Saúde Pernambuco teve 58 casos de complicações após arboviroses em 2016

Publicado em: 17/05/2017 10:13 Atualizado em: 17/05/2017 10:45

As doenças neuroinvasivas são uma das manifestações atípicas e graves esperadas após a infecção por arboviroses, principalmente por chikungunya. Sua ocorrência, em baixa magnitude, é esperada em situação de epidemias dessas enfermidades, tendo sido relatado em diversos locais onde houve esse contexto. Características individuais dos pacientes, entre outros fatores, influenciam na sua ocorrência.

Durante todo o ano de 2016, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) notificou 120 casos dessas doenças neuroinvasivas que poderiam estar relacionadas a infecções prévias por alguma das arboviroses. Desse total, 58 (48,3%) são prováveis após o adoecimento por chikungunya e/ou dengue, 26 foram descartados para todas as arboviroses (21,7%), 31 foram inconclusivos (25,8%) e 5 continuam em investigação (4,2%). Não há registros positivos para zika. 

As notificações, obrigatórias no Estado desde maio de 2016, foram realizadas pelas três unidades sentinelas para esse agravo: hospitais da Restauração (102 // 85%) e Correia Picanço (12 // 10%), no Recife, além do Mestre Vitalino (6 // 5%), em Caruaru. A maior parte dos casos - 77 (64%) - ocorreu entre 29 de maio e 3 de dezembro de 2016, período que já apresentava uma baixa nas notificações das arboviroses. 

"Em 2015, tivemos os primeiros relatos de casos de doenças neuroinvasivas relacionadas às arboviroses. Naquele ano, algumas ocorrências foram relacionadas à introdução do vírus zika e, a partir de 2016, também ao chikungunya. Além de estamos sensíveis a esse tipo de ocorrência, precisamos continuar reforçando com a população a importância de evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Só assim vamos prevenir as três arboviroses e os quadros neurológicos relacionados", afirma o coordenador de Síndromes Congênitas e Neurológicas relacionadas às Arboviroses da SES, Jadson Galindo.

Dos 58 casos de doenças neuroinvasivas prováveis para infecção por arboviroses, 5 tiveram resultado laboratorial positivo (RT-PCR) de infecção recente por chikungunya (até 10 dias do início da infecção). Os demais 53 tiveram resultado laboratorial positivo para chikungunya e/ou dengue pelo método de sorologia, que localiza o anticorpo presente no organismo para aquele vírus e que, normalmente, é detectável a partir do 10º dia após a infecção.

Em 2016, Pernambuco confirmou 59 mil casos das três arboviroses. Quando relacionado com os dados das neuroinvasivas, percebe-se que os 58 casos prováveis correspondem a 0,09% do total de confirmações das arboviroses.

DADOS
– Dos 120 casos notificados, 40 (33,3%) tiveram como hipótese diagnóstica a síndrome de Guillain-Barré (SGB), doença neurológica autoimune que pode estar associada a infecções virais e causar fraquezas e paralisias que costumam começar pelos membros inferiores e podem atingir as vias respiratórias. Também foram registradas 21 ocorrências para mielite (17,5%), 17 para meningoencefalite (14,2%) e 17 para encefalite (14,2%). Algumas ocorrências tiveram mais de uma hipótese diagnóstica: 3 para mielite e SGB (2,5%), 1 para SGB e encéfalo mielite aguda disseminada (0,8%), 1 para SGB e mieloradiculite (0,8%), entre outros.

Em relação ao sexo, 61 das notificações foi em mulheres (50,9%) e 59 em homens (49,1%). Já em relação à idade, 33 casos foram em idosos (27,5%), 25 em crianças até 9 anos (20,8%) e 50 em adultos entre 20 e 59 anos (41,6%). "Os principais sintomas dos pacientes com síndrome neuroinvasiva foram alterações motoras, de consciência, de comportamento e no andar. Se alguém com quadro anterior para arbovirose sentir essa sintomatologia, é essencial procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo de casa, que fará o encaminhamento para as unidades de referência", reforça Galindo.

Dos 120 casos notificados de doença neuroinvasiva relacionada às arboviroses em 2016, 16 foram a óbito. Desses, seis foram notificados para síndrome de Guillain-Barré, quatro para encefalite, três para meningoencefalite e três por outras doenças neuroinvasivas.

A média de tempo decorrido entre infecção prévia por arbovirose e o início do quadro neurológico foi de 8,5 dias. Atualmente, a notificação é obrigatória nas três unidades sentinelas (HR, Correia Picanço e Mestre Vitalino) quando há infecção prévia por arbovirose e início dos sintomas neurológicos até 60 dias depois.

O QUE É – Doença Neuroinvasiva se caracteriza pela infecção de um vírus neurotrópico (com afinidade pelo tecido nervoso), capaz de acessar o sistema nervoso central ou periférico e causar quadros patológicos, como Síndrome de Guillain-Barré (SGB), mielite, mielorradiculite, encefalites entre outras.

Estas doenças geralmente se caracterizam pelo início agudo de febre, com rigidez de nuca, alteração do estado mental, convulsões, fraqueza muscular. A SGB é uma das manifestações neurológicas mais comuns nesses casos relacionados à arbovírus.

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