Violência Professora é agredida após recusar cantada no Derby Relato do crime nas redes sociais já obteve mais de 30 mil curtidas e mais de oito mil compartilhamentos

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 13/09/2016 09:00 Atualizado em: 13/09/2016 11:31

Trio abordou Brunna e um dos agressores a atingiu no rosto. Foto: Reprodução / Facebook
Trio abordou Brunna e um dos agressores a atingiu no rosto. Foto: Reprodução / Facebook
Assustadas com os casos recentes de estupros e assassinato registrados no Recife, as mulheres se sentem cada vez mais inseguras ao percorrer as ruas da cidade, seja de dia ou à noite. A denúncia tem sido uma arma utilizada para tentar barrar o aumento da violência.

Foi o que fez a professora Brunna Dias Ribeiro, de 19 anos. Na sexta-feira passada, ela voltava do trabalho para casa quando, ao passar pela Praça do Derby, área central do Recife, foi abordada por um grupo de três rapazes que começaram a lhe dirigir palavras de conotação sexual. Sem dar atenção às "cantadas", a jovem seguiu caminho, quando um dos homens se aproximou e a agrediu com um soco no rosto, na altura do olho direito. No chão, a vítima foi mais uma vez estapeada. O trio também revirou a bolsa de Bruna no chão e fugiu levando alguns pertences. A professora choca-se, ainda, com a falta de solidariedade das pessoas, que não a ajudaram ou detiveram os agressores e com a banalização da violência contra a mulher.

Pelas redes sociais, em sua página pessoal no Facebook, Bruna expôs sua denúncia e protesto. O relato já obteve mais de 30 mil curtidas e mais de oito mil compartilhamentos.
Confira o texto na íntegra: 

Aconteceu de novo. Mais uma mulher foi agredida e dessa vez fui eu. Atacada e assaltada. Estava nas imediações da praça do derby na tarde de hoje, caminhando, quando meu caminho se cruza com o de três rapazes e um deles resolve soltar "gracinhas" para mim. Aquelas "gracinhas" normais, coisa de homem, sabe? Só que não! Coisa de macho escroto e machista, que acha que a mulher tem que responder e gostar dessas nojeiras. O deixei falando sozinho e segui em frente, não respondendo às gracinhas. Ele não se contentou e me abordou, se aproximou de mim e me deu um soco muito forte no rosto. Caí no chão. Ele achou pouco e me bateu novamente. Sacudiu todo o conteúdo da minha bolsa no chão, roubou todo o dinheiro que estava na minha carteira e depois saiu correndo com os outros dois rapazes. Ninguém fez nada. Ninguém me ajudou. Estava sozinha e atônita. Absolutamente sozinha, no chão e juntando todas as minhas coisas. Só lembro de ter ouvido um dos rapazes gritar: "ei, meu irmão, tas doido, é?". A sensação de impotência é absoluta. Já estamos "acostumadas" a receber esse tipo de gracinha, não imaginava que ele iria tão longe, mas isso acontece todos os dias. Todo santo dia algum homem passa dos limites e agride ou mata uma mulher. Todo santo dia a gente assiste calado ao vizinho que bate na mulher, ao sobrinho que grita com a namorada, ao pai que bate na esposa. Todo santo dia. E eu to cansada dessa merda toda! E essa foi a minha vez. Não me sinto mais segura em nenhum lugar dessa cidade. Não me sinto segura com homem nenhum.

Em choque, a estudante de letras na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e professora de português, redação e literatura em um colégio particular do Recife prestou queixa pela internet. De acordo com o delegado Derivaldo Falcão, titular da Delegacia Interativa e de Crimes Cibernéticos, a vítima precisa pegar o boletim de ocorrência (BO) gerado pela queixa virtual e seguir até a delegacia mais próxima ao local da ocorrência, no caso, a Delegacia da Boa Vista. "Só assim a polícia vai poder dar início às investigações, pedir imagens de câmeras de segurança e tentar identificar e prender os suspeitos", orientou.

 

 


 

 



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