aridez do clima.
Com população de 24 milhões de pessoas em todo o país, sendo mais de 40% de crianças e adolescentes de até 17 anos, o semiárido não tem material didático voltado à sua realidade. “É necessário que seja produzido um material que contextualize o semiárido e seja elaborado por autores da região”, pontuou a pesquisadora da Fundaj Edilene Pinto.

O financiamento e a elaboração de livros foram dois dos pontos elencados na carta de compromisso elaborada no evento e entregue ao Ministério da Educação (MEC). “O que precisa de financiamento provavelmente não será atendido neste ano, mas entrará no planejamento de 2018”, garantiu a coordenadora de Políticas de Educação do Campo do MEC, Divina Bastos.

Quinze experiências exitosas em educação no semiárido foram apresentadas no evento realizado em parceria com a Universidade do Vale do São Francisco (Univasf) e a Rede de Educação do Semiárido Brasileiro (Resab). O objetivo do encontro foi criar uma política pública para repensar a educação em áreas caracterizadas pela baixa umidade e falta de chuva.

Entre as iniciativas apresentada estava o projeto Cisterna nas Escolas, que já beneficiou unidades de ensino de 41 cidades pernambucanas. A ação, realizada pela Articulação Semiárido Brasileiro, visa levar água para escolas rurais usando reservatórios de 52 mil litros como tecnologia social para armazenamento da água de chuva.

“Mapear experiências foi nosso principal objetivo. A partir disso, disparamos o processo de mediação entre a sociedade civil e o MEC. A elaboração do documento preliminar serve para que ações sejam tomadas em relação à educação no semiárido”, pontuou a coordenadora do evento, Janirza de Rocha Lima, pesquisadora da Fundaj.

As propostas entregues ao MEC têm diretrizes de curto, médio e longo prazo. São 15 tópicos, que buscam educação contextualizada para a convivência com o semiárido; formação continuada de professores; produção de material didático e paradidático e uso de tecnologias sociais aplicadas à região.

Entre os tópicos estão assegurar o financiamento público para a educação básica; fazer diagnóstico de experiências já realizadas; articular universidades para programas de formação e criar linha de financiamento para material didático e paradidático. O andamento das metas deve ser analisadas em 2019, na próxima edição do evento.

* A repórter viajou a convite da Fundaj

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