A Polícia Federal em Pernambuco esclareceu, na manhã desta sexta-feira, que detento José Ivanilson Dias Gomes, de 39 anos, foragido da Penitenciária Estadual Desembargador Francisco Pereira Nóbrega, o Pereirão, em Caicó mo Rio Grande do Norte, não teve participação na morte do Promotor de Itaíba Thiago Farias e nem conhecia os demais envolvidos no caso. O preso escapou na madrugada de ontem, juntamente com mais 15 detentos, por meio de um túnel de aproximadamente 30 metros de extensão, escavado sobre um terreno rochoso.

Ainda segundo a PF, a prisão de José Ivanilson aconteceu dentro das investigações que apurou a morte do promotor. Ele passou a ser alvo das investigações após ter sido detectado como suspeito de um assalto aos Correios no Rio Grande do Norte, utilizando um documento de identidade falso com os dados qualificativos do promotor de Justiça, Thiago Farias.

Ivanilson foi detido no dia seis de dezembro de 2014, quando estava no bar de propriedade da mãe dele, no município de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, em cumprimento a um mandado de prisão temporária expedido pela 36ª Vara Federal. Como estava em poder de um revólver calibre 38, foi autuado por porte ilegal de arma de fogo e uso de documento falso. Caso seja condenado, pode pegar pena que varia de dois a 12 anos de reclusão. Na casa da mãe ele, foram apreendidos na ocasião três aparelhos de telefone celular.

No entanto, durante as investigações, ficou constatado que ele não participou do crime e, por isso, não foi indiciado ou muito menos denunciado pela Justiça Federal. A polícia acredita que ele estava utilizando uma identidade falsa com os dados do promotor para não ser identificado em blitze policiais por estar envolvido em uma série de assaltos e crimes contra o patrimônio. No Rio Grande do Norte, ele respondia por um assalto à agência dos Correios, por uso de documento falso e porte ilegal de arma de fogo.

Encaminhado na época para a sede da Polícia Federal em Pernambuco, ele foi  ouvido em inquérito policial pelo delegado lexandre Alves e depois recambiado para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), de onde foi transferido para Penitenciária Estadual Desembargador Francisco Pereira Nóbrega. Como as investigações correm sob segredo de justiça, não pode ser fornecido nenhum esclarecimento sob o teor do depoimento.

Morte do promotor - Enquanto isso, cotinuam as investigações sobre a morte do promotor Thiago Faria. Os trabalhos deixaram claro que a motivação do crime seria uma discórdia sobre a posse da Fazenda Nova, que fica em Águas Belas, também no Agreste de Pernambuco.

José Maria Pedro Rosendo Barbosa, o posseiro das terras, teve de deixar o local depois de uma ação judicial. Por causa de uma dívida trabalhista na Justiça Federal, Mysheva Martins conseguiu comprar a sede da fazenda. Nesse processo, ela teria recebido ajuda do noivo, o promotor Thiago Faria. Na desapropriação, ele esteve na fazenda com um oficial de Justiça. Irritado com o caso, José Maria Pedro Rosendo Barbosa, segundo a polícia, teria encomendado a execução do promotor ao cunhado, Edmacy Cruz Ubirajara, que esteve preso e foi solto no dia 18 de dezembro.

O promotor estava acompanhado da noiva, Mysheva Martins, e do tio dela, quando dirigia pela PE-300, no município de Itaíba, no dia 14 de outubro de 2013. Segundo simulação ocorrida em 23 de dezembro, os três foram perseguidos por um carro. O homem que estava no banco de trás desse veículo atirou com uma espingarda 12, acertando o promotor. Mysheva saiu do carro do noivo e se protegeu no barranco; o tio dela também saiu do veículo e andou pelo acostamento. Os atiradores voltaram e o homem que estava atrás atirou outras três vezes, antes de deixar o local do crime. Mysheva e o tio escaparam ilesos.