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Feminismo Mulheres vão às ruas pelo fim do feminicídio na Marcha das Vadias Sétima edição da passeata teve como mote "Feminismo é revolução" e reivindicou o extermínio da violência de gênero e direitos trabalhistas

Por: Matheus Rangel

Publicado em: 27/05/2017 19:35 Atualizado em: 27/05/2017 19:43

 O evento, cujo mote foi "Feminismo é revolução", reuniu manifestantes em concentração na Praça do Derby na tarde de ontem com confecção de cartazes e apresentações artísticas. Fotos: Shilton Araujo/Esp.DP
O evento, cujo mote foi "Feminismo é revolução", reuniu manifestantes em concentração na Praça do Derby na tarde de ontem com confecção de cartazes e apresentações artísticas. Fotos: Shilton Araujo/Esp.DP

O fim da violência de gênero, a extinção do feminicídio e a retirada de direitos trabalhistas foram as três grandes pautas reivindicadas na sétima edição da Marcha das Vadias em Pernambuco. O evento, cujo mote foi "Feminismo é revolução", reuniu manifestantes em concentração na Praça do Derby na tarde deste sábado (27) com confecção de cartazes e apresentações artísticas. A passeata seguiu pela avenida Conde da Boa Vista e se encerrou nas imediações da rua da Aurora. "Marchamos pelos números alarmantes de mulheres mortas pelo feminicídio, contra o sexismo e o racismo e pelo retrocesso político a respeito dos direitos trabalhistas nos quais as mulheres são afetadas de uma forma violenta", define Amanda Timóteo da Silva, uma das organizadoras do movimento. De acordo com levantamento da Datafolha, 503 mulheres foram vítimas de violência física a cada hora no Brasil em 2016, sendo que 36% das vítimas é negra. 

A inserção da pauta racial dentro da luta feminista ainda é recente, segundo Amanda, mas se revela cada vez mais necessária à luz dos dados negativos. Foi essa urgência no debate sobre o feminismo negro que inspirou a artista transexual Perlla Ranielly, de 20 anos, na performance intitulada Carne negra, apresentada por ela no protesto. "Tudo foi criado pela minha vivência, quando saí de casa aos 14 anos para me prostituir por não ter o auxílio da minha família, então busquei a arte como cano de escape para me fortalecer e hoje vivo da minha performance", revela Perlla. 

A Marcha das Vadias foi idealizada em 2011 no Canadá sob o nome de "Slutwalk" depois que um policial pediu que mulheres não se vestissem como "vadias" para evitar assédios. A partir de então, mobilizações se formaram em todo o mundo para exigir o fim da culpabilização da mulher na violência de gênero e ressignificar a palavra vadia. "Acredito que é sobre sempre colocar em evidência esse discurso sobre a questão da roupa, sobretudo no Recife, que é uma cidade quente. É um absurdo termos que ficar pensando na roupa que vamos usar na hora de sair porque passamos sempre por situações de assédio", aponta Thaís Cavalcante, de 24 anos. Ainda segundo os dados levantados pela Datafolha, 20,4 milhões de mulheres receberam comentários desrespeitosos ao andar na rua, 5,2 milhões já sofreram assédio em transportes públicos e 2,2 milhões foram agarradas ou beijadas sem consentimento só no ano passado. 

Renata Santos, 33, levou os filhos, de 2 e 7 anos, para a passeata. Ela acredita que a seriedade dos assuntos tratados precisam ser encarados desde cedo pelos pequenos: "É importante para que no futuro tenhamos uma sociedade mais igualitária". A filha mais velha, Júlia, concorda com a mãe. “Quero ajudar as mulheres a serem livres para ser o que elas quiserem. Mulheres são iguais aos homens e são seres humanos, então precisam ser respeitadas”, diz, segurando um cartaz em que se lê "Temos a liberdade de ser quem somos". 



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