Consciência negra Mulheres negras marcham contra o Brasil racista Mulheres de todo país prometem marcar o Dia da Consciência Negra, na próxima sexta, com um grito coletivo pelo fim do preconceito, da violência cotidiana e da desigualdade social

Publicado em: 18/11/2015 10:04 Atualizado em: 18/11/2015 16:46

“Contra o racismo, a violência e pelo bem viver”. Inspiradas por esse lema, milhares de mulheres negras marcharão nesta quarta-feira, dois dias antes do Dia da Consciência Negra, em direção à Brasília, gritando por mais visibilidade e respeito. Historicamente subjugadas e sem direito a voz, as negras são o símbolo maior da vulnerabilidade em uma sociedade machista e racista. Na primeira Marcha das Mulheres Negras, o protagonismo é delas.

“Mulheres negras empoderadas, discutindo, indo para rua dizer que estamos aqui e não damos um passo para trás”, resume a pernambucana membro do Comitê Estadual do evento, Piedade Marques, que destaca o papel principal da mulher negra, mas fala da importância de ampliar o debate. “O protagonismo sim, é nosso, mas a discussão é de toda a sociedade”, defende.

Ilustração Jarbas/Arte DP/ D.A.Press
Ilustração Jarbas/Arte DP/ D.A.Press

O evento acontece após dois anos de articulação entre estados, municípios e movimentos sociais. Ignoradas e minimizadas enquanto sujeitos políticos, as mulheres negras buscam uma ressignificação de sua figura nos espaços de debate e construção de políticas públicas. Muitas vezes invisibilizadas dentro do movimento de mulheres e também no movimento negro, elas apostam na marcha para provocar a mudança de um cenário que soma preconceitos e desigualdade. “A marcha vem para dar a cara da negra brasileira na construção de um país democrático, participativo”, frisa Piedade.

Entre as questões que serão debatidas em Brasília estão o extermínio da juventude negra, o feminicídio de mulheres negras, o racismo e a violência cotidiana. À espera de repercussões consistentes e positivas, a organização do evento, que possui comitês em praticamente todos os estados do país, já comemora a ampla articulação nacional para a marcha. “O protagonismo já é algo muito importante e a gente quer garantir essa visibilidade no cenário político”, explica a pernambucana, para quem a marcha para Brasília significa o marco de um novo momento.

A concentração das pernambucanas para a marcha começou às 8h30 da manha desta quarta, no Ginásio Nilson Nelson, e seguiu rumo ao Eixo Monumental e o Congresso Nacional. O evento será encerrado com um show das Mulheres Negras Pelo Bem Viver.

Também nesta quarta, a presidente Dilma Rousseff receberá representantes de movimentos sociais que a entregarão um manifesto cobrando, entre outras demandas, medidas urgentes para redução da mortalidade feminina.



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