Hoje Campanha para travestis e transexuais no Dia Nacional do Orgulho LGBT Objetivo é ampliar o acesso ao teste rápido do HIV para essa população

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 28/06/2016 07:22 Atualizado em: 28/06/2016 07:32

Pernambuco dará hoje, Dia Nacional do Orgulho LGBT, mais um passo na busca da garantia de um acesso digno aos serviços de saúde para travestis e transexuais. Em parceria com a organização não-governamental internacional Aids Healthcare Foundation (AHF) e com entidades locais, o estado lançará, às 10h, a campanha Fazer o teste para o HIV é um direito de todas as pessoas, para ampliar o acesso à testagem rápida para essa população. Também será finalizado o protocolo para ofertar hormônios para as transexuais transgenitalizadas. A medicação estará disponível na rede até o fim deste ano.
A campanha faz parte das atividades da Política de Atenção à Saúde Integral LGBT, lançada em junho do ano passado. Durante um mês, uma Van percorrerá pontos de encontro dessa população, bairros e estabelecimentos que costumam concentrar lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais para incentivar a realização do teste de HIV. Também serão feitas atividades educativas com os profissionais de saúde e serão distribuídos materiais visuais para todas as unidades estaduais e municipais.

“O objetivo é fazer com que elas procurem mais as unidades, pois o direito de fazer a testagem deve ser garantido a todas as pessoas. Reforçar a criação do vínculo com o serviço para não somente fazer o exame de HIV, mas cuidar da saúde como um todos. Assim, a pessoa irá procurar o serviço como prevenção, antes de ficar doente”, explicou o o coordenador de Saúde Integral da População LGBT da SES, Jair Brandão.

Não existem dados específicos em Pernambuco sobre Aids em travestis e transexuais, mas foram notificados à SES, entre 2010 e 2015, em homossexuais e bissexuais 1.390 casos de Aids em homens e 50 casos em mulheres, totalizando 1.440 casos nesse público (considerando os maiores de 13 anos de idade). Desse total, acredita-se que 10% são de transexuais. No mesmo período, na população geral a partir da mesma idade, foram 8.326 casos. O programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) calcula que em todo o mundo 19% das transexuais femininas vivam com HIV.

A falta de estatísticas específicas ocorre, sobretudo, porque a procura dessa população pelos serviços de saúde ainda é considerada baixa. O preconceito e o estigma são os maiores empecilhos. “Acontece que muitas vezes elas são maltratadas ao chegar, como o desrespeito ao nome social. Por causa disso, o espelho é de que elas não voltam”, exemplifica a assessora de programas da Gestos, Juliana César.

Durante a campanha, também será trabalhada a qualificação do acolhimento nos serviços de saúde. Vídeos serão transmitidos nos postos para os profissionais. “A campanha não existe porque tem mais HIV nessa população, mas porque é preciso criar um ambiente favorável para o acesso dela à saúde. Resolvemos trazê-la a Pernambuco porque, infelizmente, o estado ainda tem altos índices de violência contra essas pessoas”, afirmou a diretora da AHF no Brasil, Cristina Raposo. A campanha é estrelada por travestis e transexuais.

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